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Por:   •  25/3/2014  •  3.345 Palavras (14 Páginas)  •  246 Visualizações

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SOBRE OS DOCUMENTOS GOVERNAMENTAIS E INSTITUCIONAIS DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA: UMA ANÁLISE DA RELAÇÃO INSTITUCIONAL ESPERADA

GT 02 – Educação Matemática no Ensino Médio e Ensino Superior

Joelma Iamac Nomura, PUC-SP, Joelma.nomura@terra.com.br

Resumo: Neste artigo propomos discutir algumas respostas obtidas junto à questão de pesquisa Por que deve ser lecionada a Álgebra Linear em um curso de Engenharia Elétrica? A questão investigada na dissertação defendida no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática da PUC-SP proporcionou a investigação de documentos governamentais e institucionais do curso de Engenharia Elétrica como as Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia e as grades curriculares de duas universidades brasileiras. O estudo evidenciou a importância das disciplinas matemáticas frente à formação do profissional atribuída pela interdisciplinaridade entre a Álgebra Linear e outras disciplinas do curso. Sua análise seguiu os pressupostos da Teoria Antropológica do Didático (TAD) (Chevallard, 1999), destacando-se os elementos constituintes da tríade objeto-pessoa-instituição. Identificamos que dentre as universidades pesquisadas apenas uma buscou estabelecer relações entre a Álgebra Linear e demais disciplinas que compõem o chamado ciclo profissionalizante e específico. Por sua vez, todas estabeleceram uma coerência com o pressuposto perfil do profissional sugerido pelas Diretrizes Curriculares que enfatizam a primordial importância das disciplinas matemáticas na formação do engenheiro direcionado à pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Palavras-chave: Álgebra Linear; Engenharia Elétrica; Interdisciplinaridade; Diretrizes Curriculares; Teoria Antropológica do Didático.

Introdução

Este artigo objetiva apresentar os principais resultados da análise de documentos governamentais e institucionais do curso de Engenharia Elétrica quanto à relevância concedida às disciplinas matemáticas frente à formação do profissional. Além disso, busca evidenciar a interdisciplinaridade estabelecida nas grades curriculares de duas universidades brasileiras entre a Álgebra Linear e demais disciplinas do curso.

O trabalho, motivado pela Dissertação de Mestrado defendida em setembro de 2008, apresenta resultados obtidos na análise de respostas pertinentes à seguinte questão: Por que deve ser lecionada a disciplina de Álgebra Linear em uma graduação em Engenharia Elétrica? As respostas foram obtidas através de estudo dos documentos oficiais e institucionais, a saber: as Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia e as Grades Curriculares de duas universidades brasileiras e foram analisadas à luz do referencial teórico de Yves Chevallard, a Teoria Antropológica do Didático (TAD), que focaliza o estudo das organizações praxeológicas didáticas pensadas para o ensino e aprendizagem de organizações matemáticas. Assim, a TAD estuda o homem perante o saber matemático e mais especificamente perante situações matemáticas, situando a atividade matemática, e em conseqüência, a atividade do estudo em matemática, no conjunto de atividades humanas e de instituições sociais.

Para tanto, faz-se necessária a compreensão da tríade: objeto-pessoa-instituição.

De maneira privilegiada encontram-se os objetos que constituem o “material de base” da construção teórica considerada.

Assim, após o estudo desta teoria, assumimos como objeto, alguns conceitos elementares presentes na disciplina Álgebra Linear; como pessoas, os participantes de nossa investigação: professores e alunos; e como instituições, as universidades selecionadas para pesquisa, além de documentos oficiais que regulamentam um curso de Engenharia Elétrica: Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia e Grades Curriculares das universidades investigadas. Dessa forma, conhecer o objeto, no sentido da teoria, é estabelecer uma relação da pessoa ou da instituição com o mesmo.

A seguir, apresentamos algumas considerações sobre as Diretrizes Curriculares para os cursos de Engenharia e a relevância concedida às disciplinas matemáticas na formação do profissional.

As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Engenharia

O cenário mundial destaca o ensino da Engenharia relacionado às capacidades de coordenar informações, interagir com pessoas, interpretar de maneira dinâmica a realidade, não se limitando a solução de problemas de natureza exclusivamente técnica.

Com o objetivo de atingir essas capacidades as reformas curriculares têm apresentado uma preocupação crescente em equacionar problemas que, até então, privilegiam a mera acumulação de conteúdos como garantia para a formação de um bom profissional.

Assim, no Parecer CNE/CES nº 1362/2001, o antigo conceito de currículo, entendido como grade curricular que formaliza a estrutura de uma graduação, é substituído por um conceito bem mais amplo, focado no conjunto de experiências de aprendizado pelo aluno, em seu processo participativo e na integração de um programa de estudos entre disciplinas do núcleo de conteúdos básicos, profissionalizantes e específicos que caracterizam a modalidade.

De forma a assegurar a abrangência dos conteúdos ministrados em um curso de graduação de Engenharia, facultou-se às Instituições de Ensino Superior (IES) ampla liberdade para a fixação do conteúdo necessário.

Diretrizes Curriculares têm por objetivo servir de referência para as IES na organização de seus programas de formação, permitindo uma flexibilização na construção dos currículos plenos e privilegiando a indicação de áreas de conhecimento a serem consideradas, ao invés de estabelecer disciplinas e cargas horárias definidas (PARECER CNE /CES nº 184/2006, p. 11).

Portanto, podemos entender que a reformulação das Diretrizes Curriculares visa contemplar diferentes formações e habilitações, possibilitando a definição de múltiplos perfis profissionais.

Quanto ao perfil do egresso, as Diretrizes Curriculares para os cursos de engenharia estabelecem que

O perfil dos egressos de um curso de engenharia compreenderá uma sólida formação técnica, científica e profissional geral que os tornem capazes de absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando

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