Mercado Financeiro
Artigos Científicos: Mercado Financeiro. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: boby2013 • 21/5/2013 • 1.784 Palavras (8 Páginas) • 816 Visualizações
Após estabelecermos alguns elementos consensuais face à questão do que se pode
entender por criatividade, essencialmente identificaremos desafios que tal conceito tem vindo
a colocar. Emergirão assim a) desafios inerentes à ambiguidade de polémicas conceptuais
com implicações práticas; b) desafios para a irradicação de mitos prejudiciais à promoção de
criatividade no quotidiano; c) desafios para a gestão de riscos e de potencialidades ns domínio
da avaliação. Pretendem ser desafios transversais a variados contextos de vida, face aos quais
os leitores, na sua diversidade, se identifique. Pretendem ser ainda desafios abordados
genericamente (apenas identificados) com o objectivo de partilhar preocupações que
sensibilizem o leitor para o questionamento acerca de uma competência de quase
sobrevivência no século XXI.
Introdução
O que se pretende com este texto não é divulgar ou comentar resultados de um
trabalho teórico ou empírico específico. O objectivo, neste espaço potencialmente
amplo e heterogeneo de uma conferência, será essencialmente o de artilhar ou
sistematizar pistas para pensar. Assim, tentarei partilhar o que entendo por
criatividade e depois sistematizar alguns desafios que nos rodeiam face a esse
conceito – desafios simultaneamente antigos e actuais.
Falar de criatividade é – tem sido há décadas – difícil. Por um lado, é algo que se
vem explicitando como cada vez mais imprescindível. De acordo com preocupações
de P. Torrance, em 2002, de que o estudo da criatividade deveria sair do predomínio
dos USA e de se apostar cada vez mais na multiculturalidade neste domínio, há dois
anos foi o Ano Europeu da Criatividade e Inovação; temos, por seu lado, vindo a
assistir à aposta na criatividade por parte de Governos tão distintos como Inglaterra
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(veja-se o relatório em 1999 do NACCCE sobre orientações criativas na Educação,
comité que não sendo governamental foi suscitado e suportado pelo Governo), como
a Coreia (Park, Lee, Oliver & Cramond, 2006) ou como Hong Kong (Cheung, Tse
& Tsang, 2003) onde foram feitas revisões curriculares expressamente visando
criatividade; a própria Comissão Europeia, já em 1996, mostrou a criatividade como
uma competência primordial no documento “White paper – teachers and learning
towards a learning society” e a Associação de líders, gestores e educadores (essa já
na América) “Partnership for the XXfirst Century Skills” afirmou em 2006 (p.10) “
é chegado o momento de preparar os jovens para os desafios do séc XXI
promovendo competências de adaptação e de? inovação”.
Sintomas, todos estes, de que a criatividade é reconhecida actualmente como
um requisito urgente, transdisciplinar e transcultural para a gestão do século que está
começando (Adams, 2006; Kaufman & Sternberg, 2006; Starko, 2010). Há então
que fazer funcionar eficaz e suficientemente tal requisito.
Contudo, falar de criatividade, repito, é – tem sido há décadas – difícil. P.
Torrance disse “As escolas do futuro deverão não ser só para aprender mas para
pensar. Este é o desafio criativo da Educação” mas…disse-o em 1963(a) (p. 4).
Toynbee afirmou “dar oportunidade à capacidade criativa é uma questão de vida ou
de morte para qualquer sociedade”, mas…disse-o em 1963(a) (p. 4). Também
Barron alertou para que “necessitamos de reconhecer e desenvolver criatividade na
nova geração”, mas em…1988 (p.19) Lemos, por outro lado, que “a educação
convencional frequentemente impede o desenvolvimento de competências, atitudes
e motivos necessarios à produção de inovação. Entre outras coisas perpetua a ideia
de que há sempre uma única resposta correcta para cada problema e (…) os alunos
adquirem unicamente competências necessárias para a produção de ortodoxia”: e
isto foi escrito por Cropley já em 2001 e reeditado em 2009 (p.169).
Portugal é exemplo desta ambiguidade entre o que se afirma e o que se vai
concretizando. Por exemplo, o nosso Sistema de Ensino afirma explicitamente a
necessidade de criatividade em todos os seus níveis (Lei nº46/86 de 14 de Outubro);
contudo, estudos sobre percepções de professores portugueses manifestam ideias
? O sublinhado é nosso.
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erradas sobre criatividade e necessidade de informação e de formação (Azevedo,
2007; Morais & Azevedo, 2011); também são poucas ainda as investigações sobre
este tema nos vários contextos, sublinhando particularmente o contexto académico.
Falar de criatividade é – tem sido há décadas – difícil, insisto. Mas como
poderia ser fácil estudar e investir um conceito que, num paradigma de ciência e de
academia ainda frequentemente positivista, se veste de
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