Meu Nome é Jagh
Tese: Meu Nome é Jagh. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: roberto2 • 14/10/2014 • Tese • 1.296 Palavras (6 Páginas) • 162 Visualizações
Capítulo 1
Meu nome é Jag Mohan
Meu nome é Jag. Jag Mohan. Flutuo em um mundo submarino e gélido. Este é o ambiente em que vivo. Os raios de sol teimam em atravessar a fina camada de gelo que me separa do mundo fora d’água. Centenas de companheiros meus, seguem, como torpedos fantasmagóricos, no limiar da visibilidade. Eu, um ser da família Phocidae, gênero Monachus, popularmente designados por Foca-Monge, ao contrário dos outros, não sigo a corrente. Paro, observo, olho o balé de corpos hidrodinâmicos que migram para o sul.
Meu irmão aproxima-se, inspeciona-me com seus olhos pretos protuberantes. Suas barbatanas abrem e fecham à semelhança de um pequeno leque. Vira-se de cabeça para baixo e não entende porque não sigo o fluxo. Tento convencê-lo a não seguir o caminho.
Seus olhos pretos e interrogativos não entendem o que eu tento explicar. A caça anual às focas, a mais brutal matança comercial de mamíferos marinhos já começou no início do mês de março...
Não quero conhecer de perto a insensibilidade dos inúmeros pescadores do Atlântico Norte. Ficamos calados por um momento. Não era um silêncio forçado, mas um silêncio triste e natural de ambas as partes. Embora sua cara demonstrasse certa idade, achei que o corpo dele era ágil e musculoso o suficiente para conseguir escapar dos pescadores.
Então lhe contei que eu desejava subir à superfície e tentar uma nova vida. Embora na verdade, eu fosse totalmente ignorante a respeito do que me esperava lá encima.
Enquanto eu falava, ele sacudia a cabeça vagarosamente e balançando as barbatanas anteriores fez um pequeno aceno de despedida.
Vários dias depois , pensei pela primeira vez na possibilidade de subir á superfície e deixar de ser foca. Mas como seria isto? Uma foca é uma foca! Possui características próprias: “mamífero pinípede, que sofreu modificações consideráveis para se adaptar à vida aquática. Os ossos dos membros tornaram-se muito reduzidos, de modo que apenas as patas sobressaem do corpo. Uma membrana liga os dedos, como numa barbatana. As narinas no alto da cabeça, permitindo que o animal respire estando a maior parte do corpo imerso, mantêm-se quase sempre fechadas, mas são providas de músculos especiais que as abrem quando o animal quer respirar”. Com os dados que eu possuía, comecei a fazer uma avaliação e iniciei a dividir em partes, de acordo com sua importância o que eu deveria mudar em mim.
Mamífero bípide!! Com os dados que eu possuía,em zoologia, usa-se este termo para qualificar os animais que se deslocam normalmente na posição vertical, como o homem e outros primatas, assentando-se no solo apenas com as extremidades inferiores. No entanto eu não compreendia a relação entre mim, o homem e os outros primatas. Minha incapacidade de chegar a uma compreensão parece dever-se ao fato de eu desconhecer que originalmente, também vivíamos na terra. De tanto ficar no mar, fomos desenvolvendo nadadeiras e hoje passamos a andar com dificuldade.
Uma coisa era clara para mim: eu não gostaria de me tornar um ser insensível como os humanos. Assim, tornou-se óbvio para mim que eu deveria subir á superfície o mais rapidamente possível para verificar em que ser eu gostaria de me transformar...
Portanto, meu primeiro trabalho, como uma Foca- Monge foi com certa relutância despedir-me de todos os meus aparatos de natureza monástica: tambores, sinos, insensos,túnicas e livros. Abri cautelosamente o antigo diário de meu venerável mestre Zhé e li com saudades os registros de seus últimos dias: "Tenho agora oitenta e seis anos, e vi muita coisa durante minha vida no fundo do mar. Tantos jovens focas morreram, tantas de minha própria idade morreram, tantos idosos morreram. Tanta foca que esteve no alto e depois caiu. Tantas focas que, de baixo, se elevaram. Tantas coisas mudaram. Houve tantas epidemias, guerras, confusões, tantas destruições terríveis em todo mar. Apesar disso, todas essas mudanças não são mais do que um sonho. Quando olhamos em profundidade, percebemos que nada existe de permanente e constante, nada, nem mesmo o mais fino fio de cabelo do nosso focinho. E isso não é teoria, mas algo que você pode de fato entender e até ver com precisão, com os seus próprios olhos. Nada é pra sempre"
Mais tarde naquela manhã, depois de me despedir de meus antigos pertences, olhei para cima e vi tênue luz que vinha da superfície. Eu estava cansado, mas precisava iniciar a minha viagem rumo a uma nova vida...
Comi um pequeno peixe que brincava perto de minha antiga caixa de insensos e abri pela última vez o diário do venerável Zhé.
Segundo ele, o medo é o primeiro inimigo que temos de vencer para chegarmos ao conhecimento e à verdade.
Durante o espaço de mais de três meses que se passou do momento em que resolvi deixar de pertencer a família Phocidae e o momento em que encontrei na superfície uma lagarta que estava a procura de um lugar seguro para iniciar a sua reclusão, conheci melhor o mundo na superfície.
Naquele dia ela estava perdendo todas
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