Crise Ambiental
Trabalho Universitário: Crise Ambiental. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lijair • 24/11/2014 • 3.297 Palavras (14 Páginas) • 228 Visualizações
A CRISE AMBIENTAL E O PAPEL DAS NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO: ALÉM DO DOMÍNIO DA TÉCNICA
A crise ambiental e o papel das novas tecnologias da informação: além do domínio da técnica (Resumo)
O domínio da técnica cresce a passos largos desde o início da Idade Moderna. Na atualidade, convivemos com duas derivações desse contexto: as novas tecnologias de informação e a crise ambiental. A busca pelo conhecimento que permitiu a tecnologia da informação é a mesma que revolucionou os processos industriais geradores de externalidades negativas. Simultaneamente ao fato de convivermos com a possibilidade de um desastre ecológico, existe também a viabilidade de se aplicar e controlar os avanços da ciência e da tecnologia para construir um mundo mais sustentável - ambiental e sócio-economicamente -, pois as novas tecnologias de informação podem desempenhar importante papel para mitigar os impactos ambientais da produção industrial, ao estimular a produção de mais conhecimento e no desenvolvimento de tecnologias mais apropriadas. A técnica não deve ser alvo apenas de críticas negativas, mas de uma proposta positiva, que aborde critérios para fazer escolhas dentro do mundo técnico.
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Houve um tempo em que o homem convivia com toda sorte de dificuldades para conseguir prover suas necessidades e sobreviver. Embora para muitos deles ainda hoje a realidade não se apresente muito diferente, parece claro que na atualidade as condições de vida de boa parte das pessoas são bem menos áridas tendo a luta pela sobrevivência deixado de ser uma aventura diária.
A escalada da produção que tornou possível tal situação se encontra bem delimitada. Devido a uma série de fatores, foi no início da Idade Moderna que a civilização ocidental conseguiu equacionar as condições apropriadas para o grande salto. O grande crescimento do conhecimento e da produção econômica verificada a partir deste momento transformou a face do planeta e tornou realidade alguns sonhos antigos da humanidade.
Os últimos desdobramentos deste processo iniciado séculos atrás mostram que não existem limites para o crescimento do conhecimento e suas aplicações. O desenvolvimento da microeletrônica e dos processos de informatização, a chamada III Revolução Industrial que assistimos atualmente em curso (como a popularização da internet e a automação de uma infinidade de processos propiciada por esse avanço) são exemplos das suas possibilidades. Se o processo de aquisição de conhecimento parece não encontrar limites em si, para alguns esse já começou a se manifestar na própria base física do planeta, que precisou e ainda precisa sustentar uma grande demanda por seus insumos, impulsionada por uma radical transformação ocorrida nos modos de vida e padrão de consumo de seus habitantes. Essa pressão sobre os recursos naturais, realizada em uma escala nunca antes vista e num nível temerário para sua própria capacidade de regeneração é o que chamamos de crise ambiental.
Neste artigo discutiremos tal crise abordando dois aspectos que entre si estão entrelaçados e que ajudam a compreender a complexidade do problema, analisando-o sob uma perspectiva mais ampla: a concepção do homem em relação à natureza e o papel da técnica. As diferentes formas de interpretação da natureza que o homem teve no decorrer de sua história e a transição para a visão atual em que a natureza possui o papel de provedora de insumos tem suas raízes em momento específico, no qual se verifica paralelamente (e como decorrência) o grande estímulo à produção de conhecimento, o desenvolvimento da racionalidade técnica.
Algumas análises, bastante características do pensamento do século XX (de crítica à modernidade que para alguns, é diretamente associada ao capitalismo) tendem a entender tal processo de avanço do papel da técnica como eminentemente danoso, cujos maiores exemplos são a criação (e utilização) da bomba atômica e atualmente a da manipulação da engenharia genética, além dos seus impactos negativos diretos sobre o meio ambiente. Neste artigo, apesar do reconhecimento da mesma raiz de impulsão às duas questões, buscaremos fazer algumas distinções que podem contribuir para um melhor entendimento da crise ambiental, pois, entendemos, o conhecimento científico em si não é perigoso, seria (ou deveria ser) mais um bem em si mesmo; o que se faz dele, a forma de como e porque se transforma em externalidade negativa é que deve ser alvo de análises.
O domínio sobre a natureza
A visão de domínio do homem sobre a natureza, vigente na atualidade, já teve oponentes bem mais fortes em outras épocas. Glacken (1986) mostra que é possível escrever uma história do homem desde a Antiguidade de acordo com o entendimento que ele teve em relação à natureza no decorrer dos tempos; para este autor, o pensamento ocidental, desde essa época até o final do século XVIII, foi dominado por concepções de mundo que buscavam responder a três perguntas básicas:
• teria sido a Terra criada especificamente para a morada do homem, ou seja, feita exclusivamente com esse propósito? ;
• teria sido possível que os climas, os relevos e a configuração dos continentes tenham influenciado a natureza moral e social dos indivíduos e, com isso, moldado o caráter e a natureza da cultura humana?;
• no decorrer de sua existência, como (ou quanto) a Terra terá se transformado, por meio da ação do homem, desde sua hipotética condição original?
Glacken mostra que desde os gregos antigos até os tempos modernos foram dadas diversas tentativas de respostas a essas perguntas, de modo tão freqüente e contínuo que se pode estruturá-las em forma de idéias gerais que respondem às três questões mencionadas: i) a idéia do desígnio, de terra criada para o homem; ii) a da influência do meio ambiente, que molda as características do ser; e iii) a do homem como agente geográfico, respectivamente. As duas primeiras foram bastante discutidas na Antiguidade, a terceira, um pouco menos, embora estivesse presente em muitos argumentos que reconheciam o fato evidente de que os homens, por meio de suas artes, ciências e técnicas, haviam transformado o meio em que viviam.
Todas estas questões buscavam identificar exatamente as variáveis que incidiam sobre o relacionamento do homem com o meio ambiente, desde uma concepção mais filosófica (sobre o papel do homem e de sua morada) até o seu desempenho como transformador do mundo, ou seja, o impacto de suas atividades práticas. No século XIX, no entanto, já parecia evidente que
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