Produção Textual
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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
PEDAGOGIA
ANA PAULA BARBIERI
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR
Piracicaba
2012
ANA PAULA BARBIERI
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina Educação da Criança de 0a 5 anos;Ludicidade e Educação;Organização e Didática na Educação Infantil;Ensino da linguagem Oral e Escrita; Ensino e Alfabetização].Profs.Rosely Montagnini, Marlizete S.Bonafi, Edilaine Vagula, Alexandre Villas Bôas e Raquel Franco.
Piracicaba
2012
Introdução
No processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam as mais diferentes linguagens e possuem diferentes idéias sobre aquilo que querem aprender. As instituições de educação infantil devem oferecer às crianças condições pedagógicas integrando o educar, cuidar e brincar. Mesmo sabendo que a educação está vinculada ao brincar e ao cuidar, o que se pode perceber, em inúmeras escolas e/ou creche é o uso do cuidar, do assistencialismo, ou do brincar, como forma lúdica de educar. Porém, os RCNEI preconizam que o cuidado na esfera da Educação Infantil significa compreendê-lo como parte integrante da educação, embora possa exigir conhecimentos, habilidades e instrumentos no qual extrapolam a dimensão pedagógica.
Desenvolvimento
Ao falarmos de educação infantil a primeira coisa que nos vem à mente é um local acolhedor; que oferece assistência a crianças no período em que seus pais ou responsáveis estão trabalhando. Porém a educação infantil vai muito além dessa concepção assistencialista herdada na metade do século XIX, com o surgimento das primeiras instituições de resguardo de crianças.
Nessa perspectiva, o atendimento oferecido a estas crianças era visto como “um favor oferecido” e assim, tomada como assistencialista, na esperança de resolver o problema social por determinado período. No decorrer da história do país e, durante muito tempo, a abordagem assistencialista, com foco no cuidado, bem estar e higiene das crianças, constituía as principais funções das Instituições Infantis no Brasil. (RCNEI, 1998).
A Educação Infantil tem-se expandido, sua consolidação tem sido sinalizada a partir do reconhecimento de sua importância pelas políticas públicas, com a criação de documentos e leis de diretrizes e bases, que fundamentam e definem parâmetros para esta etapa da formação do ser humano que, mesmo não sendo obrigatória, passou a ser direto da criança e uma conquista social.
Embora a discussão quanto às funções e atribuições das Instituições de Educação Infantil (creches e pré-escolas) ocorra há muitos anos, o debate sobre estas concepções continua atual e complexo. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em seu art. 29, define a Educação Infantil como: “primeira etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. (LDB, 1996).
Não obstante, o Parecer da CNE/CEB 18/2005, na Lei nº 11.114/2005, “torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental, pelas alterações dos Arts. 6º, 32 e 87 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996)”, ampliando para 9 (nove) anos a etapa de escolarização obrigatória. Deste modo, as escolas de Educação Infantil passam a atender “crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos de idade, sendo Creche até 3 (três) anos de idade e Pré-escolas para 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade”. (Resolução CNE/CEB nº 3/2005). Deste modo, a Educação Infantil assume o papel de grande responsabilidade social, quando passa a ser considerada fundamentalmente importante para o desenvolvimento integral da criança - em seus aspectos físico, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais (RCNEI, 1998).
Para melhor entendermos precisamos definir os conceitos de educar e cuidar, com base em alguns levantamentos teóricos, a fim de esclarecê-los, antes mesmo de relacioná-las no âmbito escolar.
