Corpolatria
Resenha: Corpolatria. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Sheila025 • 9/4/2014 • Resenha • 706 Palavras (3 Páginas) • 746 Visualizações
Corpolatria
A “Corpolatria” é uma espécie de “patologia da modernidade” caracterizada pela preocupação e cuidado extremos com o próprio corpo não exatamente no sentido da saúde (ou presumida falta dela, como no caso da hipocondria) mas particularmente no sentido narcisístico de sua aparência ou embelezamento físico.
Para o corpólatra, a própria imagem refletida no espelho se torna obsedante, incapaz de satisfazer-se com ela, sempre achando que pode e deve aperfeiçoá-la. Sendo assim, a corpolatria se manifesta como exagero no recurso às cirurgias plásticas, gastos excessivos com roupas e tratamentos estéticos, abuso do fisiculturismo (musculação, uso de anabolizantes, etc).
A idolatria ou o culto excessivo do corpo, bem como o enorme investimento na produção do físico ideal, dentro de uma visão psicanalítica, revelam fortes tendências ‘narcísicas’.
Nas culturas milenares antigas, o nascer, o crescer, o envelhecer e o morrer tinham diversos sentidos: no Oriente, o viver e morrer traziam consigo a idéia de desenvolvimento, amadurecimento, crescimento interior, acumulação de sabedoria e evolução; nos mais jovens, era inculcado o respeito e a reverência pelos mais velhos, diante da experiência de vida adquirida pelos últimos.
Em culturas ocidentais ditas jovens – como é o caso da cultura brasileira – envelhecer é quase que vergonhoso e a morte representa um tabu, um tema no qual geralmente não se pensa e sobre o qual dificilmente se fala. O idoso é praticamente banido da vida ativa na sociedade, segregado do convívio social, escondido no recôndito das famílias ou fechado em asilos – embora nos últimos anos estejamos assistindo a alguns movimentos no sentido de resgatá-lo e valorizar-se a assim chamada ‘terceira idade’ ou ‘melhor idade’. Ser velho, contudo, é feio – é o que se depreende da excessiva valorização do jovem em nossa sociedade. Velhice lembra decadência, e decadência lembra morte.
O alto ‘investimento narcísico’ no corpo é diretamente observável através de inúmeras práticas cotidianas, tais como tratamentos faciais para conter a angústia da passagem do tempo e o surgimento das rugas, obsessões com a saúde, preocupações com a linha, com a higiene, rituais de controle (como o check-up), rituais de manutenção (massagens, saunas, academias, bronzeamento artificial). Corpos esbeltos, malhados, sarados, trabalhados, lipo-aspirados e siliconados, na perseguição da quimera da juventude eterna, produzem a ilusão do domínio sobre o passar do tempo e, por conseguinte, a sensação de subjugação da morte.
Tudo o que nos rodeia, atualmente, apela ao ‘sujeito narcísico’: a propaganda na mídia, as publicações especializadas, a moda, o cinema, a literatura e a arte. O estar bem consigo mesmo e o bem-estar pessoal, num sentido mais amplo, são apregoados como se fossem o único objetivo de vida a ser alcançado. Tudo gira em torno do sujeito e de seu conforto físico-corporal, como que para preencher o ‘vazio’ do qual falamos no capítulo anterior, decorrente da falta de outros sentidos que transformem a vida e a morte em fenômenos compreensíveis e aceitáveis.
A negação da morte ou do corpo sem vida é alcançada pela afirmação do corpo com vida, sem falhas ou defeitos. Através da utilização de tecnologias avançadas oferecidas
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