FENOMENOLOGIA ATUAL
Ensaios: FENOMENOLOGIA ATUAL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: saveli.saboia • 16/1/2015 • 727 Palavras (3 Páginas) • 452 Visualizações
Fenomenologia da época atual
As ideias que hoje parecem ser hegemônicas se
manifestam como expressão de crise na medida em
que não se afirmam positivamente, mas expressam-se
como negação daquilo que é denominado a “metafísica
do sujeito”, característica da modernidade.
Daí a crítica à razão, à consciência, às noções de
verdade e de objetividade, a substituição da epistemologia
pela linguística e da lógica pela semântica,
chegando-se à conclusão de que não faz sentido se
falar em conhecimento das coisas, já que tudo se resume
a “jogos de linguagem”. Mas afirmar que “tudo
é linguagem” não é um enunciado metafísico? E, no
entanto, isso é afirmado precisamente como forma de
se contrapor exatamente à metafísica que teria caracterizado
as concepções filosóficas anteriores, em especial
aquela da modernidade.
Nesse contexto, o século XX parece um parêntesis
histórico, uma espécie de sonho (para os socialistas) ou
um pesadelo (para a burguesia) de que o capitalismo
seria ultrapassado, cedendo lugar a uma sociedade
socialista. Acordamos, no final desse século, os primeiros
com a desilusão de que foi apenas um sonho e os
segundos com o alívio de que tinha sido somente um
pesadelo. E retomam-se as críticas à razão que haviam
marcado as principais tendências filosóficas da passagem
do século XIX para o século XX, como se este
último século não tivesse existido.
Retomemos o fio da história para tentar dissipar
essas falácias filosóficas.
A ideia de que a metafísica é algo que está além
da física, entendido este “além” como algo que a ultrapassa
porque a precede e a fundamenta, deriva de uma
leitura de Aristóteles que não corresponde nem à forma
como se desenvolveram os estudos desse filósofo, nem
ao modo como foram dispostos os seus escritos. Com
efeito, os estudos sobre a física precederam os da metafísica,
cujo nome, por sua vez, deriva do fato de que,
na organização da obra de Aristóteles, foram chamados
de metafísicos aqueles que foram postos depois dos
escritos sobre a física.
Ao mesmo tempo, sabemos também que foi a física
aristotélica, de caráter ptolomaico, que esteve na base da
sua metafísica. Tanto assim que, com a substituição da
física ptolomaica pela física de Copérnico, no final da
Idade Média, a metafísica aristotélica veio a ruir, o que
colocou a necessidade de uma nova metafísica, de base
copernicana. Essa foi a tarefa que se impôs Descartes,
tendo-a formulado no Discurso do Método, obra que
inaugura a filosofia moderna, e dando-lhe uma forma
acabada nas Meditações sobre a filosofia primeira.
A metafísica dos tempos antigos e medievais,
isto é, a metafísica aristotélica, era uma metafísica do
objeto (ou objetivista). Em contrapartida, a metafísica
da modernidade era uma metafísica do sujeito (ou
subjetivista).
Entretanto, não procede a afirmação de que a
metafísica é um pensamento substantivador, isto é, que
atribui às suas ideias centrais o caráter de substância,
ou seja, de uma coisa que se sustenta em si e por si.
Esse entendimento tem levado a se considerar que a
metafísica da modernidade, por ser uma metafísica do
sujeito, consideraria o
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