A história da Velhinha e das Raposas
Por: Hugo Moura Vieira • 2/1/2019 • Abstract • 1.399 Palavras (6 Páginas) • 284 Visualizações
A história da Velhinha e das Raposas
(adaptação para teatro)
[pic 2]
Personagens
Kinoko, a Velhinha
Viajante/Pai-Raposão
Mulher do Viajante/Mãe-Raposão
Filho 1/Raposinha
Filho 2/Raposinha
Filho 3/Raposinha
Filha 1/Raposinha
Filha 2 (doente)/Raposinha
Viajante 1
Viajante 2
Viajante 3 (o Bêbado)
Narrador
Tradução de termos/saudações:
Kon’nichiwa: Olá; Domou Arigatou: Obrigado!; Saké: bebida fermentada tradicional do
Japão, fabricada pela fermentação do arroz; Sayonara: Adeus!; Matane: Até logo; Kinoko-san: Dona Kinoko
(A Velhinha está no palco a preparar um chá. Coloca água num bule, arranja uns bolinhos dispostos numa banca. Enquanto isso, o Coro entoa a primeira canção. Findada a canção, entra o narrador)
Narrador: Foi há muito, muito tempo… no Japão… Havia uma casa de chá ao pé da montanha onde uma velha vivia só. E todos os dias ela fazia bolos de arroz muito saborosos para os viajantes que por ali passavam.
(Entram os viajantes)
Viajante 1: Kon’nichiwa, Dona Kinoko! Há bolinhos de arroz?
Kinoko: Pois claro, meu jovem!
Viajante 2: E chazinho?
Kinoko: Acabadinho de fazer!
Viajante 3 (visivelmente ébrio): E sa-a-a… E saaaaaaa… E saaaaa Viajante 1 e 2: Quê?
Viajante 3: Sim! Há saké?!
Kinoko (rindo): Ai, ai, ai! Nada de bebidas alcoólicas! Só chá!
(Os viajantes sentam-se, comem e bebem. O Viajante 3 tenta beber, mas não consegue, dada a embriaguez. Adormece)
Viajante 1: Uma maravilha, Dona Kinoko!
Viajante 2: Ninguém faz bolinhos de arroz como a Kinoko-san!
Kinoko: Domou arigatou!
Viajante 1: Nós é que agradecemos!
Viajante 2: Bem, é hora de partir! Vamos indo!
Kinoko: Sayonara! Boa viagem!
Viajante 3 (acorda sobressaltado): Saké?!
Viajante 1: Não, não há saké! Vamos embora!
(Os viajantes 1 e 2 ajudam o 3 a levantar-se. Despedem-se [à maneira japonesa: mãos juntas e vénia] da Dona Kinoko e saem de palco. Esta vai limpando a mesa).
Kinoko (olhando para cima): Está quase a chegar o Inverno. Não tarda nada começa a nevar…
(A Velhinha entra em casa. Começa a nevar. Volta a aparecer. Limpa a neve em frente à casa)
Kinoko: Ai, ai… Tanta neve. Primeiro limpo isto e só depois faço o chá e os bolinhos… Este trabalho é muito pesado para a minha idade. Estou cheia de dores nas costas…
(O Coro entoa a canção 2. Chega a noite. A Velhinha está em casa a descansar. Alguém chega e bate à porta)
Kinoko: Quem será que vem aqui, a estas horas da noite?
(Vai à porta. É um viajante)
Viajante: Oyasumi, Dona Kinoko!
Kinoko: Boa noite para si também…
Viajante: Avozinha, preciso muito da sua ajuda. Uma das minhas filhas adoeceu de repente. Está mesmo muito mal. Preciso de encontrar quem a trate.
Kinoko: O problema é que não existe nenhum médico aqui ao pé da montanha.
Viajante: Não sei o que fazer. É a mais nova de todos os meus cinco filhos e está cheia de febre e muito fraquinha.
Kinoko: Já lhe deu algum remédio?
Viajante (muito preocupado e triste): Não, não temos nada para lhe dar.
Kinoko: Então, vai ferver estas ervas medicinais para ela beber. A febre irá baixar e a sua filha voltará a ficar boa. Mas gostavas que eu fosse a tua casa para preparar o remédio?
Viajante: Domou Arigatou, Kinoko-san! É muito gentil! Vivemos no alto da montanha, venha atrás de mim.
(A Velhinha vai buscar um agasalho e uma lanterna [de vela]. Partem os dois sob uma intensa tempestade. Saem do palco. Ouve-se o diálogo seguinte em voz-off)
Kinoko: A lanterna! O vento apagou a chama! Sem luz, não consigo ver onde ponho os pés!
Viajante: Não se preocupe, avozinha. Eu levo-a às minhas costas!
Kinoko: Estou surpreendida como consegue ver tão bem no meio de tanta escuridão!
Viajante: Ah, sim… Pois…
Narrador: Eis, meus senhores, que Dona Kinoko e o misterioso viajante chegam a casa do homem.
(Entram a mãe e os 4 irmãos com a menina doente do lado esquerdo do palco. Simultaneamente, entra a velhinha e o viajante. Os irmãos ajudam a menina doente a andar. Cumprimentam todos a velhinha [maneira japonesa]. Só a menina doente é que se sentou)
Kinoko: Mãos à obra!
(Prepara o chá. A velhinha aproxima-se da menina doente)
Kinoko: Bebe isto e vais sentir-te melhor.
(O coro entoa outra canção. Enquanto canta, vê-se a velhinha a cuidar da criança durante toda a noite até o sol nascer. Vai-lhe dando o chá, coloca panos fresco na testa. Ouve-se um galo cantar. Toda a gente estava a dormir, menos a velhinha. A menina que estava doente acorda. Abraça a velhinha. Toda a gente acorda)
Viajante: Ah, já estás melhor! Prestou-nos um grande favor, Kinoko-san!
(O viajante e a sua mulher curvam-se respeitosamente)
Mulher do viajante: Somos muito pobres, mas gostávamos de lhe dar alguma coisa em troca da ajuda que recebemos.
Kinoko: Não se preocupem. Fico feliz por a criança estar melhor.
Mulher do viajante: Nunca esqueceremos a sua bondade.
Filhos (menos a menina doente): Mãe, podemos levar a Kinoko-san a casa?
Mulher do viajante: Claro que sim! É o mínimo que podemos fazer!
Kinoko: Sayonara!
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