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HISTÓRIA DA ENGENHARIA NO BRASIL

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Por:   •  1/3/2015  •  2.576 Palavras (11 Páginas)  •  357 Visualizações

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HISTÓRIA DA ENGENHARIA NO BRASIL

Texto extraído do livro História da Engenharia no Brasil, de Pedro Carlos da Silva Telles, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A , 1984.

O conceito atual de engenheiro, isto é, uma pessoa diplomada e legalmente habilitada a exercer alguma das múltiplas atividades da engenharia, é relativamente recente, podendo-se dizer que data da Segunda metade do Século XVIII.

A École Nationale des Ponts et Chaussés, fundada em Paris em 1747, por iniciativa de Daniel Trudaine, parece ter sido o primeiro estabelecimento de ensino, em todo o mundo, onde se ministrou um curso regular de engenharia, e que diplomou profissionais com esse título. Da mesma época é a École Nationale Supérieure des Mines, também de Paris, que formava engenheiros de minas. O nome de engenheiro civil teria sido usado, pela primeira vez, pelo engenheiro inglês John Smeaton – um dos descobridores do cimento Portland – que assim autodenominou em fins do Século XVIII. Em 1818 fundou-se em Londres o Instituto de Engenheiros Civis, com a principal finalidade de defender e prestigiar o significado da profissão, ainda desprezada e mal compreendida, mesmo nos centros mais avançados do mundo.

Antes dessa época, muita gente houve, é claro, que se ocupou de diversas tarefas que hoje são atribuições do engenheiro, e aí estão para provar as incontáveis e magníficas construções e outras obras de engenharia, desde a Antigüidade. Os construtores antigos, entretanto, mesmo tendo realizado muitas obras difíceis e audaciosas, contavam principalmente com uma série de regras práticas e empíricas, sem base teórica, embora tivessem evidentemente, em muitos casos, exata noção de estabilidade, equilíbrio de forças, centro de gravidade etc. As obras que fizeram, muitas das quais até hoje causam admiração, são por isso muito mais fruto do empirismo e da intuição, do que de cálculo e de uma verdadeira engenharia, como entendemos atualmente. Pode-se dizer que a engenharia científica só teve início quando se começou a chegar a um consenso de que tudo aquilo que se fazia em bases empíricas e intuitivas, era na realidade regido por leis físicas e matemáticas, que importava descobrir e estudar. Leonardo da Vinci e Galileu, nos Séculos XV e XVII, podem ser considerados como os precursores da engenharia científica. Leonardo fez a primeira tentativa de aplicar a estática para a determinação das forças atuando em uma estrutura simples, ou seja, a primeira aplicação da matemática à engenharia estrutural. Seus estudos, entretanto, nunca foram publicados e permaneceram ignorados por séculos. Galileu publicou, em 1638, o famoso livro As Duas Novas Ciências, que trata, entre outros assuntos, da resistência de vigas e de colunas, sendo assim o primeiro livro, em todo mundo, no campo da resistência dos materiais.

Daí por diante, aos poucos a engenharia foi se estruturando, à medida também que se desenvolviam as ciências matemáticas, mas somente no Século XVIII foi possível chegar-se a um conjunto sistemático e ordenado de doutrinas, que constituíram a primeira base teórica da engenharia. A lei de Hooke, princípio básico da resistência dos materiais, é de 1660; o cálculo infinitesimal, ferramenta fundamental da análise matemática, foi descoberto por Newton e Leibniz em 1674. Em 1729, publica-se a primeira edição do livro La Science des Ingénieurs, do engenheiro militar francês General Belidor, que teve muitas edições e foi um texto clássico, durante muito tempo. Esse livro, o primeiro em que se sistematizou o que havia até então na ciência do engenheiro, é o primeiro, também, embora esses tipos de construção já fossem empregados empiricamente desde a Antigüidade.

Os estudos de Bernouilli, de Euler e de Navier, que fundaram a hidrodinâmica e a teoria das estruturas, são de meados do Século XVIII e início do XIX. Em 1798, é publicado o livro de Girard, primeiro livro especificamente a tratar da resistência dos materiais.

Não é por isso de surpreender o excessivo superdimensionamento das construções antigas: o construtor, na impossibilidade de calcular, tinha que se garantir exagerando nas espessuras e nas seções.

A engenharia moderna nasceu dentro dos exércitos; a descoberta da pólvora e depois o progresso da artilharia, obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, principalmente a partir do Século XVII, passaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execução. A necessidade de realizar obras que fossem ao mesmo tempo sólidas e econômicas e, também, estradas, pontes e portos para fins militares forçou o surgimento dos oficiais engenheiros e a criação de corpos especializados de engenharia nos exércitos. Tal se deu em França, em 1716, por iniciativa de Vauban, e em Portugal, em 1763, no reinado de D. José I, como parte da reorganização do exército português, promovida pelo Conde de Lipe, contratado para esse fim pelo Marquês de Pombal.

Em Portugal, desde o início do Século XVIII já havia começado um surto de progresso da engenharia e ciências afins (astronomia, cartografia, etc.), por iniciativa do Rei D. João V, que queria recuperar o atraso em que o país se encontrava, em relação a outras nações. Para esse progresso muito contribuíram Manoel de Azevedo Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de Santo Antão, dirigido pelos padres jesuítas, no qual, desde o Século XVI, havia a Aula da Esfera, onde se ensinava matemática aplicada à navegação a às fortificações, e de onde provieram muitos dos engenheiros militares que atuaram no Brasil-Colônia. Nesse Colégio, o Rei D. João V mandou instalar, em 1739, um observatório astronômico que era tido como um dos melhores da Europa no seu tempo. Azevedo Fortes nunca esteve no Brasil, mas a sua influência foi grande na nossa engenharia, pelos projetos que fez, pelos muitos engenheiros seus alunos que aqui trabalharam e, principalmente, pelo seu livro clássico O Engenheiro Português, verdadeira enciclopédia de todos os conhecimentos de engenharia de sua época.

No Brasil-Colônia vamos ver esses engenheiros construindo não só fortificações como também palácios, igrejas, conventos, aquedutos, etc.

Em 1795, funda-se em Paris, por iniciativa de Gaspard Monge e de Fourcroy, a famosa École Polytechnique, que se tornou o modelo de outras escolas de engenharia pelo mundo afora. Essa escola tinha o curso em três anos, onde professores de alto nível (Monge, Lagrange, Prony, Fourrier, Poisson, etc.) ensinavam as matérias básicas da engenharia, sendo os alunos depois encaminhados a outras escola

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