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Administração Japonesa

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Por:   •  29/4/2014  •  4.251 Palavras (18 Páginas)  •  367 Visualizações

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ADMINISTRAÇÃO JAPONESA

INTRODUÇÃO

A administração japonesa poderia ser classificada como um modelo de gestão fortemente embasado na participação direta dos funcionários. Em especial participação na produtividade e eficiência voltada para a tarefa, do que na linha gerencial das relações e desenvolvimento humanos desenvolvida e implementada principalmente pelos americanos. Porém, as peculiaridades da administração japonesa merecem uma discussão mais profunda porque os índices de produtividade japoneses superaram os da maioria dos países ocidentais, a partir da década de 70 e também porque a cultura oriental infiltrada no comportamento organizacional, sempre provocam polêmica e discussões sobre a importância do aspecto cultural, refletido no caráter obediente e disciplinado do trabalhador japonês, como o fator condicionante do sucesso da administração e da aplicação das técnicas industriais japonesas.

O fato é que apenas vinte e cinco anos após a derrota na Segunda Guerra Mundial, que deixou o país completamente destruído, o Japão começa a invadir o mercado internacional com seus produtos mais baratos, confiáveis, sem defeitos. As empresas ocidentais se viram despojadas dos mercados internacionais e dos seus mercados internos. Pela primeira vez uma nação oriental ameaçava e rompia com a hegemonia americana em alguns setores da indústria, particularmente nos setores de eletroeletrônicos e automobilístico, este último considerado a espinha dorsal do desenvolvimento da manufatura nos EUA, desde o lançamento do Modelo T da Ford.

Consultando a história do processo de industrialização do Japão, verificamos que o país buscou a transferência de tecnologias das nações ocidentais mais avançadas, particularmente dos EUA e Alemanha, tanto antes da Primeira Guerra Mundial no período da Revolução Meiji, quanto após a Segunda Guerra Mundial, durante o período de reconstrução promovido pelos EUA. Mas seria simplista considerar que o poder econômico alcançado pelo Japão se deve à simples aplicação dos métodos ocidentais, como “the best way to do” ou o controle estatístico de produção desenvolvido nos laboratórios da Bell System, na década de 30. Se fosse assim, poderíamos esperar um melhor equilíbrio de forças entre americanos e japoneses, mas essa hipótese é facilmente refutada quando se observa a avidez com que os americanos e estrangeiros de modo geral têm procurado compreender as técnicas responsáveis pelo sucesso japonês para adaptá-las ao seu ambiente, visando alcançar uma posição competitiva melhor.

Há que se ressaltar que as técnicas orientais foram implantadas em um ambiente cultural diferente do ocidental e são as peculiaridades da cultura japonesa que primeiramente devem ser compreendidas, para permitir qualquer adaptação da administração japonesa a outro ambiente.

ORIGEM

A modernização do Japão remonta ao ano de 1868, época em que teve início o período conhecido como Restauração Meiji e durante o qual foi conduzido o processo de industrialização do país. Os valores da sociedade japonesa, porém, têm origem em épocas anteriores, particularmente na era Tokugawa, entre 1615 e 1868. Foram estes valores que trouxeram as especificidades ao processo de industrialização, ao funcionamento da sociedade como um todo e consequentemente à forma de administrar os negócios no Japão.

A era Tokugawa resgatou o confucionismo como filosofia oficial, direcionando o pensamento para o mundo ao redor, de forma a moldar um sistema social rigidamente controlado. Os elementos básicos desta filosofia – benevolência, adequação, sabedoria e obediência - permitiram a formação de uma sociedade hierarquicamente orientada, pregando a correta observância dos padrões nos relacionamentos sociais. O objetivo dos líderes é a harmonia. A família é a unidade coletiva básica mais importante. O coletivo prevalece sobre o individual; as ações e comportamentos são julgados pelo que podem representar ao grupo. O bem e o mal são determinados pela aprovação ou desaprovação da sociedade. É o medo da desonra ou a rejeição pelo grupo que mantém os padrões de comportamento.

O Japão da era Tokugawa era uma sociedade feudal rigidamente dividida em classes, pela ordem de importância: samurais, lavradores, artesãos e mercadores. Era uma nação praticamente isolada e preparada para a guerra, decidida a repelir qualquer tipo de dominação por parte das outras nações, em especial das nações européias. Porém, em 1853 os americanos invadiram a baía de Uraga e forçaram os japoneses a se abrir para o comércio com outras nações.

A partir deste episódio seguiu-se um período de turbulência, envolvendo uma guerra civil interna e diversos confrontos com outros povos em expansão. Os conflitos terminaram com a Revolução Meiji, que restaurou o império e unificou o país.

O período da Restauração Meiji inaugurou o processo de modernização do Japão, mantendo porém os valores da sociedade, o que pode ser bem refletido pela filosofia da época: espírito japonês, tecnologia ocidental”. A revolução industrial no Japão durou cerca de 40 anos e teve como objetivo a defesa da nação contra o avanço dos colonizadores europeus. Daí o papel fundamental da indústria bélica no processo de modernização, contando com amplo subsídio do governo japonês e favorecendo a formação dos zaibatsu, assim denominadas as grandes corporações familiares que predominavam em diversos setores da economia.

Apesar dos seus valores culturais, em termos de relações exteriores com seus vizinhos, o Japão adotou uma atitude imperialista predatória a partir da sua vitória nas guerras contra a China e contra a Rússia, no início do século. Tal postura culminou com a Segunda Guerra Mundial, causando a destruição quase completa do país. Entretanto, seus valores seculares continuaram permeando o funcionamento da sociedade: compromisso com a educação, responsabilidade social, priorização do coletivo, autoridade e hierarquia, busca de harmonia, cooperação e consenso grupal.

OS “KEIRETSU”

Após a Segunda Guerra Mundial, encontramos um povo decidido a apagar as lembranças do período anterior e uma nação em busca da prosperidade. Uma nova visão de poder se instala: não mais a expansão através do poderio militar, mas através do poder econômico.

No período que sucede a guerra o Japão conta com os investimentos e a intervenção dos EUA para a reconstrução econômica do país e desmobilização da máquina de guerra. Entretanto, apesar dos rigores da intervenção, o Japão acaba se beneficiando

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