ECOLOGIA E A CRISE AMBIENTAL
Artigo: ECOLOGIA E A CRISE AMBIENTAL. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: biancachags • 18/9/2014 • 2.665 Palavras (11 Páginas) • 369 Visualizações
O homem se defronta com uma crise ecológica. Esta crise evoluiu em conseqüência da má administração crescente do meio natural e do crescimento desenfreado das populações humanas. A crise não apenas ameaça suas chances de realizar um modelo de vida condizente com a presente população humana mas também suas possibilidades de continuar a existir como espécie.
Os sinais de ameaça da crise aparecem em problemas específicos, tais como o (a) desequilíbrio da produção de alimentos e do crescimento da população humana, (b) a redução da produtividade de vastas áreas de terra, (c) o mau uso e a poluição das águas, (d) a mudança gradual dos climas regionais e globais como resultado das atividades urbanas e das técnicas agrícolas, (e) a destruição de importantes espécies da fauna selvagem e a alteração das comunidades naturais e a (f) proliferação de organismos transmissores de doenças e epidemias. Estes problemas são sintomas de distúrbios de processos efetuados a nível de Biosfera como um todo, distúrbios esses capazes de reduzir a níveis mortais a qualidade e a produtividade do meio natural mundial. Por último, contribuem em grande escala para criar a instabilidade política do mundo moderno.
Muitos fatores de ordem cultural, econômica e histórica contribuíram para o surgimento destes problemas (White, 1967; Cole, 1970; Marx, 1970). Na origem, porém, está a exploração cada vez maior por parte do homem dos recursos naturais, sua ignorância das leis que regem os sistemas biológicos, a exploração incontrolada e a inabalável fé na tecnologia para resolver tais problemas que evoluem em proporções cada vez maiores.
A população humana atingiu um nível em que as exigências de recursos naturais requerem uma exploração maciça de todos os ambientes terrestres, fluviais e marítimos. A exploração de certos recursos alimentares tais como a pesca marítima (Borgstrom, 1970) está se aproximando de um nível máximo possível. Ao mesmo tempo, o homem mostra-se profundamente ignorante em relação aos fatores básicos responsáveis pela produção destes recursos e relativamente às conseqüências, a longo prazo, de seus métodos de exploração.
A tecnologia acarretou maiores problemas além dos da super exploração. As atividades agrícolas, industriais e urbanas tornaram-se agentes de padrões globais de poluição, alguns dos quais ameaçam os processos básicos da Biosfera. A tecnologia chegou a um ponto tal que novos desenvolvimentos podem levar a conseqüências prejudiciais, de caráter universal, antes que possam ser avaliados seus efeitos. (Commoner, 1966).
A Ecologia tem sido tradicionalmente definida como o ramo da Biologia que estuda os relacionamentos entre os organismos e seu ambiente. Porém, no contexto da evolução da crise ambiental, a ecologia torna-se algo mais, a "ciência da sobrevivência" . Para mostrar este aspecto e também a diversidade e complexidade dos efeitos ecológicos das atividades atuais do homem, vamos tomar um exemplo em particular. Este exemplo, apenas um entre os muitos que poderíamos escolher, tornou-se um caso clássico da ignorância ecológica e estreiteza de vista humana. Refere-se à Represa de Assuã, que foi concluída no rio Nilo, na República Árabe Unida (RAU) - Egito.
A Represa de Assuã
A economia inteira do Egito depende da ecologia do Nilo. O rio Nilo, o maior do mundo, entra no Egito pelo sul, arrastando água, limo e nutrientes das montanhas da Etiópia, 1.500 milhas ao sul. Corre em direção ao norte através do deserto de Saara, onde o índice pluviométrico anual vai de 10 polegadas até aproximadamente zero e, em seguida, deságua no Mar Mediterrâneo por um rico delta com cerca de 100 milhas de extensão.
O vale do rio Nilo, abrangendo cerca 1/3 da área total do Egito, constitui assim, o centro da agricultura e da população. A maioria dos 33 milhões de habitantes da RAU ali reside. Até a construção da Represa de Assuã, esta população dependia da produção agrícola de cerca de 6 milhões de acres da várzea do rio, aumentada por uma crescente atividade pesqueira no Mediterrâneo e pela importação de alimentos.
Historicamente, o modelo agrícola do vale do rio Nilo depende estreitamente do ciclo anual do rio. O seu CURSO é rigorosamente periódico. De agosto a novembro é o período das chuvas estacionais nas montanhas da Etiópia e, consequentemente, o período do volume máximo do Nilo. No baixo vale do Nilo é este um período de inundações de grande parte das terras planas das margens do rio. Embora esta inundação possa ser ocasionalmente prejudicial, é sobretudo benéfica. Supre de água o solo, arrasta os sais, e deposita uma nova camada de limo orgânico que age como fertilizante. Com efeito, esta inundação anual conservou o vale do Nilo como uma das áreas mais férteis do planeta, não obstante o cultivo ininterrupto por milhares de anos.
Os moradores do vale do Nilo nunca ignoraram sua dependência do rio, bem como das enchentes anuais que regavam grandes extensões de sua terra cultivada. As pressões duma população explosiva levaram a tentativa de expandir e intensificar a agricultura ao longo do Nilo, principalmente através do controle do rio por represas e pelo desvio das águas para a irrigação durante o ano. O Nilo, de fato, está represado em vários lugares. Em Assuã, ao sul, a represa elevada de Assuã é a quarta duma série que vem desde 1902.
A Represa de Assuã, planejada pelo Presidente Gamal Abdul Nasser e quase totalmente financiada por recursos externos da Rússia, visava, de uma vez por todas, modernizar a agricultura e possibilitar a industrialização da RAU. Destinava-se a acrescentar 1,3 milhões de acres à área de terra cultivada e possibilitar a colheita, durante todo o ano, de grande parte do solo cultivado. Tratava-se também de obter energia elétrica barata para acelerar a industrialização. Com estes resultados Nasser tinha a intenção de fazer da Represa de Assuã um monumento vivo de sua chefia frente a RAU.
A Represa de Assuã, a maior do mundo no gênero, foi concluída em 1970, depois de 11 anos de trabalho e ao custo de um bilhão de dólares. O Lago Nasser, formado pela represa, foi projetado para 310 milhas de comprimento e uma superfície de aproximadamente 2000 milhas quadradas. Destinava-se o lago a acumular 163 milhões de metros cúbicos de água - suficientes para proporcionar uma reserva de irrigação para um período de vários anos de baixo fluxo do rio (Sterling, 1971). Os 12 geradores da represa foram projetados para produzir anualmente 10 bilhões de quilowatts de energia elétrica.
Tudo isso foi planejado para permitir
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