Ken Loh's "Bread and Roses"
Resenha: Ken Loh's "Bread and Roses". Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: amanda3oh • 8/1/2015 • Resenha • 1.076 Palavras (5 Páginas) • 368 Visualizações
“Pão e Rosas”, de Ken Loach
(Inglaterra, 2000)
A situação de miserabilidade a que a dinâmica da sociedade burguesa expõe a população força esta última (mediante o recurso da alienação dos seus meios de produção e reprodução da vida) à venda, por qualquer preço, da sua força-de-trabalho em troca de pão, de alimentação, exclusivamente. As rosas são aí mera abstração. Para tentar se aproximar delas só com muita luta. Este é, sinteticamente, o sentido do nome da narrativa fílmica.
O início do filme de Ken Loach retrata uma realidade muito presente em países periféricos do sistema capitalista. A lógica do desenvolvimento “desigual e combinado” explica o intenso deslocamento de pessoas tanto interna (entre regiões de um mesmo país) quanto externamente (entre países). O fluxo migratório é assim fato comum em regiões brasileiras como o Nordeste do Brasil e o Vale do Mucuri, em Minas Gerais. Nesta última dificilmente se encontra alguém que não tenha parentes tanto em São Paulo, quanto, tal como a personagem Maya, nos Estados Unidos da América.
O tema migração tão bem abordado em “Pão e Rosas”, do ponto de vista sociológico é fato da maior importância. Aponta algo imanente à sociedade do capital, sobretudo agora em sua fase mundializada: a desterritorialização. A classe proletária, desprovida dos meios de sua produção e reprodução vê-se obrigada a vendê-la, a quem quer que seja e aonde quer que seja; mesmo que para isso corra riscos da maior intensidade, como atravessar desertos, negociar com os terríveis coiotes mexicanos, fugir de policiais de embaixada etc. Maya, a personagem central, nascida em Tijuana, México, dá-nos uma idéia precisa desta aventura. Além de um futuro incerto em terras distantes, a apreensão da família é outro efeito triste da dinâmica do capital. São comuns, na região nordeste do Brasil, os casos de “viúvas de marido vivo”, mulheres que aguardam o retorno dos companheiros que foram ao trabalho no estado de São Paulo e de lá não mandam notícias, há décadas.
Marx vê nas greves, mesmo naquelas com tendência trade-unionista, potenciais lócus de organização política da classe trabalhadora, além de propiciarem reações por parte da burguesia, que tendem a responder com equipamentos que poupam mão-de-obra, insuflando ainda mais a classe trabalhadora a sair da sua inércia, organizando-se coletivamente para a luta contra a sua exploração.
Sam Shapiro, um dos articuladores do movimento “Justice for Janitors”, sabe da dificuldade concreta que é a mobilização de uma parcela da classe trabalhadora que, imersa na imigração ilegal, reúne todas as características desejáveis pelos capitalistas para a extração de níveis exorbitantes de exploração de mais-valia e espoliação : baixo nível de escolaridade, estrangeira, ilegal, desarticulada entre si e predominantemente feminina. Sabe também que sem o desenvolvimento de um nível mínimo de sentimento de coletividade por parte dos sujeitos, nenhuma luta é passível de vitória.
Em tempos de selvagem neoliberalismo, o individualismo mesquinho burguês é a parede que contem a descrença, o medo, a falta de solidariedade e o sentimento de fatalismo entre a classe trabalhadora. Ao invés de se pensar na perspectiva de classe, os proletários tendem a digladiarem entre si, e a reagir, inicialmente, a qualquer tentativa de “quebra desta parede” (“Justiça para Rosa!” , afirma a faxineira Rosa). Numa clara tentativa de desnaturalizar a precária situação do grupo de faxineiros da empresa de faxina “Angel”, o jovem militante aponta historicamente a trajetória da empresa em que trabalham. Porém, foi a situação limite de abuso a uma das funcionárias da companhia, praticado pelo autoritário gerente Perez, que acarretou a procura dos funcionários ao sindicato. Perez, apesar de latino, volta-se contra aquele grupo, a que na realidade faz parte. Resposta inteiramente conformista ao capital, típica pseudo transformação de “oprimido em opressor”, como nos ensina o mestre Paulo Freire.
O filme também explicita uma dimensão importante do capital em sua fase global que é o inchaço do setor de serviços nos países desenvolvidos - atualmente em torno de 60% da economia norte-americana – trabalho improdutivo que
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