Desenvolvimento Pessoal E Profissional_A4/A5
Pesquisas Acadêmicas: Desenvolvimento Pessoal E Profissional_A4/A5. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: claudiomax • 17/4/2013 • 643 Palavras (3 Páginas) • 362 Visualizações
Nesta análise sobre o debate étnico-racial, iremos discutir um viés do tema que tem causado muita polêmica e sido intensamente debatido pela sociedade brasileira nos últimos anos, a saber: as políticas de ação afirmativa. Iniciaremos essa discussão trazendo alguns elementos para pensar a complexa definição de raça, cor e grupo étnico.
Anteriormente, vimos que, no Brasil, as diferenças de raça ou cor se traduzem, muitas vezes, em desigualdades sociais. Desse modo, as políticas de ação afirmativa, implementadas pelo governo ou pelas empresas, têm o objetivo de promover condições de acesso a oportunidades de ensino e de trabalho mais igualitárias para todos. A intenção dessas políticas é que, depois de um determinado período de sua aplicação, as desigualdades sociais e raciais históricas sejam eliminadas. As ações afirmativas podem ter por base tanto critérios raciais como também sociais, de gênero, orientação sexual ou deficiência física. A grande polêmica atual diz respeito, contudo, à implantação de cotas raciais. Nesta aula, apresentaremos a fundamentação teórica dessa discussão e as opiniões que têm sido expressas nos debates públicos, esperando, desse modo,enriquecer sua reflexão sobre o tema.
Raça, cor e grupo étnico
Quando se pensa na implementação de políticas de ação afirmativa, baseadas em critérios raciais, um dos primeiros problemas enfrentados é estabelecer como raça, cor ou grupo étnico são definidos. Você já deve ter ouvido alguém dizer que, no Brasil, o preconceito não é de origem, como nos Estados Unidos, mas de cor ou marca. Essa ideia não é nova. Na década de 1950, o antropólogo brasileiro Oracy Nogueira desenvolveu o tema no artigo “Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem”. Ele afirmava que,nos Estados Unidos, a discriminação se dava com base em argumentos biológicos. Isto é, uma pessoa é considerada negra porque descende de uma família negra. No Brasil, ao contrário, a definição de uma pessoa como negra relaciona-se à sua aparência, principalmente a características fenotípicas, tais como o formato do nariz, o tipo de cabelo e a cor da pele. Assim, quanto mais a pessoa se aproxima da branquitude, menos associada ela é à raça negra e, por isso, também menos discriminada. O preconceito de marca ou de cor é, então, baseado na aparência das pessoas, enquanto o preconceito de origem se fundamenta na ideia de sangue. Essa diferença teria levado a constituições bastante distintas do debate racial no Brasil e nos Estados Unidos. Oracy Nogueira destacava que, nos Estados Unidos, havia uma divisão binária entre negros e brancos, cada um com uma consciência própria e uma solidariedade dentro desses grupos raciais. No Brasil, de modo distinto, os indivíduos se definiam por meio de um amplo espectro relacionado à aparência racial e as reações ao preconceito tendiam a ser individuais. O antropólogo destacava, ainda, que, no país, outros elementos atuariam nessa classificação, como a questão de classe. Por exemplo, o mesmo sujeito poderia ser definido como branco ou como mulato mais claro ou mais escuro de acordo com sua situação de classe. Assim, quanto maior o grau de instrução e a condição econômica de um indivíduo, mais ele se aproximaria, de acordo com Oracy Nogueira, da branquitude nesse amplo espectro de cor.
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