Desenvolvimento Motor
Trabalho Universitário: Desenvolvimento Motor. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: PATINES • 20/3/2014 • 505 Palavras (3 Páginas) • 584 Visualizações
Descrição
As duas novelas que compõem este livro faziam parte de Corpo de baile, livro de João Guimarães Rosa que, em sua 3ª edição, foi dividido em três volumes independentes: Manuelzão e Miguilim, No Urubuquaquá, no Pinhém e Noites do sertão.
A primeira delas, “Campo Geral”, conta a estória de “um certo Miguilim” que “morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, muito longe daqui”, no Mutúm, no meio dos Campos Gerais. A novela retrata seu mundo infantil, povoado de entes e palavras, ainda sem a rigidez de um universo sistemático, onde, a cada dia, ele tenta entender a vida (“Dito, como é que a gente sabe certo como não deve de fazer alguma coisa, mesmo os outros não estando vendo?”), com a ajuda dos brinquedos inventados, dos bichos, das outras crianças, dos adultos e, sobretudo, das estórias que inventa.
A segunda, “Uma estória de amor”, narra os preparativos e a festa de consagração de uma capela construída por Manuelzão, administra dor da Samarra, um lugar “nem fazenda, só reposto, um currais-de-gado, pobre e novo ali entre o Rio e a Serra-dos-Gerais”. Toda a novela desenvolve-se em torno de um levante de boiada, que serve de ligação entre as cenas e de imagem para o próprio povo em festa; e, como num acampamento de vaqueiros, uma travessia se perfaz quando a estranheza de um acontecimento (a festa) remete Manuelzão a um mundo em que “tudo virava outro”, e ele descobre também uma vida que não viveu, que não sabia.
À infância de Miguilim reúne-se a velhice que Manuelzão sente chegar e que traz um outro recomeçar: “De todo não queria parar, não quereria suspeitar em sua natureza própria de um anúncio de desando, o desmancho, no ferro do corpo. Resistiu. Temia tudo da morte.” A mesma morte que ronda as crianças nos lugarejos distantes, onde não há recursos. O mesmo medo de se ir para o escuro da mata, sozinhos, debaixo de chuva, a gente sempre pequenos. As duas novelas complementam-se: enquanto a do menino é uma constante e por vezes dolorosa des coberta do mundo e das relações entre as pessoas e as coisas, a do velho vaqueiro é um relembrar (redescobrir) também por vezes doloroso do que é a vida, como se, de tão acostumado com ela, ele houvesse esquecido sua dinâmica e se deparasse de novo com a sua “espantante” novidade.
Abordando, na infância e na velhice, o começo e o fim não só da vida propriamente dita como de tudo o que existe ou acontece, este livro apresenta uma densidade e uma elaboração que são evidentes, mesmo em observações absolutamente infantis: “Miguilim não tinha vontade de crescer, de ser pessôa grande, a conversa das pessôas grandes era sempre as mesmas coisas secas, com aquela necessidade de ser brutas, coisas assustadas.” Os episódios sucedem-se dentro de uma lógica narrativa, em que se vai revelando-lhes a função simbólica a cada leitura — porque, como todos os livros de Guimarães Rosa, Manuelzão e Miguilim é para ser lido muitas e muitas vezes, sempre com renovado prazer
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