Investigação: Discussão e conclusões
Seminário: Investigação: Discussão e conclusões. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jacqueline1991 • 12/11/2013 • Seminário • 1.539 Palavras (7 Páginas) • 191 Visualizações
Aula-tema 08: A Pesquisa: Discussão e Conclusões
Após a apresentação dos resultados da pesquisa seguem as conclusões sobre o trabalho realizado na brinquedoteca, destacando, primeiramente, que, segundo a pesquisadora (Azevedo 2010), o estudo realizado contribuiu, em muito, para que cada criança pudesse aprender mais sobre si mesma.
Ao iniciar os encontros na brinquedoteca, as crianças mostraram-se inibidas e tiveram dificuldade em se aproximar dos estagiários, tanto física como afetivamente. Apresentaram, também, compulsividade por alguns brinquedos em detrimento de outros, além de se negarem a realizar algumas das brincadeiras propostas. Todos esses comportamentos expressavam as dificuldades que as mães e professoras relataram.
Ao longo das sessões, à medida que os estagiários conseguiam conquistar a confiança das crianças, os comportamentos foram se modificando, permitindo, assim, que elas liberassem suas energias, pensamentos, sentimentos e desejos. Os comportamentos agressivos e agitados encontraram limites por meio de um trabalho de reconstrução dos sentimentos a partir de vivências de cenas e de particularidades da vida de cada um. O contraste entre a realidade e a fantasia criado pelos jogos e brincadeiras contribuiu para que cada criança redimensionasse os fatores envolvidos em suas dificuldades escolares, integrando suas ideias e sentimentos tanto nos aspectos cognitivos quanto no aspecto comportamental.
Uma importante conclusão da pesquisa diz respeito às dificuldades cognitivas anunciadas nas queixas dos professores, motivo pelo qual as crianças foram encaminhadas. Nesse sentido, foi notado, ao longo das sessões de intervenção, que elas provinham muito mais da falta de atenção e concentração na realização da tarefa do que propriamente da capacidade de articular ideias e de buscar as soluções de um problema. Nesse sentido, os estudos de Marturano (1999) e Santos Filho (2000), citados por Azevedo (2010), concluem que as dificuldades em aprender podem advir da forma metodológica e didática que o problema foi apresentado à criança. Isso pôde ser comprovado durante as sessões de intervenção, quando a criança mostrou-se capaz de realizar uma tarefa de forma correta quando as explicações das regras de um jogo ou brincadeira eram feitas de forma simples e claras.
Uma outra conclusão faz referência à possibilidade de reconstrução do aprender e da percepção que a criança tem de si própria, o que foi favorecido pelos vínculos interpessoais estabelecidos com os estagiários atendentes. No espaço da fantasia, criado na brinquedoteca, as crianças puderam reviver as situações traumáticas experimentadas na escola e na família, sendo a parceria com o estagiário fundamental para que pudessem ressignificá-las, facilitando a sua superação. Assim, graças ao estabelecimento dos vínculos entre a criança e o estagiário foi possível trabalhar brincadeiras e brinquedos complexos que favoreceram a vivência de sentimentos negativos de descrença, de desconfiança, de insegurança em sua capacidade de aprender e de se relacionar com outras pessoas, "provocando mudanças comportamentais e novas transações ecológicas com o ambiente de sala de aula" (Azevedo, 2010, p. 123).
Também, graças à pesquisa, foi possível avaliar o significado do papel da escola e da família no processo inicial de escolarização da criança. Esse momento traz expectativas para criança em relação à sua própria capacidade de aprender e, à sua família, expectativas positivas em relação ao seu desempenho escolar. Nesse caso, a função da família e da escola é a de facilitar essa passagem, por se tratar, para a criança, de uma transição de um mundo familiar para o de uma cultura mais ampla, que torna possível o acesso à herança cultural em benefício de si própria e da sociedade como um todo. A pesquisadora, para os casos 1 e 2, considerou que a escola pode não ter facilitado esse processo, uma vez que as atividades realizadas na brinquedoteca auxiliaram na superação dos aspectos desadaptados presentes em sua história.
De fato,
podemos ainda supor, pelo atendimento na brinquedoteca, pelo contato direto com a professora e a escola, pelas observações realizadas no espaço escolar, que práticas assumidas por elas, tais como: mecanismo de aprendizagem repetitiva, vínculos superficiais entre professor e aluno, avaliações abusivas e mecânicas, desrespeito aos direitos da criança, licenças e substituições contínuas de professores, entre outros provocaram descontinuidade no crescimento das crianças dos casos 1 e 2, as quais, para se defenderem contra tais situações, recolheram-se, inibindo sua capacidade; ou reagiram, mostrando insatisfação pela recusa em aprender, da indisciplina, da agressividade, dos comportamentos inadaptativos e antissociais. (AZEVEDO, 2010, p. 124)
A forma genérica com que família e a escola apontaram as dificuldades das crianças como a de "não aprender" ou de "aprender com dificuldades" pôde, durante os trabalhos realizados na brinquedoteca, ser reconfigurada, uma vez que as fortalezas e a criatividade intelectual, assim como as condições cognitivas, estiveram presentes durante as sessões, evidenciando que se encontravam estagnadas por pressões de outra natureza que não a intelectiva.
O psicodiagnóstico e a intervenção dos problemas de ordem emocional foram, portanto, bastante favorecidos; porém, com relação aos problemas específicos de dificuldades de aprendizagem, como eram os do caso 2, as intervenções realizadas sofreram limitações por não ser esse o foco do trabalho nessa brinquedoteca.
Outras conclusões significativas foram: a importância da capacitação, treinamento e acompanhamento contínuos dos estagiários atendentes na brinquedoteca e a percepção da falta de entendimento das mães entre o processo diagnóstico e a intervenção propriamente dita.
Quanto aos casos tratados ao longo dessa pesquisa, pôde-se concluir que, no caso 1, a queixa de agressividade foi diagnosticada como um problema afetivo-emocional; nas entrevistas com a mãe foi possível avaliar que ela centrava o problema na criança sem se dar conta da necessidade de que ela mesma passasse por um processo terapêutico; essa seria a condição fundamental para a mudança do quadro e do entendimento da queixa. No caso 2, os pesquisadores concluíram que as queixas de dificuldades escolares mereceriam, por parte dos professores e da própria escola, aprofundamento e revisão,
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