Estrutura De Madeira
Artigos Científicos: Estrutura De Madeira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Guran • 24/4/2013 • 3.773 Palavras (16 Páginas) • 1.159 Visualizações
PATOLOGIA, AVALIAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE ESTRUTURAS DE MADEIRA*
Helena Cruz
Núcleo de Estruturas de Madeira, Laboratório Nacional de Engenharia Civil Avenida do Brasil, 101. 1700-066 Lisboa helenacruz@lnec.pt
1. FACTORES DE DEGRADAÇÃO DA MADEIRA
O tempo por si só (idade), não produz depreciação das características da madeira. Embora seja comum encontrar peças de madeira em serviço com maior ou menor grau de deterioração, são igualmente conhecidos numerosos exemplos de estruturas ou artefactos de madeira em bom estado, apesar de contarem várias centenas ou mesmo milhares de anos, em consequência de uma exposição a condições ambientais particulares que não favoreceram a sua deterioração.
Com efeito, a degradação de elementos de madeira surge como resultado da acção de agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos aos quais este material é sujeito ao longo da sua vida.
Os agentes atmosféricos (sobretudo a conjugação da luz solar e da chuva) provocam alterações de cor e textura, que se traduzem na tonalidade acinzentada da madeira “velha”. Estas alterações, que consistem numa decomposição química dos compostos da madeira por acção da radiação ultra-violeta, eventualmente alternada por deslavagem da camada degradada por efeito da chuva, correspondem no entanto a uma deterioração meramente superficial, sem outras consequências além das estéticas.
Uma habitual fonte de problemas para a madeira reside no contacto com a água ou humidade ambiente elevada. Importa no entanto reter que a humidade, por si só, não degrada a madeira mas potencia o risco de degradação deste material por determinados agentes biológicos, no sentido em que estes só atacam a madeira quando o seu teor em água atinge determinados valores. Especificamente, quando a madeira permanece em condições de humidade elevada por períodos longos, pode ser atacada por fungos ou por térmitas subterrâneas que dela se alimentam.
* comunicação previamente apresentada em:
II CURSO LIVRE INTERNACIONAL DE PATRIMÓNIO.
Associação Portuguesa dos Municípios com centro histórico; Forum UNESCO Portugal. Santarem, Fevereiro/Março de 2001
Refira-se ainda que, apesar das variações de humidade ambiente, e a consequente alteração do teor em água da madeira, provocarem variações dimensionais e de resistência mecânica das peças (as dimensões aumentam e a resistência diminui para um acréscimo de teor em água), trata-se de um efeito reversível. Ou seja, embora os ciclos de secagem e humedecimento poderem conduzir ao desenvolvimento de fendas e empenos, geralmente sem implicações para a resistência mecânica, a madeira recupera as dimensões e a resistência inicial quando o seu teor em água volta ao valor inicial.
Também as condições de carga afectam a estrutura. É sabido que elementos estruturais que tenham estado sujeitos a esforços muito elevados (próximos da respectiva tensão de rotura), poderão ter sofrido danos internos capazes de reduzir a sua capacidade de carga. A introdução de esforços inadequados devidos a modificações intencionais (adaptações, alteração de áreas) ou acidentais (cedência de apoios, etc) do funcionamento estrutural tem sido uma frequente causa de danos.
Sem pôr em causa o que foi anteriormente dito relativamente aos efeitos da humidade sobre a resistência e a estabilidade dimensional, é sabido que a humidade elevada também amplia os fenómenos de fluência da madeira, provocando grandes deformações sob a acção de cargas, pelo que uma história de carga severa associada a níveis elevados de humidade pode ser particularmente gravosa.
Importa, no entanto, salientar que são os agentes biológicos a causa mais frequente de deterioração das estruturas de madeira, sendo mesmo os responsáveis pela maioria das situações de rotura parcial ou total das estruturas. Destacam-se, pela sua importância (em meio terrestre), os seguintes: fungos de podridão, térmitas e carunchos – sobretudo o caruncho grande.
Devido às diferentes condições de desenvolvimento e características da deterioração causada, os problemas causados pelos referidos agentes revestem-se de aspectos também distintos. Enquanto uma infestação por caruncho, independentemente da sua intensidade, afecta frequentemente zonas extensas da construção, podendo constituir um problema generalizado de toda a madeira susceptível aplicada no edifício, uma infestação por térmitas ou o desenvolvimento de podridão afectam normalmente zonas circunscritas da construção (junto de fontes de humidificação), mas por causarem uma destruição intensa da madeira nesses pontos, podem ocasionar sérios danos estruturais.
2. DEGRADAÇÃO DA MADEIRA POR AGENTES BIOLÓGICOS
2.1 Risco de ataque e susceptibilidade
A eventual susceptibilidade de uma madeira ao ataque por agentes biológicos é uma característica intrínseca da espécie de madeira em causa (durabilidade natural). Informação relativa às características de durabilidade natural e de tratabilidade de algumas espécies com interesse comercial na Europa pode ser encontrada na norma NP EN 350-2 [6].
Por outro lado, ainda que uma espécie seja susceptível de ataque por determinado agente, esse ataque só se verifica se existirem condições favoráveis ao seu desenvolvimento, como sejam
temperatura ambiente, ar e humidade em quantidades adequadas a cada um deles. Por essa razão, foram definidas as seguintes Classes de risco biológico, em função das condições de aplicação da madeira:
1 – sem contacto com o solo, sob coberto e seco (com teor em água h≤20%);
2 – sem contacto com o solo, sob coberto mas com risco de humidificação
(ocasionalmente h>20%);
3 – sem contacto com o solo, não coberto (frequentemente h>20%);
4 – em contacto com o solo ou a água doce (permanentemente h>20%);
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