Porfiro
Resenha: Porfiro. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: biancaporfiro • 29/6/2014 • Resenha • 536 Palavras (3 Páginas) • 194 Visualizações
Sobre meninos e meninas "Nos intervalos das aulas, durante o recreio, ou durante as aulas de Educação Física ou de iniciação desportiva, evidencia‐se, igualmente, um modelo diferenciador de condutas: em geral, os meninos dispõem de toda a quadra esportiva só para eles. Ali podem correr, lutar, competir, em suma, preparar‐se para a vida adulta; quanto as meninas, para elas basta um pequeno espaço, de preferência à sombra, onde são estimuladas a conversar, brincar de corda ou, no máximo, pular corda ou executar passos de dança rítmica" (TOSCANO, Moema. Igualdade na escola: preconceitos sexuais na educação. Rio de Janeiro: CEDIM, 1995. p. 33). Do ponto de vista socioantropológico os meninos têm uma tendência natural para lutar e as meninas para serem dançarinas? Resposta: Sob a perspectiva biológica, tal tendência natural poderia ser considerada como inexistente, tendo em vista que mesmo se tomando em consideração as diferenças físicas entre os sexos, no que tange a resistência física, força, coordenação motora e anatomia, homens e mulheres apresentam características para serem tanto lutadores (ou lutadoras), quanto dançarinos (ou dançarinas). A presença de mulheres em forças combatentes de alto nível em países como Estados Unidos, Rússia e China, corrobora a questão relativa a equivalência de capacidades biológicas entre os sexos em relação ao tema luta. E por outro lado, os grandes bailarinos Russos e Cubanos, também corroborariam esta mesma equivalência de capacidades biológicas entre os sexos em relação ao tema dança. Contudo, sob um ponto de vista socioantropológico, tal tendência de que se realize a citada alocação de papéis entre os sexos pode sim ser predominante. Em se tratando do exemplo citado, meninos e meninas em idade escolar na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, tal tendência se encontra claramente presente, e é reflexo não de uma perspectiva natural, biológica, mas outrossim de um conjunto de visões de mundo estabelecidas na sociedade brasileira e que define esta distribuição específica de papéis entre os gêneros, visões essas que são portanto culturais, no sentido estabelecido por Da Matta, Roberto, em seu texto Você tem cultura?, onde ele esclarece que, no sentido antropológico, a cultura é um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado. Esta cultura, assim como os roteiros teatrais, não pode prever completamente como os indivíduos se sentirão em cada papel que devem ou tem necessariamente que desempenhar no contexto da vida em sociedade, mas indica maneiras gerais e exemplos de como pessoas que viveram anteriormente desempenharam estes mesmos papéis. Entende‐se portanto, do ponto de vista socioantropológico, que mesmo na ausência de uma tendência biológica para que os meninos lutem e as meninas dancem, as normas sociais, os respectivos esteriótipos, e as consequentes definições do papel que se espera de cada gênero, no que tange ao posicionamento que a cultura e a visão de mundo majoritária na sociedade brasileira estabelece, determinam que, para que possam usufruir melhor das recompensas sociais definidas por esta mesma sociedade, os meninos aprendam a lutar, e as meninas aprendam a dançar.
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