O RACISMO ATRAVÉS DA HISTÓRIA: DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE
Monografias: O RACISMO ATRAVÉS DA HISTÓRIA: DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ThamirisArrais • 17/12/2014 • 2.358 Palavras (10 Páginas) • 601 Visualizações
O RACISMO ATRAVÉS DA HISTÓRIA: DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE
Carlos Moore Wedderburn CAP: 1
ANTERIORIDADE GEOGRÁFICA DOS POVOS MELANODÉRMICOS: MITO OU REALIDADE?
1. OS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
A ciência admite que as formas de vida que hoje conhecemos e nos deparamos
foram se complexificando lentamente a partir de constantes e ininterruptas mutações que deram origem a viventes taxonômicos com maior ou menor grau de complexidade e variabilidade genética, sobre os quais atua a seleção natural. O homem, como ser biológico, inevitavelmente, surgiu desses passos, os quais precisam ser urgentemente conhecidos, reconstruindo-se, não apenas os caminhos evolutivos da humanidade, mas também espaciais, uma vez que as diferenciações morfo-fenotípicas dos seres correspondem, em muitos casos, a uma estreita associação entre sua informação genética e o ambiente.
Muitos são os limites técnicos impostos a uma interpretação capaz de posicionar
corretamente o lugar do homem na história da vida. Para esta tarefa, faz-se necessária a reconstituição de um passado obscuro por fatores diversos, não apenas de natureza física, por exemplo as constantes transformações geoclimáticas que a Terra vem sofrendo até hoje, mas também devido à aspectos bióticos – como os decompositores presentes numa dada camada estratigráfica - intimamente relacionados com os processos de fossilização. Só um aspecto, contemporaneamente, parece estar fora de questão, a saber, a posição sui generis da África no longo e lento processo que deu origem aos primeiros humanos. Osgrandes achados paleontológicos dos fósseis no Chade, na Etiópia, no Quênia e na África do Sul dão segurança às interpretações advindas dos estudos bio-estratigráficos de camadas sedimentares africanas que permitem recapitular como em nenhum outro continente a história evolutiva da espécie humana.
Desprovido dos recursos hoje disponíveis, em 1871, o evolucionista Charles
Darwin já havia apontado para o lugar onde, mais provavelmente, segundo ele, se deu a trajetória do gênero Homo, prevendo que os ancestrais primitivos do homem seriam encontrados na África, onde vivem hoje nossos primos gorilas e chimpanzés. Mas a evidência em apoio a essa idéia só chegou cinqüenta anos mais tarde, quando o anatomista Raymond Dart, da University of Wiwatersrand, descreveu o fóssil de um crânio encontrado no Taung, na África do Sul.
Vários fatores distintos corroboraram para o surgimento do gênero homo no
continente africano. Mas, por que no continente africano? Vários fenômenos
interagiram para que os primeiros humanos surgissem nesse lugar e somente aí. Entre eles é importante considerar a influência da posição da Terra em relação ao sol, o que possibilita uma maior captação energética, indispensável à vida como a conhecemos. A inclinação do planeta em relação ao sol possibilita que a região equatorial fique mais exposta às radiações solares, permitindo que a África e a parte sul da América estejam sujeitas à radiação solar mais intensa. Ocorrência que, no passado, dificultou a formação das extensivas geleiras sobre esses territórios, influenciado fortemente no percurso evolutivo de diversas espécies. Neste sentido, a nossa origem comum africana se deve a uma mera exigência geofísica e biológica. Somente compreendendo este aspecto, que em nada concerne à nossa vontade, se faz possível abordar o problema da gênese da humanidade.
A morfologia e o fenótipo de uma espécie desenvolvem-se ao longo da seleção
natural de acordo com as possibilidades de sobrevivência que a sua estrutura
taxonômica vivo apresenta no ambiente. As taxas elevadíssimas de melanina nos
primeiros representantes do gênero homo, que apresentavam uma coloração na pele bem mais escura dos que os negros de hoje, é um bom exemplo de uma solução evolutiva e adaptativa da espécie nas latitudes subequatoriais onde o bombardeio de raios solares e ultravioletas era muito intenso e tornou inviável a existência de grupos hominídeos brancos durante um longo período na história da humanidade. Outro aspecto que pode ser observado é a morfologia dos narizes de pessoas de regiões geoclimaticamente distintas. Os humanos arcaicos surgidos em regiões mais aquecidas, como a África, possuem narizes com aberturas amplas e pontes baixas, sendo classificados como platirrinos, enquanto os africanos que migraram há cerca de 70 mil anos, para povoar uma região fria como a Europa, desenvolveram outra forma anatômica para o órgão, com as narinas estreitas e pontes altas, sendo classificados com leptorrinos. Em ambos os casos o nariz continuou desempenhando a mesma função como órgão externo do sistema respiratório, ou seja, permitir a entrada do ar. Entretanto, os indivíduos leptorrinos possuem as narinas estreitas, para que o ar se aqueça antes de atingir os pulmões, e o organismo possa funcionar em temperatura ideal de 36 graus, enquanto que os indivíduos platirrinos, vivendo em regiões aquecidas, não precisavam desse recurso. Neste sentido, sob o ponto de vista estrito das pressões ecológicas do ambiente sobre o ser vivo, a morfologia e o fenótipo desempenham um papel vital e decisivo.
Outro aspecto, sobre o qual a importância das diferenças morfo-fenotípicas não
podem ser ignoradas, é o fato delas constituírem, na história da vida, a forma mais
básica de identificação intra e extra-espécies, por serem realidades objetivas no mundo animal. A forma e os traços faciais de um animal são a primeira e mais evidente linha de demarcação que permite a sua identificação. Nós jamais teríamos conhecido um animal herbívoro como as zebras se elas não dispusessem de recursos capazes de se auto - identificar bem como identificar os leões na qualidade de seus predadores. Neste sentido, as perguntas elementares “como nos sustentar?, Como nos reproduzir?, Como nos defender?” têm na aparência morfo-fenotípica um critério básico e determinante nas reais possibilidades de um animal garantir a perpetuação de sua espécie, principalmente no que tange a última questão, pois o necessário recurso à defesa ante a ordem natural, que impõe que todo ser vivo garanta a sobrevivência às expensas da morte de outro ser vivo, define o teor conflituoso
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