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Arquitetura Uso Misto

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Por:   •  1/3/2015  •  1.370 Palavras (6 Páginas)  •  1.140 Visualizações

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Um edifício pode ser considerado de uso misto quando há união de duas ou mais

funções em sua única estrutura. “A ideia de edificações de uso misto não é nova”. Desde a

Antiguidade as cidades-estados se organizavam dentro de muralhas; e a localização de

espaços de habitação, trabalho e comércio próximos ou sobrepostos, facilitava o deslocamento a pé. Essa situação promovia “pouca ou nenhuma distinção entre salas ou funções, e

consequentemente, alta densidade.” (MUSIATOWICZ, 2008) Com a mobilidade e o longo

alcance dos sistemas de defesa, a cidade se dispersou e diminuiu a pressão de espaços com

alta densidade, como aconteceu no Império Romano.

A partir da Revolução Industrial, a mobilidade tornou-se cada vez maior e com ela

veio o pensamento moderno de planejamento, que promovia “a segregação das funções de

vida, trabalho, compras e fabricação – não só em edifícios individuais, mas também em zonas

exclusivas nas cidades”. (MUSIATOWICZ, 2008)

Início do século XX, Le Corbusier, junto a outros pensadores do Movimento

Moderno, desenvolvem o ‘novo modo de morar’. Este consistia num espaço privado de

moradia mínimo, e próximos, propostos a servir à coletividade, prolongamentos da habitação,

como serviços e atividades comerciais. Surgia então“a unidade de habitação como concepção

de vida de uma comunidade”. (SAMPAIO, 2002, p.30) Para Le Corbusier, que se preocupava

com a relação distância-tempo de deslocamento dos moradores, a cidade ideal seria composta

por grandes edifícios verticais dotados de serviços em sua estrutura, “verdadeiras ‘cidadesjardins’ verticais em vez das horizontais”. (SAMPAIO, 2002, p.33).

A Unidade de Habitação de Le Corbusier, “incorporava os ‘complementos’

necessários para uma comunidade viver comodamente, dispondo de tudo necessário ao

alcance de um trajeto a pé.” Localizados estes no seu centro, para atende

e raramente ao restante da cidade, foi então avaliada como “antiurbana” por Tafuri, por

“reproduzir um modelo de vilarejo em contraposição ao da grande cidade” (SAMPAIO, 2002,

p.34)

Com o surgimento dos arranha-céus, aumentou as possibilidades de edificações com

usos mistos, apesar de que em algumas cidades as “normas de zoneamento limitaram a

mistura de ‘usos funcionalmente incompatíveis’ em edifícios e em certas partes da cidade”,

retardando a evolução dos edifícios de uso misto. (MUSIATOWICZ, 2008)

No Brasil, a maioria dos arranha-céus produzidos a partir da década de 1930

apresentavam setores residencial agregados ao comercial e serviços. Esta combinação não

descaracterizava o edifício residencial, pois este continuava tendo como atividade

predominante a habitação. Em geral dispunham “o térreo para salas comerciais” e algumas

vezes em edifícios de maior porte “os primeiros andares apresentavam usos não-residenciais”.

Na maioria dos casos “multiplicidade de usos fica claramente demarcada e identificada” pelo

uso de diferente elementos e modulação das fachadas. (SAMPAIO, 2002, p.107)

Na década de 1950, surgem os espaços multifuncionais (conhecidos como

kitchenettes) e que poderiam estar inseridos nos grandes conjuntos verticais (edifíciosconjuntos).

No Edifício Copan e no Conjunto JK de Oscar Niemeyer, “não é uma ou outra

função que lhes confere a importância no contexto da cidade.” É seu conjunto com excelente

localização, que “os definem como ‘cidade dentro da cidade’, [...] ou uma unidade de

habitação com características especiais”. O que os diferenciavam das unidades de habitação

propostas por Le Corbusier era que as atividades a eles associadas tinham dimensão para

atender um grande público da cidade, e para isso foram “colocados ao alcance de todos”, e

não apenas os moradores do edifício, como em Marselha. (SAMPAIO, 2002, p.42) Nestes

grandes conjuntos era possível encontrar cinemas, restaurantes, lojas repartições

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