Cuidar
No contexto da Educação Infantil, podemos pensar o termo ‘cuidar’ num sentido mais amplo, como um ato de valorização da criança, de modo a contribuir em seu desenvolvimento como ser humano, em suas capacidades, identificando e correspondendo às suas necessidades essenciais, ligadas à questão da alimentação, higiene, saúde, vestuário, pelos quais todos os seres humanos estão subjugados. Isso inclui o interesse pelo que a criança sente e pensa, com relação ao mundo e com relação a ela mesma. (RCNEI, 1998:25)
Conforme assinalado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil “cuidar da criança é, sobretudo, dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades”. (RCNEI, 1998:25)
Trata-se da criação de um vínculo entre crianças e professores, entre quem cuida e quem é cuidado. E acima de tudo, proporcionar momentos para considerar o desenvolvimento das capacidades e habilidades da criança, na expectativa de que esta se torne cada vez mais independente, mais autônoma. (RCNEI, 1998)
Deste modo, pensar o cuidar apenas como forma de ‘garantir’ a sobrevivência do ser humano é desvalorizar a ação, fundamentalmente mais ampla e significativa, que envolve este ato. Ainda que o bebê – citando a faixa etária de berçário – necessite da intervenção direta do adulto próximo, e dele receba a atenção e o desvelo necessário, não podemos deixar de considerar a possibilidade da construção de um vínculo mais próximo entre os sujeitos nesta ação.
O desenvolvimento integral depende dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso e conhecimento variados. (RCNEI, 1998:24)
Em outras palavras, é através desta relação, deste vínculo entre o adulto e a criança, que se torna possível que o professor atenha-se e identifique as necessidades sentidas e expressas por esta (através do choro, por exemplo), mas, que deste mesmo modo, a criança tenha ainda condições de se desenvolver e ampliar suas habilidades e aos poucos, vá tomando consciência de sua capacidade em busca da autonomia, tornando-se cada vez mais independente. (RCNEI, 1998)
Até o presente momento, apresentamos as reflexões acerca do conceito de cuidar. Seguiremos com nosso estudo, refletindo acerca do conceito de educar, partindo da definição deste termo, a fim de esclarecer as ações que envolvem esta prática.
Educar
Partindo do pressuposto de que somos seres inacabados e que estamos em constante processo de aprendizagem durante toda nossa existência (FREIRE, 1996) faz-se necessário que no processo de construção do saber, a criança tenha acesso a situações diversificadas e significativas no que diz respeito ao desenvolvimento de suas habilidades cognitivas psicomotoras e sócio-afetivas. É nesta perspectiva que se fundamenta o ato de educar nas escolas de Educação Infantil e deste modo, ao pautar este estudo nos documentos da legislação nacional – Constituição de 1988 e LDB lei 9.394/96 – é possível constatar que o conceito de educar está intrinsecamente ligado à prática docente, no que se refere ao sistema educacional. Com relação à primeira etapa da Educação Básica, denominada na atual LDB como Educação Infantil, o documento aborda a educação com a finalidade de desenvolver o educando em sua formação pessoal e social, para o exercício da cidadania.
Conforme apresentado no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, educar significa:
(...) propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (RCNEI, 1998:23).
A Educação Infantil é apresentada na atual legislação brasileira como a primeira etapa da educação básica, onde a prática pedagógica deve favorecer a construção do conhecimento das crianças de 0 a 6 anos de idade.
Para que isso ocorra de uma maneira proveitosa é necessário estabelecer uma rotina produtiva mostrando que a equipe escolar é capaz de integrar cuidados com o ato de educar. No entanto essa rotina deve fazer parte de um planejamento pedagógico da escola onde haja as diretrizes, os objetivos e a parceria da comunidade onde a unidade de educação infantil esteja inserida
A rotina dentro da educação infantil é muito importante para que haja uma organização dos espaços físicos da escola e ainda para que as crianças se sintam em um ambiente agradável e possam se adaptar ao meio em que convivem com outras crianças. Uma rotina adequada é um instrumento construtivo para a criança, pois permite que ela estruture sua independência e autonomia, além de estimular a sua socialização.
A rotina faz parte do cotidiano de uma Escola Infantil e prevê momentos diferenciados que certamente não são iguais para crianças maiores e menores. Diversos tipos de atividades envolverão a jornada diária das crianças e adultos, são elas: a acolhida das crianças, a alimentação, a higiene, os jogos diversificados – como o faz de conta, os jogos imitativos e motores, o repouso, a hora do conto, a alfabetização entre outras.
A prática da roda de conversa traz inúmeros significados. A expressão por meio da linguagem oral de sentimentos, idéias e valores. Porém nem sempre as rodas têm as mesmas finalidades e aprendizagens.
