Chuvas artificiais
Por: Eduardo Nunes • 11/12/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 6.114 Palavras (25 Páginas) • 841 Visualizações
Eduardo Augusto Salmoria Nunes
Gabriel Piedade Loureiro Costa
Keila Fernanda de Paula
Raphael De Lio Tavares da Silva
CHUVAS ARTIFICIAIS: DO CÉU A TERRA
Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado a Universidade Anhembi Morumbi como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Aviação Civil.
Orientador: Prof. Edson Cabral
São Paulo
2015
RESUMO
Este documento apresenta um estudo sobre chuvas artificiais. O trabalho, motivado pela crise hídrica no estado de São Paulo, tem como objetivo apresentar brevemente a história da técnica de semeadura de nuvens e seu desenvolvimento. Começando pelo pioneiro Charles Hatfield no início do século XX e seus sucessores; passando por relatos de aplicações em diferentes contextos; abordando em detalhes e diferenciando o processo científico quanto a nucleação de nuvens quentes ou frias e os materiais utilizados, como por exemplo, iodeto de prata, cloreto de sódio ou água potável; a discussão da aplicação da técnica para abastecimento dos reservatórios de água do estado de São Paulo; e baseando-se em documentação histórica, artigos científicos e notícias online conclui-se a veracidade e eficácia do método.
ABSTRACT
This document presents a study about artificial rain. The assignment, chosen due to the hydric crisis that have been set over São Paulo State in the past two years, has as its goal shortly present the history and development of the cloud seeding technique, reporting examples on how the process in fact works. Starting by the pioneer Charles Hatfield in the beginning of the 20th century and his successors; going through reports of different contexts applications; covering in details and differing the scientific process over hot and cold cloud seeding and the used material, as silver iodide, sodium chlorate or potable water; discussing about the reservoir filling technique application in the state of Sao Paulo; and based on historic documentation, scientific articles and online news, it concludes the veracity and effectiveness of the method.
INTRODUÇÃO
Desde que o homem deixou de lado o nomadismo e passou a viver de subsistência, os tempos de seca têm acometido em angustia e desespero. A falta de alimento fez com que a humanidade buscasse meios de induzir as chuvas a acontecerem. A priori, sem conhecimento científico, os povos da antiguidade remetiam a rituais, oferendas e sacrifícios para que assim suas preces fossem atendidas por seus deuses. Sendo alguns desses rituais praticados até os dias atuais. Porém, conforme a ciência foi se desenvolvendo ao redor do mundo, cada vez mais pessoas passaram a estudar fenômenos pelas quais se interessavam. Com fascínio pela precipitação e motivados por novos fatores, ou apenas pela sua curiosidade, diversos cientistas que viveram nos último dois séculos passaram a explorar as propriedades das nuvens para que assim pudessem induzir a precipitação das nuvens
- HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DE SEMEADURA DE NUVENS
- Charles Hatfield
Em 1902, um garoto, então aos 17 anos, chamado Charles Hatfield passou a experimentar diferentes compostos químicos e combinações na fazenda de sua família. Charles tinha um propósito, ele tinha um interesse particular em como fazer chover.
A ideia de Charles não era de produzir chuvas, mas conseguir precipitar chuva das nuvens já formadas no céu. Ele partia da base de que colocando elementos químicos dentro das nuvens, induziria as gotículas d’agua a se agruparem, tornando-as pesadas o suficiente para precipitarem do céu.
Charles lançou oficialmente sua carreira como feitor de chuvas em 1904, quando foi contratado para fazer chover próximo a Los Angeles. Após quatro meses semeando as nuvens, Charles conseguiu uma precipitação de cerca de 18 polegadas.
Em 1916, embora duvidasse de sua habilidade, a cidade de San Diego contratou Charles para encher o reservatório de Morena ao prazo de um ano ao custo de dez mil dólares. O valor só seria pago se ele completasse a tarefa e para isso ele precisaria fazer com que 10 bilhões de galões d’água fossem precipitados para dentro do reservatório.
Nesta época, ante ao desenvolvimento da aviação, Charles e seu irmão construíam altas torres onde poderiam misturar seus componentes químicos com as nuvens. Torres como essas já haviam sido construídas antes, mas agora elas tinham de seis a nove metros de altura. Para misturar os componentes químicos, ele os levava aos topo dessas torres e os permita evaporarem.
Charles gostava de conversar com as pessoas, mas ele nunca de fato fez qualquer experimento enquanto outras pessoas estavam por perto. Ele mantinha segredo sobre seus processos e os tipos de elementos químicos que ele utilizava.
A primeira precipitação que Charles tinha certeza ter induzido iniciou em 10 de janeiro. Choveu bastante nos reservatórios e na cidade pelos quatro dias seguintes, mas entre o quarto e o quinto dia as chuvas começaram a cair absolutamente fortes, causando enchentes no Rio San Diego e destruindo muitas rodovidas e ferrovias. Por volta do dia 19 as precipitações cessaram, mas Charles, disposto a concluir sua tarefa, começou a semear as nuvens novamente. No dia 24 de janeiro as chuvas retornaram, mas não tão severamente até o momento. Em 27 de janeiro, o centro de San Diego registrou um recorde de 2,19 polegadas de chuva, causando a maior enchente de San Diego no século XX. Esta enchente destruiu rodovias e ferrovias enquanto mais de duzentas pontes cederam ou literalmente desapareceram, mantendo a população presa na cidade. A quantidade de chuva começou a preocupar os administradores do reservatório, afinal, a quantidade de chuva que a barragem seria capaz de aguentar era uma incógnita. A represa de Otay, no entanto, foi totalmente perdida. Inundada pela chuva, sua barragem cedeu causando mais de cinquenta mortes na região.
O reservatório foi cheio e Charles recusou o dinheiro uma vez que o promotor da cidade determinou que se ele recebesse, também se responsabilizaria por todos os danos causados.
Outras grandes enchentes ocorreram em San Diego em 1927, 1937, 1979 e 1980, nenhuma das quais com tamanha magnitude como a de 1916.
- Frederico De Marco
Enquanto isso, em 1900 nascia um garoto em Araraquara que já aos oito anos demonstraria ilustre aptidão para física publicando um trabalho sobre a teoria de Otto Von Schron e que futuramente se tornaria um médico cientista. Este garoto se chamava Frederico De Marco.
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