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Infancia E Atualidade

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Por:   •  12/5/2014  •  5.547 Palavras (23 Páginas)  •  548 Visualizações

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nfância e Atualidade: A Concepção de Infância na Prática Educativa

Autor: Kelly Cristina Teixeira

Data: 24/04/2009

Resumo

Este trabalho discute a questão da concepção da infância na atualidade, a partir da perspectiva social e educacional, de modo a focalizar qual o conceito que ambas trazem sobre a infância. A orientação teórico-metodológica foi baseada em autores que discutem a concepção de infância historicamente e na atualidade, como Áries, Andrade, Paula, e também os referenciais curriculares nacionais de educação infantil que em suas diretrizes defende uma determinada maneira de compreender a infância. O trabalho analisa através da observação a prática pedagógica realizada em uma escola municipal. Conclui que, no âmbito educacional, apesar de estudos mais recentes sobre a infância como construção social e as crianças como produtoras também de conhecimento, a criança ainda é percebida com um "vir a ser", sendo a educação um ato de formação da criança para o futuro.

Palavras-chave: Infância ? Sociedade - Educação

Introdução

A questão problemática da pesquisa é acerca do conceito de infância na educação atual de modo, a saber, se esta tem sido influenciada pela sociedade em seu modo de "ver" a infância.

O interesse pelo tema surgiu por meio de leituras de autores que tratam dessa problematização onde se discute a concepção de infância na sociedade atual, e que por sua vez, me levou a refletir sobre a questão desta concepção no âmbito educacional, ou seja, tendo em vista que a escola faz parte do contexto social e desta adquire influências como a mesma pensa a criança; como um "vir a ser", sendo seu papel formá-la para o futuro, ou pensa nestas como um ser que está sendo no presente, ou seja, como produto ou produtora de culturas?

Sobre estas questões acredito que a pesquisa irá nos auxiliar a pensar sobre qual nosso modo de conceber a infância e como olhamos para a criança, pois acredito que com base nesse modo de pensar e olhar é que ensinamos. Portanto, meu intuito é levar a reflexão a partir dos aspectos teóricos e práticos apresentados.

A pesquisa se direciona a relacionar minha observação prática, realizada em uma escola municipal, com a pesquisa teórica que me direcionou ao tema. Desta forma, meu trabalho está estruturado em primeiramente trazer definições do que foi e é a infância no âmbito social, histórico, e saber como a sociedade atual a concebe, e como a escola, a educação pensa a infância, e, ainda, se suas práticas favorecem o desenvolvimento da criança e valoriza a infância.

Pensar em concepção de infância na atualidade nos remete a refletir sobre os diversos âmbitos que esta questão traz, mas me delimitarei a pensar nesta sobre o contexto social atual e no contexto educacional, tendo como base a concepção de infância que o Referencial Curricular Nacional para educação infantil traz em suas propostas.

Observamos que segundo Neto e Silva (2007) a palavra infância vem de En-fant que significa "aquele que não fala", isso podemos ver refletido sobre o processo de construção da infância na sociedade, onde observamos figura da criança como aquele que não tem capacidade de ser, estar e atuar por ser criança, ou seja, vista apenas como um ser moldado pelo adulto ou como um indivíduo sem valor, sem um espaço na sociedade, e isso decorre desde a sociedade medieval até tempos atrás, onde começa a mudar tais concepções e passa-se a ver a criança como um indivíduo pertencente ao meio social com sua cultura e seu modo de entender o mundo, pois segundo Paula (2005) antes "a criança inexistia ou ficava adstrita a escassos momentos". (p.1). Ou seja, não participava do meio, era isolada como um indivíduo que nada sabe.

Áries (1979) ressalta que "na sociedade medieval a criança a partir do momento em que passava a agir sem solicitude de sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não se distinguia mais destes". (p.156). Ou seja, a criança passava a ser um "adulto em miniatura", e a viver como tal.

Mas a concepção de infância vai sendo mudada conforme a sociedade passa a vê-la com um olhar mais centrado de que esta é um indivíduo que pertence à sociedade, que está inserido em sua cultura e dela aprende, tem "voz", ou seja, tem sua forma de vivê-la, e por esta é influenciada e a esta também influencia.

Isto porque se acredita que a concepção de infância está ligada à cultura que vivemos e a sociedade que nós adultos criamos para as crianças, e como um ser moldado pela cultura e pela sociedade estas vivem as influências de sua época.

Áries (1979) diz que "a 'aparição' da infância se dá a partir do século XVI e XVII na Europa, quando o mercantilismo, altera o sentimento e as relações frente à infância, modificado conforme a própria estrutura social". (p.14). Isto porque com novas viabilizações da economia e frente a novos desafios econômicos se pensava em como inserir a criança nesta mudança social.

Desta forma, observo que conforme há transformações na estrutura social começa a se mudar também o conceito de infância, e isso frente à organização familiar; porque não se compreendia de certa forma e não se pensava a infância como na atualidade, ou seja, não se pensava, e não se sabia o que representava ser criança; isso porque a criança não se diferenciava do adulto e não era representada significamente na família, era vista como somente ligada ao grupo como qualquer outro personagem do contexto. (Áries, 1979, p.14). A percepção que se tinha era de um "ser em miniatura" que tinha que aprender a viver juntamente com os demais.

Mas esses são alguns dos sentimentos de infância que Áries (1976) traz, ele mostra que com o passar do tempo e em cada época se criava um sentimento, um modo de perceber a infância, e foi o que ocorreu ao fim da Idade Média, onde surgiu a percepção da criança como um ser inocente, divertido, é o sentimento de "paparicação", onde a criança era vista como fonte de distração dos adultos. E após contrário a este sentimento surge o sentimento de irritação que segundo Áries, não se suportava o sentimento de paixão pelas crianças, na qual as pessoas beijavam estas. (p.158)

Portanto, observo a cada época à busca para entender quem era a criança, em que lugar colocá-la em sociedade, ou seja, uma busca pela significação da infância, porque não se tinha claro para a sociedade o que era esta

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