A maior parte das atividades é realizada no coletivo com as crianças e uma das principais é a roda de conversa. É através desta que o professor pode contar uma história, explicar uma atividade, orientar e construir as regras junto com os alunos principalmente conhecer as crianças. É nesse momento que muitos expressam suas dúvidas e anseios bem como contam causos e até mesmo as particularidades do ambiente familiar.
Nesse momento de reunião dos alunos o professor pode fazer uma investigação e esmiuçar o assunto escolhido em seu planejamento e fazer com que a aula se torne produtiva para o desenvolvimento das crianças. A duração das rodas de conversas deve variar de acordo com a idade das crianças, com os menores o tempo deve ser reduzido, mas isso não impede que o professor estimule as crianças a falarem e estimular a criança contar o que já sabe ou aprendeu.
No momento da roda estão envolvidos outras atividades lúdicas que por muitas vezes são vistas apenas como recursos a mais em sala de aula. O brincar é uma atividade natural da criança e é através desta que ela vai satisfazendo grande parte de seus desejos e interesses particulares, como também libera suas energias, estimula sua criatividade, imaginação e aprende a respeitar regras e conviver com o outro. È brincado que a criança faz a mediação entre o real e o faz-de-conta a partir daí vai assimilando seus conhecimentos e se adaptando ao mundo que vive.
Durante as brincadeiras as crianças revelam atração pelos objetos das atividades, para o seu prosseguimento com atenção, sendo incansáveis na sua realização, porém, são pouco encontrados nas atividades escolares principalmente nas atividades que exigem mais concentração.
As atividades lúdicas podem estar presentes em vários momentos da educação infantil principalmente quando estamos trabalhando com a alfabetização. Apresentar as crianças da educação infantil á alfabetização de maneira lúdica indica que elas possam ter mais interesse e se desenvolverem melhor, as possibilidades podem ser simples como aprender contagem pulando amarelinha, como também pular corda e soletrar o alfabeto como se fosse uma música. Esta é uma fase muito importante na vida da criança e se faz necessário práticas pedagógicas que possibilitem as crianças o acesso a escrita de forma natural.Também é importante a participação da família na escola e ao lado da criança para que ela se sinta segura e tenha apoio quando precisar de ajuda.
Conclusão
A Constituição Brasileira atribui ás crianças direitos de cidadania, definindo que sua proteção integral deve ser assegurada pela família, pela sociedade e pelo poder público, com absoluta prioridade. Todas as discussões apontam para uma necessidade crescente de que as instituições de educação infantil assumam de uma forma integrada o cuidar e o educar.
A creche que ainda mantém atendimento assistencialista organiza sua rotina priorizando somente os cuidados básicos de guarda, alimentação, higiene e sono. Esta idéia precisa ser ampliada. A criança precisa ser vista muito além do que os aspectos dos cuidados, porque ela é rica em cultura, conhecimento e criatividade e está em constante desenvolvimento.
É preciso não apenas cuidar, mas também educar. Tais situações ocorrem diariamente na rotina das crianças que freqüentam creches, como tomar banho, por exemplo, poderão se transformar num momento educativo e lúdico na medida em que o adulto interagir com a criança, estreitando-se os vínculos afetivos. Para que ocorra um atendimento de qualidade nas instituições de educação infantil, sem que haja diferenças entre as ações de cuidar e educar, faz se necessária a formação dos profissionais que atuam na área.
O poder público, portanto, não está isento de responsabilidade, ao contrário, compete a ele, a articulação de políticas públicas de atendimento à infância que respeite os direitos fundamentais da criança.
Referências Bibliográficas
SUZUKI, Juliana Telles Faria Ludicidade e educação ET.al – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.
SILVEIRA, Ana Paula Pinheiro Fundamentos da alfabetização – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
LIMA, Lilian Salete Alonso Moreira; TEIXEIRA, Maria de Souza Valle Ensino da linguagem oral e escrita – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
RAIZER, Cassiana Magalhães Organização e didática na educação infantil – São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
_____. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Brasília, DF: MEC, 1998 a. v. 1.
_____. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Brasília, DF: MEC, 1998 b. v. 2.
_____. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil. Brasília, DF: MEC, 1998 c. v. 3.
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