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Criança

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Por:   •  20/3/2015  •  3.062 Palavras (13 Páginas)  •  146 Visualizações

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AS CULTURAS DA INFÂNCIA

NAS ENCRUZILHADAS DA 2ª MODERNIDADE

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,QVWLWXWR GH (VWXGRV GD &ULDQoD

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Os tempos contemporâneos incluem, nas diferentes mudanças sociais que os

caracterizam, a reinstitucionalização da infância. As ideias e representações

sociais sobre as crianças, bem como as suas condições de existência, estão a

sofrer transformações significativas, em homologia com as mudanças que

ocorrem na estruturação do espaço-tempo das vidas quotidianas, na estrutura

familiar, na escola, nos PDVVPHGLD, e no espaço público. Contrariamente à

proclamada “morte da infância”, o que a contemporaneidade tem aportado é a

pluralização dos modos de ser criança, a heterogeneização da infância enquanto

categoria social geracional e o investimento das crianças com novos papeis e

estatutos sociais.

O processo de reinstitucionalização da infância exprime-se e revela-se nos

planos estrutural e simbólico. Deste modo, as culturas da infância são também

objecto de pluralização e de diferenciação. No entanto, os traços distintivos das

culturas da infância permanecem na sua gramática própria. A análise da

morfologia, da sintaxe e da semântica das culturas da infância na 2º

modernidade constitui um objecto central na compreensão das mudanças

estruturais contemporâneas. Conhecer as “nossas” crianças é decisivo para a

revelação da sociedade, como um todo, nas suas contradições e

complexidade.

Mas é também a condição necessária para a construção de políticas integradas

para a infância, capazes de reforçar e garantir os direitos das crianças e a sua

inserção plena na cidadania activa.

1

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(Maria Velho da Costa, O Lugar Comum, 'HVHVFULWD 1973)

Que lugar é esse que a criança ocupa, a ponto de causar a perturbação do “ medidor de

crianças” , de modo tal que ele decreta o fim da infância?

Este texto ocupa-se dessa geografia, da procura do lugar que

a contemporaneidade

reservou para a criança, e, sobretudo, do lugar que a criança, todas as crianças,

constrói(em) na sua interacção mútua, na edificação dos seus mundos de vida e das suas

culturas.

Ao contrário de todos os medidores de crianças, não nos preocupamos em decretar a

inconformidade das crianças contemporâneas com a norma, seja ela qual fôr. Pelo

contrário, defendemos que a diferença radical da infância consiste precisamente em

deslocar-se da norma axiológica e gnoseológica constituída pelos adultos, o que faz com

que cada criança se insira na sociedade não como um ser estranho, mas como um actor

social portador da novidade que é inerente à sua pertença à geração que dá continuidade

e faz renascer o mundo. As crianças, todas as crianças, transportam o peso da sociedade

que os adultos lhes legam, mas fazendo-o com a leveza da renovação e o sentido de que

tudo é de novo possível. É por isso que o lugar da infância é um HQWUHOXJDU (Bhabha,

1998) o espaço intersticial entre dois modos – o que é consignado pelos adultos e o que

2

é reiventado nos mundos de vida das crianças – e entre dois tempos – o passado e o

futuro.

É um lugar, um entre-lugar, socialmente construído, mas existencialmente

renovado pela acção colectiva das crianças. Mas um lugar, um entre-lugar, SUHGLVSRVWR

nas suas possibilidades

...

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