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Por:   •  25/5/2014  •  561 Palavras (3 Páginas)  •  253 Visualizações

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ALQUIMIA DE BRUNETE

De dia, Brunete Fraccaroli é a famosa decoradora. À noite se tranca em seu laboratório e faz essências para a indústria alimentícia

Por Christian Carvalho Cruz

Parece coisa de super-herói de história em quadrinhos. Durante o dia, Brunete Fraccaroli é a badalada arquiteta de interiores que, ao lado de Sig Bergamin e João Armentano, forma o trio de ferro da decoração brasileira. Passa até doze horas no amplo escritório recebendo clientes vips e criando projetos que já lhe renderam inúmeros prêmios internacionais. Mas quando a noite cai, ela deixa o prédio elegante nos Jardins, zona sul de São Paulo, e dirige até a decadente Barra Funda. Num galpão escuro, metida num avental branco, ela se transforma na Brunete que pouca gente conhece – a Brunete alquimista.

Sozinha entre tubos de ensaio e líquidos coloridos, põe-se a elaborar aromas e essências usados pela indústria alimentícia. Há quatro anos, com a morte do pai, Brunete herdou o centenário laboratório da família, o Irmãos Fraccaroli, fundado em 1902 e fornecedor de gigantes como Warner-Lambert e Schincariol. Foi um baque. “Eu não sabia o que fazer”, conta. “Fiquei apavorada. Queria vender tudo.” Para piorar, cada visita ao lugar era uma dolorosa viagem à infância. Os aromas espalhados no ar remetiam ao pai. “Eram os cheiros que ele trazia impregnados na roupa ao chegar em casa”, emociona-se. Mas, aconselhada pelo amigo Paulo Setubal, presidente da Duratex, Brunete, no que ela chama de “ato de amor”, resolveu encarar o desafio.

E está se saindo bem. Para cuidar do que não entende, ela contratou executivos e vendedores. E está se dedicando só ao que é craque: bons contatos, criação de aromas (o curso técnico feito na juventude finalmente está tendo utilidade) e o desenvolvimento de uma nova identidade visual para a marca. “Papai nunca quis saber de marketing. Ele tinha medo de a empresa crescer demais.” O velho Bruno também nunca deixou Brunete se aproximar do laboratório. “Isso não é coisa para mulher”, dizia. Mesmo assim, depois de formar-se em arquitetura, ela foi fazer administração, pois achava que um dia teria que tocar o negócio. “O começo foi de saudade e insegurança. Eu dormia na fábrica”, conta ela. Mas em grande estilo. Brunete desalojou o arquivo morto e, num espaço de 100 m², fez um charmoso “loft” – com sofá, televisão, geladeira e escritório. É ali que ela ataca de cientista e tenta convencer os clientes de que não é uma dondoca brincando de industrial.

Foi ela, por exemplo, que procurou o amigo João Paulo Diniz se propondo a desenvolver a fórmula de uma versão feminina da soda alcoólica lançada recentemente pelo empresário. Assim nasceu o cor-de-rosa Flying Love. Em menos de um mês, o herdeiro do Grupo Pão de Açúcar já fez três pedidos. E Brunete está animada com a possibilidade de criar essências para refrigerantes da marca própria da rede dos Diniz. A Ambev também já a procurou para falar de um novo e secretíssimo guaraná. Schincariol (com refrigerantes) e Warner-Lambert (com as conhecidas balas Frumello) são outros clientes grandes. O faturamento continua pequeno, cerca de R$ 400 mil por ano. Mas Brunete quer aumentá-lo com uma linha de perfumes e sais de banho que leva o seu nome. Paulo Setubal diz

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