MOBILIDADE HUMANA PESQUISA SOBRE O TEMA
Por: alaine1 • 13/11/2017 • Trabalho acadêmico • 2.074 Palavras (9 Páginas) • 414 Visualizações
ATV IV- Macrotendências
TEMA: MOBILIDADE HUMANA
PESQUISA SOBRE O TEMA:
Congestionamentos, transporte público lotado, calçadas esburacadas e ausência de ciclovias. Esse cenário já faz parte do cotidiano de diversas cidades brasileiras, uma vez que uma pesquisa divulgada pelo IBGE mostrou que somente 3,6% das cidades brasileiras têm Plano de Transporte. Além disso, segundo dados do Ministério das Cidades, a frota de veículos aumentou 400% nos últimos dez anos. Logo, é preciso medidas para harmonizar a mobilidade urbana como: incentivar os transportes alternativos, como as bicicletas, fazendo ciclovias e ciclo faixas; melhorar as calçadas para os pedestres e deficientes físicos. Longe de ser uma utopia, cidades assim são possíveis, haja vista a existência de exemplos ao redor do mundo. Dessa forma, as pessoas terão garantido o direito de ir e vir nas cidades assegurado pela Constituição Cidadã de 1988.
Os meios de locomoção e seus problemas passaram por algumas transformações. No século XIX, todo o transporte era realizado por meio de animais. Em Nova York, por exemplo, a frota aproximava-se de 200 mil cavalos. Nesse contexto, surgiram problemas sociais e sanitários, visto que cada um dos cavalos produzia, em média, dez quilos de fezes por dia, totalizando duas mil toneladas de dejetos espalhados pela cidade a cada 24 horas. Essa problemática só se contornou no começo do século XX, com a disseminação do uso do carro, após a implantação do modelo Fordista de produção e a sua linha de montagem, fazendo com que mais de 2 milhões de carros fossem produzidos por ano. No Brasil, por exemplo, a partir da Constituição de 1934, o transporte rodoviário passou a ser priorizado e em 1956, a indústria automobilística foi introduzida no país. A expansão do carro trouxe inúmeros benefícios ao desenvolvimento tecnológico e econômico das cidades, mas também passou a ameaçar a mobilidade urbana.
Essa ameaça se deu pelo rápido crescimento das cidades, principalmente após a década de 1950, quando, segundo o IBGE, a sociedade brasileira passou a ser predominantemente urbana. Isso porque nessa década o êxodo rural intensificou em razão do processo da mecanização das atividades agrícolas e o poder de atração das cidades industrializadas. O problema disso está no fato de que não houve planejamento urbano integrado ao planejamento dos transportes. Goiânia, por exemplo, foi planejada para 50 mil pessoas e hoje possui mais de 1,4 milhão de habitantes. Além do mais, só recentemente, com a Lei da Mobilidade Urbana, é que passou a ser obrigatória para municípios com mais de 20 mil habitantes a elaboração de planos de mobilidade urbana. Desse modo, os gestores deparam com regiões metropolitanas já consolidadas e com um tecido urbano complexo.
Além disso, o uso de automóveis se intensifica com a cultura do carro próprio, acarretando em impactos sociais e ambientais para a sociedade em decorrência dos congestionamentos urbanos. Essa cultura, por um lado, é estimulada pelo governo, visto que, medidas como a adotada pelo governo federal para aquecer a economia em 2008, a qual promoveu a isenção do imposto para carros populares e redução de IPI para automóveis maiores, estimulou a venda de veículos, mas também potencializou o número de veículos nas ruas. Por outro lado, o individualismo hedonista presente na sociedade aliada a precariedade do transporte público, influencia as pessoas a preferir transporte individual por causa do conforto, flexibilidade e rapidez, diferentemente do que elas experimentariam se usassem o transporte público. Consequentemente, as pessoas perdem qualidade de vida. Isso porque ao ficarem presas em congestionamentos, não só perdem tempo, como também sofrem com estresse, esgotamento físico e danos psicológicos. É importante destacar também que os engarrafamentos aumentam a poluição ambiental, visto que segundo dados internacionais, a cada hora de acréscimo em congestionamentos, tem-se uma média de aumento de 20% na emissão de poluentes.
Essa cultura do carro próprio e o individualismo presente na sociedade, foca na locomoção de veículos em detrimento da humana. Isso se evidencia na precariedade das calçadas e na ausência de ciclovias na maioria das ruas. Essas, muitas vezes irregulares, dificulta o deslocamento de pedestres nas ruas e, principalmente, dos deficientes físicos. Já o reduzido número de ciclovias é comprovado pelo levantamento feito pelo G1 junto às prefeituras das 26 capitais e ao governo do Distrito Federal, que revela que as ciclovias, ciclo faixas e ciclo rotas correspondem a somente 2,8% da malha viária total dos municípios.
Logo, torna-se necessário melhorar a qualidade do transporte público, restringir o uso excessivo do automóvel e integrar os diferentes sistemas, interligando ônibus, metrô, trens de superfície, ciclovias e áreas para estacionar bicicletas, motocicletas e carros. Algumas cidades brasileiras vêm investindo nessas mudanças. A maior metrópole do país, São Paulo, por exemplo, conta com 481,2 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus, além de corredores, e 381 quilômetros de malha cicloviária, de modo a incentivar a redução do uso de carros. Além dessas ações implantas, o pedágio urbano, cobrança de uma taxa dos carros que circulam nas regiões centrais da cidade, medida que já adotada em Londres, é eficaz. Outra é a Carona solidária, uso compartilhado de um automóvel por duas ou mais pessoas que fazem um trajeto comum, em que empresas podem dar benefícios (como vaga em estacionamento) aos usuários para estimular o compartilhamento.
Assim, cidades sustentáveis em termos de mobilidade humana são possíveis. O Reino Unido é exemplo nisso. Por décadas tem incentivado o uso do transporte coletivo e alternativo, como bicicleta e caminhada, além de legislação que racionalize o uso do automóvel. Dessa forma, um recente estudo realizado na Europa revelou que, nos últimos dez anos, o uso do transporte público cresceu entre adultos jovens, de 20 a 29 anos, no Reino Unido e em outros países do Velho Continente. Este resultado comprova os benefícios de ações de mobilidade urbana voltadas para as pessoas, que têm gerado mais qualidade de vida, economia e sociabilidade nas cidades inglesas e em seus vizinhos. Mas, ainda sim, continuam investindo em melhorias no transporte. Um exemplo que tem chamado a atenção é o “The Busway”, sistema que oferece um nível de serviço e de conforto superior ao de linhas de ônibus convencionais.
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