Os Progressos Da Ciência Redundam Automaticamente Em Progresso Social ?
Trabalho Escolar: Os Progressos Da Ciência Redundam Automaticamente Em Progresso Social ?. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Gisnele • 24/3/2015 • 597 Palavras (3 Páginas) • 204 Visualizações
OS PROGRESSOS DA CIÊNCIA REDUNDAM AUTOMATICAMENTE EM PROGRESSO SOCIAL? Pode-se perguntar em que esses grandes progressos da ciência e da biotecnologia podem ou devem ser considerados instrumentos para acelerar o desenvolvimento socioeconômico da sociedade brasileira, desenvolver o bemestar de sua população, resolver seus problemas crônicos e colocar o país no caminho de um real progresso social. Temos certamente em algumas de nossas universidades e em alguns institutos de pesquisa cientistas e técnicos qualificados, capazes não apenas de acompanhar os progressos científicos e técnicos internacionais, como também de contribuir de forma original para esses progressos. O exemplo recente do sucesso na clonagem do seqüenciamento completo do genoma da Xylella fastidiosa, bactéria responsável pela doença dos cítricos conhecida como amarelinho, é uma prova, entre outras, da existência de competências humanas e estruturas laboratoriais capazes de situar a pesquisa científica e o desempenho tecnológico em âmbito mundial. Esse sucesso se desdobra em projetos atualmente em andamento, como o do câncer e o seqüenciamento da cana-de-açúcar e de outras variedades vegetais, assim como o de organismos patogênicos, tais como o paracoccidioides, responsável por uma grave micose profunda, todos financiados pela Fapesp. Participante que sou da atmosfera de orgulho legítimo de ver o país se colocar, com essas ações e iniciativas, na esfera internacional de vanguarda das pesquisas na área biológica e biotecnológica, não posso deixar de sentir, entretanto, certo temor de que a situação atual possa nos levar ao ufanismo, doença bem nacional, que a partir daí, contribuirá para criar no país uma relação de virtualidade com a ciência. O ufanismo brasileiro, que nos acompanha talvez desde os tempos da colônia e da carta de Caminha, tem se deslocado imperceptivelmente para o virtual. Se antes ele se exprimia pelo orgulho de termos as mais belas praias do mundo, os mais lindos coqueiros, bosques com mais flores, o melhor café do mundo, o melhor futebol, nota-se que esse orgulho vem se deslocando para o campo virtual. O que caracteriza o virtual? Evidentemente, é a focalização de fatos, ações, situações e acontecimentos dos quais não se participa senão virtualmente. A supremacia da Televisão e da Internet vem reforçando as atitudes de participação virtual. As telenovelas registram realidades virtuais. O cinema, principalmente o americano, com suas aventuras espaciais e fantásticas, valoriza apenas a participação virtual. O virtual invade não só as atividades de lazer como o conjunto da atividade humana e até o esporte. Ele penetra mesmo em nosso futebol, que era o esporte nacional. Até um passado recente, grande parte da população brasileira participava, é verdade, virtualmente pela televisão mas, por outro lado, tinha participação ativa, ao menos numa fase da vida, jogando suas peladas ou praticando seriamente. Os esportes nacionais estão se virtualizando, pois os mais prestigiados agora são o tênis e as corridas de fórmula 1. No tênis, milhões de brasileiros acompanham pela televisão os gestos frenéticos de enviar uma bolinha com uma raquete de um lado para o outro de uma rede; nas corridas automobilísticas das fórmulas 1, 2 e 3, outros milhões de brasileiros ficam horas contemplando as arrancadas ruidosas de “petardos” de alta tecnologia dirigidas por audazes aventureiros. Quantos
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