Bjfguejeeuehieinfie
Dissertações: Bjfguejeeuehieinfie. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marta123 • 11/8/2013 • 1.665 Palavras (7 Páginas) • 3.192 Visualizações
Tema: História de Moçambique II
Tema: História de Moçambique II OS ESTADOS ESCLAVAGISTAS E O CICLO DE ESCRAVOS (1750/1760 – 1836/ princípios do século XX) Na segunda metade do século XVIII, a procura de escravos ultrapassou a procura do ouro e do marfim. Agora não se tratava de adquirir uma matéria prima de origem mineral (ouro) ou animal (marfim) quanto de comprar ou capturar aquele que tirava o ouro à terra e a presa do marfim : o homem, o próprio produtor, a matéria-prima humana i) Os estados militares do vale do Zambeze Sabes de aulas anteriores que o declínio do sistema dos prazos, na primeira metade do século XIX foi fundamentalmente consequência dos seguintes factores: • A revolta de Changamire Dombo e os vários ataques aos prazos, na primeira margem esquerda do Zambeze; • O desenvolvimento do tráfico de escravos que chegou a obrigar alguns prazeiros a sacrificarem os camponeses residentes nos seus domínios e os a-chicunda, seu braço armado; • As invasões nguni que começaram em 1832 e duraram mais de 20 anos. Por volta de 1840, Sochangane tinha ocupado 28 dos 46 prazos ainda existentes, que foram incorporados ao império de Gaza. Origem: Após o declínio do sistema de prazos e a deterioração do sistema político dominante na Zambézia, criou-se um vácuo de poder que foi preenchido por um certo número de Estados (Estados Militares, Estados de Conquista ou Estados Muzungos). Esses Estados, localizados entre o Oceano Índico e o Zumbo, eram maiores em tamanho e estavam melhor armados do que as chefaturas e prazos zambezianos que tinham incorporado. Segundo Newit, os estados militares desenvolveram-se de diferentes maneiras. Algumas eram pequenas áreas ocupadas ou dominados por bando de soldados chicundas; outros, dependiam da personalidade de um homem e ruíram com a sua morte (p.e. o Estado Militar de Gorongosa, de Manuel António de Sousa “Gouveia”); outros como Massingir e Maganja da Costa desenvolveram-se em algo parecido com Repúblicas militares governadas por capitães chicunda; finalmente a Makanga e os domínios de Joanquim da Cruz “Nhaude” à volta de Massango, onde ambos estabeleceram uma linha de sucessão da família governante. Qualquer destes Estados possuíam fortalezas armadas (aringas), grandes exércitos de chicundas e um vasto arsenal de armas modernas. Era assim que conseguiam proteger as suas fronteiras e consolidar o seu poder. Para Isaacman, o poder real destes estados encontrava-se no exército de chicundas, porque era neles que se baseava a ordem militar, sendo também os maiores produtores de riquezas. Os principais Estados militares ou de conquista eram: • Makanga, fundado por Gonçalo Caetano Pereira “Dombo-Dombo” ; em 1840 com Pedro Caetano Pereira “Choutana” , entra em conflito com os portugueses. • Massingir, foi fundado por Paulo Mariano Vaz dos Anjos e Fernando Vaz dos Anjos; • Massangano, fundado por Joaquim da Cruz “Nhaude” em 1849 Portugal faz várias tentativas para o conquistar sobretudo no tempo de António Vicente da Cruz “Bonga”; • Gorongosa , fundado por Manuel António de Sousa “Gouveia”; • Kanyemba; • Mataquenha; • Maganja da Costa, fundado por João Bonifácio Alves da Silva (1862-1898) • Makololo • Outros. Estes estados tinham capacidade militar a penetração do Estado português, pois em conjunto controlavam a maioria da área do Vale do Zambeze: dominavam os cursos de água estratégicos e rodeavam todas as bases militares e administrativas portuguesas situadas no interior. ii) O Estado de Ajaua (yao) “ Este grupo étnico e linguístico tem sido designado pelos termos mais dispares: Mujau, Mujano, Hiao, Mudsau, Mujoa, Wahyao, Ayaw, etc. Com o decorrer do tempo foi-se popularizando o nome Ajaua, embora a palavra correcta seja Iao”. O nome Yao, segundo a tradição local, provem de uma montanha, atapetada com capim mas desprovida de árvores, que se situava entre Mwebe e o Rio Lucheringo. A palavra Yao significa um monte sem árvores e sem qualquer tipo de vegetação. • Localização: O centro do país Yao encontra-se a noroeste de Moçambique, limitado a ocidente pelo rio Lucheringo, a sul pelo Luambala, a oriente pelo rio Lugenda e a norte pelo rio Rovuma. • Base Económica: Até meados do século XVIII, altura em que o comércio do marfim começou a ganhar um peso considerável na economia, os ajaua praticavam a agricultura (actividade por excelência das mulheres); a pesca e a caça (actividade masculina) e a metalurgia do ferro (particular destaque para a clã A-Chisi, que se especializou no fabrico de instrumentos de trabalho, utensílios domésticos, armamento e objectos de adorno, etc. A partir do século XIX a base da economia ajaua passa a ser o comércio de escravos. O tráfico de escravos, para além de ter garantido a continuidade de acesso aos produtos importados, introduziu muitos elementos novos no sistema da organização política e social. • Organização Politica e Social: Até provavelmente meados do séc. XVIII, os Ajaua viviam em pequenas comunidades matrilineares conhecidas por MBUMBA, que estavam geralmente sob autoridade de um irmão mais velho – o ASYENE MBUMBA – que era simultaneamente o chefe da aldeia. Tratando-se de comunidades matrilineares, as MBUMBA agrupavam irmãs casadas e os seus maridos, irmãs solteiras, homens solteiros e crianças. Isto acontecia porque com o casamento o homem era obrigado a transferir-se para a povoação da esposa. As relações de produção e politica que se estabeleciam entre os membros da MBUMBA baseavam-se nas relações de parentesco. Era como parente que o individuo tinha acesso à terra. O desenvolvimento do comércio do marfim no séc. XVIII e, sobretudo, do comércio de escravos no séc. XIX, o exercicio e o controlo exclusivo de tarefas técnico-administrativas e mágico-religiosas por um grupo bastante reduzido de indivíduos contribuiu para o surgimento do Estado centralizado e consequentemente o fortalecimento do poder dos chefes. Assim, a partir de 1840/50, surgem grandes Estados como o de MTACA, MTALICA, MAKANJILA e JALASI, que tinham no comércio de escravos o pilar da sua economia e a fonte da sua dominação como classe. Os escravos capturados eram distribuídos por 3 categorias: domésticos, esposas e para venda. Das 3 categorias de cativos, a primeira libertou parcialmente as mulheres livres de ajaua da agricultura e de algumas actividades económicas.
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