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Discauculia

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Por:   •  8/4/2013  •  3.840 Palavras (16 Páginas)  •  1.612 Visualizações

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CONHECENDO A DISCALCULIA

De acordo com o código internacional de doenças, os transtornos de aprendizagem

(...) são transtornos nos quais os padrões normais de aquisição de habilidades são perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Eles não são simplesmente uma conseqüência de uma falta de oportunidade de aprender nem são decorrentes de qualquer forma de traumatismo ou de doença cerebral adquirida. Ao contrário, pensa-se que os transtornos originam-se de anormalidades no processo cognitivo, que derivam em grande parte de algum tipo de disfunção biológica. (CID – 10).

Dentre os transtornos de aprendizagem existe uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números, que tem sido denominada por muitos como Discalculia.

A palavra Discalculia vem do grego (dis=mal) e do latim (calculare=contar) formando: contando mal. A palavra calculare vem, por sua vez, de cálculo, que significa o seixo ou um dos contadores em um ábaco.

Estudos científicos comprovam que para execução de processos mentais como nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos, enumerar, comparar, manipular objetos entre outras tarefas, somente se efetivam com a participação de um complexo sistema funcional do cérebro, onde se associam um conjunto de estruturas corticais.

Por outro lado, quando, durante o desenvolvimento infantil ocorrem distúrbios de caráter maturacional em algumas estruturas do cérebro; estes, possivelmente, só serão percebidos após o ingresso da criança na escola. Ao iniciarem o processo de construção das noções matemáticas, se manifestarão as carências das condições internas para a aprendizagem e com isso o desempenho aritmético tende a ser abaixo do esperado para sua idade.

Esse transtorno que apresenta predisposição genética caracteriza-se pela inferioridade substancial da capacidade para realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático em relação à média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo; prejuízos significativos em tarefas cotidianas com cálculos; prejuízos em habilidades lingüísticas, perceptuais, de atenção e matemáticas. (DSM-IV)

A discalculia afeta ainda processos cognitivos como a memória de trabalho, a memória em tarefas não-verbais, em tarefas de escrita, em habilidades viso-espaciais, nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

No DSM-IV é feita uma importante observação quanto à prevalência do Transtorno da Matemática. Nele se coloca a dificuldade em se estabelecer isso, uma vez que os estudos realizados se concentram na prevalência dos Transtornos da Aprendizagem, sem o cuidado de separar transtornos específicos da Leitura, Matemática ou Expressão Escrita.

Enfatiza ainda, que a prevalência do Transtorno da Matemática isoladamente (isto é, quando não encontrado em associação com outros Transtornos da Aprendizagem) é estimada como sendo de aproximadamente um em cada cinco casos de Transtorno da Aprendizagem. Afirma que em estimativas, 1% das crianças em idade escolar têm Transtorno da Matemática.

Segundo Kocs (apud Garcia, 1998) a Discalculia pode ser classificada em seis subtipos:

1. Discalculia verbal- dificuldades para nomear as quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.

2. Discalculia léxica- dificuldades na leitura dos símbolos matemáticos.

3I. Discalculia gráfica- dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.

4. Discalculia practognóstica- dificuldades para enumerar,comparar e manipular objetos reais ou em imagens matematicamente.

5. Discalculia operacional- dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.

6. Discalculia ideognóstica- dificuldades em realizar operações mentais e na compreensão de conceitos matemáticos.

1.2 - Causas e Consequências

A partir de pesquisas envolvendo a aquisição do conceito de numerosidade em seres humanos e animais, Dehaene (aput Mônica Weinstein) propôs que o desenvolvimento de um “senso numérico” ou de uma habilidade simbólica para números é muito precoce nos seres humanos. Há, inclusive, evidências de atividade elétrica cerebral em lactentes de 3 meses, em reação à mudança do número e da identidade dos objetos (Izard; Dehaene-Lambertz; Dehaene S., apud Mônica Weinstein). Uma disfunção nesta habilidade ou senso numérico seria o cerne da discalculia. Esse transtorno específico tem sido denominado “discalculia do desenvolvimento”.

Além do funcionamento cerebral e da genética, o mau ensino, o currículo pobre e a ansiedade matemática generalizada podem contribuir para o quadro da discalculia, mas não são a causa da discalculia do desenvolvimento (Shalev, apud Mônica Weinstein).

Estudos na área da neuropsicologia apontam para o comprometimento do funcionamento de algumas áreas do cérebro.

A região cerebral mais importante para as habilidades matemáticas é o lobo parietal. Porém, muitas áreas cerebrais estão envolvidas e necessitam estar em perfeito funcionamento para o bom desempenho em matemática. Isto significa que fazer cálculos, aprender a tabuada e entender as histórias matemáticas dependem de várias funções mentais que precisam estar íntegras. Enquanto na leitura a linguagem é a principal função cognitiva envolvida, na matemática muitas funções agem conjuntamente e o comprometimento de um delas já pode trazer problemas no aprendizado. Daí a necessidade de uma avaliação neurocognitiva detalhada no estudo de crianças com discalculia.

Quando se tem afetadas áreas terciárias do hemisfério esquerdo, acentuam-se as dificuldades da leitura e compreensão dos problemas verbais e da compreensão de conceitos matemáticos;

O funcionamento inadequado nos lobos frontais dificulta a realização de cálculos mentais rápidos e a aplicação de habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata.

Distúrbios ocorridos nas áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultam a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos.

Falhas na ativação do funcionamento do lobo temporal esquerdo dificultam a memória de séries e as realizações matemáticas

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