Atividade De Estudos - Língua Portuguesa - 2010

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Data: ___/____/2010

Atividade de Estudos - Língua Portuguesa - 2010

Tutty – O terror das calças brancas!

[...] é bom pra cachorro ver alguém se aproximando com a calça imaculadamente branca. Tudo acontece em duas etapas. Na primeira, fico quietinho, deitadinho, cara de quem não está nem aí, olhando o visitante, o incauto, a vítima (escolha aí como chamar meus parceiros de palco; por mim, encaro com o maior respeito, como colegas sem os quais minha performance não seria possível). Daí, quando ele chega mais perto, crente que está abafando com sua calça branca, admirada pelo cachorrinho que vos fala, lá vou eu como uma mola que estica, rápido como um avião, surpreendente como um pernilongo que não canta avisando a picada. E, antes que ele possa se defender, dou pelo menos meia dúzia de pulos certeiros (quando era mais jovem, chegava a uma dúzia em trinta segundos), não sem antes me certificar de que minhas patas estão bem molhadinhas ou, no mínimo, com um pouco de terra do jardim.

Claro que nem sempre dá certo. Já levei joelhada, tapas, gritos, e outros golpes baixos. Existem, além dos mal-humorados, os meus tipos prediletos, aqueles que exigem técnicas e táticas especiais que descrevo a seguir:

O tipo que vira imediatamente de costas. Para esses, desenvolvi minha curva rápida em 90o (noventa graus), que consiste em correr como se fosse pular pela frente, desviar no último instante e... carimbar a frente que ele virou para trás.

O tipo que me segura pela coleira antes que eu pule. Esse merece um truque genial: eu não reajo. Fico quietinho, ele segurando minha coleira, e eu abanando o rabinho com as patinhas dianteiras dobradas. Mal ele me solta, pensando que não há por que impedir um cachorrinho tão amistoso, lá vou eu com meu super pulo, um só, mas eficiente. Um só, porque não sou besta de deixar que ele, agora bravo por ter sido tão otário, me segure de novo.

O tipo que conhece o cachorro do Pedrinho. Com esse, tenho que rebolar para cumprir minha missão. Primeiro, porque ele não entra na casa, nem passa perto de mim, sem antes pedir ao Pedrinho que me prenda. Aí só me resta apelar e usar todos meus dotes de ator pulacídio internacional. Não reclamo, não lato, mas não desgrudo meu olhar tristonho do gajo, até que ele mesmo, cheio de culpa por ter mandado prender um cão cheio de amor para dar, peça para me soltarem um pouquinho. Em geral, na despedida. Pena que esse recurso não dê certo mais de três vezes.

Só não venha de calça branca – Cãografia autorizada de Tutty Antonio. Ulisses Tavares. Editora Saraiva.

Vocabulário:

imaculadamente= puramente.

incauto= ingênuo.

encarar= olhar de frente.

performance (termo inglês)= desempenho, representação artística.

gajo= indivíduo

“bom pra cachorro”= é muito bom.

“cheio de amor para dar”= carinhoso.

“tenho de rebolar”= tenho de trabalhar muito.

“crente que está abafando”= certo de estar agradando.

Estudo do texto

Após a leitura do texto, responda com atenção. Lembre-se das respostas completas e de reler o que escreveu.

1) Quem é o narrador da história?

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2) Ele é um narrador-observador ou narrador personagem? Copie do texto algum trecho que justifique sua resposta.

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3) Tutty conta que gosta de fazer algo que irrita profundamente as pessoas. Que ele faz?

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4) Por que Tutty considera os seres humanos como seus “parceiros de palco”?

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