Arquitetura Uso Misto
Artigo: Arquitetura Uso Misto. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Tecoo • 1/3/2015 • 1.370 Palavras (6 Páginas) • 1.127 Visualizações
Um edifício pode ser considerado de uso misto quando há união de duas ou mais
funções em sua única estrutura. “A ideia de edificações de uso misto não é nova”. Desde a
Antiguidade as cidades-estados se organizavam dentro de muralhas; e a localização de
espaços de habitação, trabalho e comércio próximos ou sobrepostos, facilitava o deslocamento a pé. Essa situação promovia “pouca ou nenhuma distinção entre salas ou funções, e
consequentemente, alta densidade.” (MUSIATOWICZ, 2008) Com a mobilidade e o longo
alcance dos sistemas de defesa, a cidade se dispersou e diminuiu a pressão de espaços com
alta densidade, como aconteceu no Império Romano.
A partir da Revolução Industrial, a mobilidade tornou-se cada vez maior e com ela
veio o pensamento moderno de planejamento, que promovia “a segregação das funções de
vida, trabalho, compras e fabricação – não só em edifícios individuais, mas também em zonas
exclusivas nas cidades”. (MUSIATOWICZ, 2008)
Início do século XX, Le Corbusier, junto a outros pensadores do Movimento
Moderno, desenvolvem o ‘novo modo de morar’. Este consistia num espaço privado de
moradia mínimo, e próximos, propostos a servir à coletividade, prolongamentos da habitação,
como serviços e atividades comerciais. Surgia então“a unidade de habitação como concepção
de vida de uma comunidade”. (SAMPAIO, 2002, p.30) Para Le Corbusier, que se preocupava
com a relação distância-tempo de deslocamento dos moradores, a cidade ideal seria composta
por grandes edifícios verticais dotados de serviços em sua estrutura, “verdadeiras ‘cidadesjardins’ verticais em vez das horizontais”. (SAMPAIO, 2002, p.33).
A Unidade de Habitação de Le Corbusier, “incorporava os ‘complementos’
necessários para uma comunidade viver comodamente, dispondo de tudo necessário ao
alcance de um trajeto a pé.” Localizados estes no seu centro, para atende
e raramente ao restante da cidade, foi então avaliada como “antiurbana” por Tafuri, por
“reproduzir um modelo de vilarejo em contraposição ao da grande cidade” (SAMPAIO, 2002,
p.34)
Com o surgimento dos arranha-céus, aumentou as possibilidades de edificações com
usos mistos, apesar de que em algumas cidades as “normas de zoneamento limitaram a
mistura de ‘usos funcionalmente incompatíveis’ em edifícios e em certas partes da cidade”,
retardando a evolução dos edifícios de uso misto. (MUSIATOWICZ, 2008)
No Brasil, a maioria dos arranha-céus produzidos a partir da década de 1930
apresentavam setores residencial agregados ao comercial e serviços. Esta combinação não
descaracterizava o edifício residencial, pois este continuava tendo como atividade
predominante a habitação. Em geral dispunham “o térreo para salas comerciais” e algumas
vezes em edifícios de maior porte “os primeiros andares apresentavam usos não-residenciais”.
Na maioria dos casos “multiplicidade de usos fica claramente demarcada e identificada” pelo
uso de diferente elementos e modulação das fachadas. (SAMPAIO, 2002, p.107)
Na década de 1950, surgem os espaços multifuncionais (conhecidos como
kitchenettes) e que poderiam estar inseridos nos grandes conjuntos verticais (edifíciosconjuntos).
No Edifício Copan e no Conjunto JK de Oscar Niemeyer, “não é uma ou outra
função que lhes confere a importância no contexto da cidade.” É seu conjunto com excelente
localização, que “os definem como ‘cidade dentro da cidade’, [...] ou uma unidade de
habitação com características especiais”. O que os diferenciavam das unidades de habitação
propostas por Le Corbusier era que as atividades a eles associadas tinham dimensão para
atender um grande público da cidade, e para isso foram “colocados ao alcance de todos”, e
não apenas os moradores do edifício, como em Marselha. (SAMPAIO, 2002, p.42) Nestes
grandes conjuntos era possível encontrar cinemas, restaurantes, lojas repartições
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