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Artificialidade

Resenha: Artificialidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/10/2013  •  Resenha  •  526 Palavras (3 Páginas)  •  255 Visualizações

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Acabou o show

Terminou na semana passada o julgamento do casal Nardoni (sim, meus caros, mais sobre isso). A sentença deferida pelo júri impôs a Alexandre Nardoni cerca de 30 anos de prisão, enquanto a outra ficou com algo em torno de 26 anos.

Ao longo da semana, muitos clamavam pela justiça, pela imparcial justiça que levaria ao ostracismo social um homem que, segundo afirmam, jogou uma criança indefesa pela janela, de uma altura consideralvelmente suficiente para levá-la ao óbito.

Eu pareço discordar da sentença, não? Pois digo que não discordo, mas tampouco concordo.

Afinal de contas, quem sou eu para julgar outro homem, que não tem absolutamente nada a ver comigo, um completo desconhecido, por um ato ainda menos conhecido e compreendido, tendo por base somente a saraivada de informações que me é "oferecida"?

Desculpe-me o leitor convicto de que a justiça foi feita - e que muito provavelmente tenha sido feita.

E não me ache de todo insensível, pois a foto da menina sorrindo também me desperta comoção.

Mas não posso deixar de expressar o que toda essa situação representa para mim.

Artificialidade.

Para além da justiça dos homens, que não me cabe aqui julgar, tudo, absolutamente tudo, me parecia artificial. Foi uma semana inteira de "casal Nardoni" nas manchetes dos jornais, nos enfadonhos programas tipo "Brasil Urgente", nos fatigantes programas vespertinos de variedades, nas revistas semanais de notícias, nos programas de entrevista, nos plantões, nas esquinas, nas mesas dos restaurantes, nos pontos de ônibus...

Acompanhava-se o dia-a-dia dos que se propuseram a presenciar o julgamento, às frentes do Fórum de Santana, como se fossem missionários da paz ou coisa parecida. Objetivamente, o que leva um sujeito que mora, a título de exemplo, em Minas Gerais, vir acampar às portas do purgatório? O que leva outros, estranhos à família e chegados da garota falecida, a pagarem de seus próprios bolsos por banners, faixas e camisetas?

Exceção feita aos estudantes de direito e categorias congêneres, os outros pareciam estar apenas festejando, celebrando algo que lhes disseram ser da maneira que acreditam.

"Por que você decidiu acompanhar de perto o caso?", pergunta a jornalista cuja face não aparece.

"Me familiarizei com a mãe, afinal todas somos um pouco mães", responde fulana.

"Me solidarizei com a família. Não podemos ficar parados diante dessa barbaridade", responde ciclana.

"Acho importante a manifestação aqui, precisamos chamar a atenção das pessoas", responde beltrano.

No dia do julgamento, a movimentação era grande, a raiva estampada no rosto dos que ficaram de fora do recinto. Alguns levaram fogos de artifício, afinal de contas, era preciso fazer barulho, cantar a vitória, estourar a garrafa de espumante.

Os telejornais transmitiram na íntegra as palavras do promotor, que com todo o seu juridiquês, encantou os ouvidos das famílias que

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