O Magmatismo

MAGMATISMO

Com base no estudo do magmatismo e a partir da individualização dos litolotipos correspondentes as unidades mapeadas, representadas pelos greenstone belts do Supergrupo Andorinhas, mais especificamente da formação Quixadá, Granito Xinguara, infere-se para a subárea V dois eventos magmáticos principais com caráter regional e local.

 O evento que pode ter produzido a formação dos greenstone belts (unidade I) em escala regional do Domínio Rio Maria foi dominantemente vulcânico máfico-ultramáfico, com contribuições ácidas ocorrendo subordinadamente. Os padrões geoquímicos e modelamentos de fonte permitem considerar, como hipótese preliminar, que o pacote "greenstone" começou sua evolução como uma bacia marginal (vulcanismo komatiítico - toleítico), sendo O vulcanismo cálcico-alcalino (dacítico) posterior àquele máfico-ultramáfico e contemporâneo ao fechamento de um arco insular. Tal sucessão temporal é coerente com a litoestratigrafia dos "greenstones" e os tipos de fontes utilizadas nos modelos teóricos. O fechamento do sistema bacia marginal - arco insular propiciaria o envolvimento progressivo de componentes crustais nas etapas finais da evolução do "greenstone", sendo mais expressiva na época de geração do vulcanismo dacítico (2,97-2,90 Ga) e do plutonismo (ca. 2,87 Ga) (Souza, z.s. & DalI' Agnol, 1996).

Já o magmatismo granítico cálcio-alcalino, de idade arqueana, que pode ser correlacionado a unidade II, é rico em k2o, geralmente formado no final do arqueano, manifesta-se como corpos intrusivos nos terrenos gnáissicos e nas suites tonalítica-trondhjemítica-granodioríticas (TTG), sendo amplamente distribuído em vários locais do globo terrestre (Condie & Hunter 1976, Cassidy et al. 1991, Krõner 1991, Sylvester 1994, Davis et al. 1994). Geralmente este evento magmático marca um importante estágio na evolução e estabilização da crosta arqueana (Ridley 1992). O plúton Xinguara é uma das intrusões mais representativas, dentre as diversas que caracterizam o magmatismo granítico rico em potássio de natureza cálcio-alcalina fortemente fracionado de idade arqueana do Terreno Granito-Greenstone de Rio Maria (Leite 1995, Dall'Agnol et al. 1997).

Embora não se possa definir o volume do magmatismo granítico arqueano de Rio Maria em relação aos das demais associações, estima-se que o mesmo represente uma porção muito significativa daqueles terrenos, tal como observado nos demais crátons arqueanos.

O granito Xinguara é um dos mais expressivos corpos graníticos de idade arqueana do Terreno Granito-Greentone de Rio Maria (TGGRM). Ele integra o magmatismo leucogranítico potássico que, a exemplo de outros crátons arqueanos, teve importância fundamental na evolução geológica do TGGRM. Esse magmatismo formou-se pouco após os demais tipos de granitoides arqueanos e, embora constitua o último evento magmático expressivo do TGGRM, não data do final do Arqueano, contrariamente ao verificado em certos crátons (Davis et al. 1994).

É provável que os leucogranitos do plúton Xinguara tenham sido originados a partir de líquidos distintos, os quais evoluíram independentemente. O amplo intervalo composicional e os fortes contrastes geoquímicos entre o Granito Xinguara e suas rochas encaixantes (associações TTG) não fortalecem tampouco a hipótese de que os líquidos formadores do plúton Xinguara possam resultar de diferenciação magmática dos magmas formadores das mesmas.

Leite et al (1999) e Leite (2001) assumem que o Granito Xinguara seria produto de cristalização de um magma formado a partir de diferentes graus de fusão parcial de fontes arqueanas de composição similar aos granitóides TTG mais antigos do TGGRM ou a rochas afins ao Granodiorito Rio Maria. A pequena diferença de idade de cristalização entre o Granodiorito Rio Maria e o Granito Xinguara (cerca de 10 Ma) é um forte argumento para inviabilizar a hipótese desta rocha ser fonte do magma formador do leucogranito, porém poderia ter havido em profundidade uma rocha mais antiga similar em composição ao Granodiorito Rio Maria que teria servido de fonte para o Granito Xinguara.

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