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EDUCAÇÃO DO CAMPO E SUAS PECULIARIDADES

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Por:   •  25/6/2014  •  3.525 Palavras (15 Páginas)  •  521 Visualizações

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EDUCAÇÃO DO CAMPO E SUAS PECULIARIDADES

Cristina Depetris1

Resumo

O artigo em questão faz uma reflexão acerca da educação do campo e suas especificidades no que tange o sujeito, sua cultura, seus valores. Com informações sobre o contexto histórico da educação do campo o documento trás contribuições que forneçam a compreensão sobre aspectos que determinam quem é o homem do campo e a relação deste sujeito com a produção. Reflete também a importância da educação estar direcionada para atender as características desta gente, tendo em vista as necessidades de conhecimento científico atrelado com as como suas relações de trabalho. Os povos do campo estão inseridos nas relações sociais do mundo capitalista e elas precisam ser desveladas na escola.

Palavras-chave: Educação do Campo, políticas educacionais, singularidade.

abstract

The article in question is a reflection on the education field and its specifics regarding the subject, their culture, their values​​. With information about the historical context of the field of education the document behind contributions that provide insight into the aspects that determine who is the man of the field and its relation with the subject production. Also reflects the importance of education to be targeted to meet the characteristics of people, keeping in view the needs of scientific knowledge coupled with how their working relationships. People in the countryside are inserted in the social relations of the capitalist world and they need to be unveiled at school.

Keywords: Field Education, educational policies, uniqueness.

Introdução

Construída num espaço de lutas dos movimentos sociais e sindicais do campo, a Educação do Campo é traduzida como uma “concepção político pedagógica, voltada para dinamizar a ligação dos seres humanos com a produção das condições de existência social, na relação com a terra e o meio ambiente, incorporando os povos e o espaço da floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, os pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos, quilombolas, indígenas e extrativistas” (CNE/MEC, 2008).

Discutida atualmente como política pública para demandar atendimento de qualidade ao homem do campo, a educação do campo tem um contexto histórico de pouca atenção por parte das políticas educacionais. O público do campo não foi valorizado de modo a receber o conhecimento científico, ou recebeu, mas não teve a oportunidade de integrá-lo as suas relações de trabalho, bem como a sua cultura e valores.

Neste sentido este trabalho tem por objetivo fazer reflexões acerca das peculiaridades dos povos do campo, considerando alguns momentos que envolveram a história desta gente. O presente também faz considerações acerca da qualidade do ensino ofertado ao homem do campo, no que tange o olhar para comunidades que trazem consigo características muito específicas, as quais devem ser consideradas no momento de pensar políticas de educação para si. Sujeitos históricos que necessitam do conhecimento científico, mas acima de tudo que este conhecimento esteja atrelado com a realidade local para que leve significado para a atuação no campo.

Considerações históricas e contemporâneas

Para entender os processos que construíram concepções e deixaram resquícios acerca dos povos que residem na zona rural é importante fazer uma reflexão acerca do contexto histórico que engloba a Educação do Campo.

Tem-se que o homem rural é aquele que normalmente servia os latifundiários, não necessitava obter o conhecimento científico, uma vez que a sua função era apenas de segurar no cabo da enxada.

Buscando nos registros históricos pode-se perceber que no final da época do império existiu uma preocupação, embora tenha se formado um ideário de que a educação deveria ser destinada aos filhos de fazendeiros, comerciantes, artesãos, menos para os trabalhadores que viviam e trabalhavam no campo.

Historicamente o campo não recebeu uma educação de qualidade. Isso representa, sem dúvida, uma das maiores dívidas históricas do país para com o povo do campo. Reflete-se sobre a necessidade de pesquisar as desigualdades econômicas e sociais que ainda permeiam a educação do campo.

De acordo com, Carvalho (2008, p. 54), percebe-se que no início do século XX, principalmente nas três primeiras décadas o Brasil tinha uma predominância agrícola, no entanto o país não tinha uma política pensada para esses povos do campo.

Na década de 1960, a educação entrou em processo de universalização para atender as novas necessidades da economia em curso. As escolas, agora escolas públicas, também destinadas aos pobres, à classe trabalhadora, passaram a ter como finalidade, a formação de técnicos para a indústria. A partir desta década muitas escolas situadas nas áreas rurais começaram a ser desativadas, ficando seus prédios abandonados. Na prática, a escola no Brasil historicamente produziu um quadro de exclusão das camadas baixas da sociedade. De acordo com Castro, além de a escola da segunda metade do século XX ser excludente,

[...] não se tornou uma instituição democrática. Ela não é acessível a todas as classes sociais [...]. Exige, portanto, que eles (os alunos) percebam o sentido de suas atividades e respondam a suas demandas [...] demonstra que é uma instituição burguesa, pois opera um modelo elitista ajustado apenas à realidade das classes privilegiadas (2003, p. 29).

Percebe-se que o desenvolvimento industrial era o maior interesse do estado apontando diretrizes às escolas primárias em propriedades rurais que seriam aproveitadas posteriormente nas indústrias instaladas nas cidades.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961 registra no Título III, art. 32 não fazia menção à educação rural, apenas registrava que os camponeses tivessem o seu direito à educação atendidos.

Os proprietários rurais que não puderem manter escolas primárias para as crianças residentes em suas glebas deverão facilitar-lhes a frequência às escolas mais próximas, ou propiciar a instalação e funcionamento de escolas públicas em suas propriedades (BRASIL, 1961).

No final da década de 80 e início dos anos 90, a ideia

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