Moda Carioca
Trabalho Universitário: Moda Carioca. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ZENAIDE • 6/5/2013 • 8.993 Palavras (36 Páginas) • 693 Visualizações
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Panorama da Moda Carioca
Neste capítulo pretende-se, brevemente, relatar o surgimento das marcas de
prêt à porter, na moda carioca a partir da segunda metade do século XX. A
consideração de aspectos comportamentais e culturais da época é justificável neste
capítulo, na medida em que influenciam diretamente os costumes e hábitos. No
entanto este capítulo não pretende fazer análises de tendências de moda, apenas
enunciar possíveis influências nas modas e modismos.
A bibliografia disponível sobre o tema ainda é escassa e o panorama que se
pretende apresentar a respeito da origem da moda carioca e seu estilo é uma
construção similar a de uma colcha retalhos: fragmentos reunidos em busca de
harmonia e sentido. 18
O pouco que há registrado a este respeito vem de jornalistas, como Iesa
Rodrigues, (2001) por muitos anos editora de moda do Jornal do Brasil, Marco
Sabino, ex-empresário de bijuteria e autor do livro “Dicionário da Moda” (2007) e
Rui Castro (1999), que fala dos costumes cariocas da época.Algumas dissertações,
como por exemplo, Isabella Perrota (2004) e seu estudo sobre ‘signos visuais
cariocas’ ajuda também ao falar de comportamento, praia e signos visuais da
cidade, da metade do século passado em diante. Alice Abreu (1995) trata de
políticas públicas para o plano estratégico da cidade junto à prefeitura e em seus
estudos são reveladas algumas questões de relevância social. Também a FIRJAN
(Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) e a ABIT (Associação
Brasileira da Indústria Têxtil) fornecem dados estatísticos sobre a moda carioca.
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Muito deste panorama foi traçado a partir de vivência pessoal, dado que em
1970 minha mãe, Lucia Costa, em sociedade com Beth Brício, abriu sua primeira
confecção, Persona, em Ipanema. Anos depois, com muito sucesso, desfiles no
Copacabana Palace e Sheraton Hotel e feiras de moda, elas desfazem a sociedade e
montam suas confecções individuais. Lucia Costa abre a Renova, com fábrica em São
Cristóvão, show room em Copacabana e nos Jardins, em São Paulo, lojas no Shopping
da Gávea e Fashion Mall. Em 1996, a Renova torna-se Lucia Costa, encerrando suas
atividades em 2000. Além dessa vivência pessoal, profissionalmente tive oportunidade
de trabalhar com outras marcas de moda, no Rio e em São Paulo, no atacado e varejo, o
que enriqueceu meu conhecimento no setor. Em função de meu irmão, (Roberto Freitas,
músico, surfista, skatista e patrocinado Company), também pude acompanhar de perto
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E, por fim, furam usados depoimentos surgidos ao longo das entrevistas feitas
para a verificação da pesquisa, geralmente em função da indagação sobre as
origens da marca.
A primeira fase de um novo estilo de vida surge em Copacabana: são os
anos dourados e o glamour da era do rádio. Com a bossa nova, que emergiu no
cenário musical no fim dos anos 50, o eixo da moda muda-se para Ipanema e,
junto com a Garota de Ipanema que vem e que passa a caminho do mar, ganha o
mundo: é a imagem emblemática da moda carioca até os dias de hoje.
A música era romântica, embalando ao som de Nat King Cole, Ray Conniff,
Dizzie Gillespie, Harry Belafonte. Regados a Cuba Libre, os bailes tinham
também os ritmos caribenhos calipso e mambo, até a chegada de Bill Halley e
seus cometas, quando o rock ́n ́roll inaugura mais que um gênero musical, um
novo comportamento. Seguido por Elvis Presley, começa a ruptura internacional
com os padrões morais vigentes. No Brasil, em 1958, surgia o fenômeno musical
bossa nova. Nas telas de Hollywood, Rita Hayworth, Marilyn Monroe, Grace
Kelly, Gina Lollobrigida e Sophia Loren importadas da Europa e muito sensuais.
No Brasil, Wilza Carla, Mara Rúbia, também escandalizando sua época, Elvira
Pagã e Luz del Fuego, mas a deusa chamava-se a quase miss universo Marta
Rocha. No cinema nacional as produções se dividem entre as comédias populares
da Atlântida e a produções de classe da Vera Cruz. (Gontijo, 1986: 70).
JK pontificava no Brasil com seu plano de 50 anos em cinco e a cidade,
particularmente do Leme ao Posto Seis, fervilhava em um momento em que a
expansão econômica e desenvolvimentista a iluminava e fazia brilhar.
Copacabana era a síntese do Rio moderno dos anos 50. Tinha sua própria
feição, sua própria gíria e um jeito peculiar de se vestir: As moças andavam por aí
por toda parte de shorts ou calça comprida, sem meias e sem cerimônia; os
rapazes aboliram o chapéu e a gravata, a boa educação e o resto (Volpi, 2000).
Naquele tempo, a moda usada pela elite era importada ou copiada das revistas
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