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Educação No Campo

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Por:   •  13/6/2014  •  Tese  •  1.417 Palavras (6 Páginas)  •  191 Visualizações

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Educação do Campo

“A educação do campo com suas características, necessidades próprias e pluralidade como fonte de conhecimento é um direito e uma oportunidade que o Estado Democrático deve assegurar a todas as pessoas que vivem e trabalham no campo”.

“Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo”

Historicamente o campo brasileiro é negligenciado pelo poder público, principalmente no que se refere a políticas públicas relacionadas à educação. Esse fato condicionou a história da educação escolar no campo a um patamar inferior a educação existente na cidade, deixando como herança um quadro de precariedades no funcionamento das escolas camponesas: falta de materiais disponíveis para o trabalho pedagógico, a infra-estrutura e os espaços físicos inadequados, as escolas mal distribuídas geograficamente, a falta de condições de trabalho, salários defasados, ausência de formação inicial e continuada adequada ao exercício docente no campo e um ensino descontextualizado à vivência no campo. Isso acasionou, entre outros problemas, o aumento significativo do analfabetismo, sendo ainda hoje uma das localidades geográficas com maior índice de analfabetos do Brasil.

Durante a década de 70, passou a vigorar no estado brasileiro a concepção neoliberal de “desenvolvimento”, na qual o campo foi ainda mais desconsiderado, negado e abandonado. Através dessas concepções de modernização o campo passa a ser alvo de expeculações por parte dos grandes produtores, proprietários de terras e o estado com iniciativas de implementação da mecanização do campo, e o incentivo do agronegócio, provocando com isso a expulsão dos camponeses do seu meio de produção que é a terra, ocasionando significamente o esvaziamento do campo com o êxodo rural.

Diante disso, foram surgindo ao longo dos anos, iniciativas de luta por parte dos movimentos sociais do campo, na perspectiva de resistência e persistência de continuidade na terra, através desta nasce à necessidade de se pensar em uma educação com outra lógica para o campo, uma educação que reconhecessem as especificidades e valores de quem vive no e do campo. Luta essa, sempre pautada nas bandeiras de ação de organizações não governamentais, movimentos sociais e sindicais, instituições de ensino, etc.

Como forma de combater a exclusão do campo, em meados da década de 1990 é pontuado a nível nacional o debate da “Educação do Campo”. Inicialmente esse processo foi gestado pelas seguintes entidades: MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), UNB (Universidade de Brasília), UNICEF ( Fundo das nações Unidas para a Infância), UNESCO ( Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), nesse contexto a Educação do Campo ganha maior visibilidade e muitos outros movimentos somam forças na luta por uma educação até então negada para os povos do campo. Nesse cenário começam grandes mobilizações nacionais envolvendo várias entidades e movimentos sociais populares do campo, propondo a necessidades de se discutir a fundo essa questão.

Após vários debates, acontece a I Conferência Nacional de Educação do Campo, realizada em 1998 e a II Conferência Nacional de Educação do Campo, realizada em 2004, bem como os fóruns, GT´s ou redes, a exemplo da “Rede Mineira Por uma Educação do Campo”, constituída em 1997, articulando movimentos sociais e sindicais que atuam no campo, comprometidos com uma educação que contemple as especificidades dos povos do campo e que promova melhores condições de vida e educação.

A educação do campo, tal como foi concebida em sua materialidade de origem, pauta princípios fundamentais para que se efetive sua implementação, que vai além dos muros da escola, perpassando a comunidade e, consequentemente, os sujeitos envolvidos. Ela tem como principal finalidade alimentar a reflexão, motivar a mobilização das bases e favorecer o desenvolvimento do campo, tornando-a um espaço que possa oferecer às pessoas condições dignas de sobrevivência.

A Educação do Campo e no campo ocorre tanto em espaços escolares como fora deles. Envolve saberes, métodos, tempos e espaços físicos diferenciados. Portanto, não são apenas os saberes construídos na sala de aula, mas também aqueles construídos na produção, na família, na convivência social, na cultura, no lazer e nos movimentos sociais. A sala de aula é um espaço específico de sistematização, análise e de síntese das aprendizagens, se constituindo assim, num local de encontro das diferenças, pois, é nela que se produzem novas formas de ver, estar e se relacionar com o mundo.

Quando se fala em Educação do Campo em sua materialidade de origem, na qual foi concebida, remete-se a um projeto para o campo, entendendo que a escola tem papel fundamental nas mudanças de paradigmas sociais que se buscam construir, que ela por si só não concretiza o desenvolvimento, mas sem ela esse desenvolvimento não se constitui de forma sustentável, conforme Silva (2004): “... a escola não constrói o Projeto de desenvolvimento sustentável, mas não há como implementar um projeto de desenvolvimento do campo sem um projeto de educação”.

O trecho abaixo foi retirado do livro “Por uma Educação Básica do Campo” texto – base da I conferência de Educação do Campo. Organizado por: Edgar Jorge Kolling, Ir. Nery, Mônica Castagna Molina

1. Um primeiro desafio que se tem a pereceber qual educação está sendo oferecida ao meio rural e que concepção de educação está presente nessa oferta. Ter isso claro ajuda na forma de expressão e implementação desta proposta. A educação do campo precisa ser uma educação específica e diferenciada, isto é, alternativa. Mas, sobretudo, deve ser educação, no sentido amplo do processo de formação

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