Radiação Iionizante
Dissertações: Radiação Iionizante. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: julianethais • 9/4/2014 • 2.131 Palavras (9 Páginas) • 623 Visualizações
A radiação ionizante (RI), como exemplo de agente
físico, promove uma liberação de energia capaz de alterar a atividade celular. As
alterações podem ocorrer envolvendo o material genético, levando a morte ou mesmo a
um mau funcionamento celular, consequentemente o risco de efeitos tardios no organismo dos indivíduos expostos à RI são consideráveis e não devem ser negligenciados.
Afeta do sistema imunológico
O corpo humano é constituído por aproximadamente 5x1012 células, muitas delas altamente especializadas para o desempenho de suas funções na fisiologia humana.
Qualquer discussão a respeito dos efeitos biológicos causados pela radiação ionizante prescinde uma clara compreensão sobre o que é a RI e como esta é medida (dosimetria). Podemos definir a RI como ondas eletromagnéticas de alta 31 energia (raios X ou raios gama) que, ao interagirem com a matéria, desencadeiam uma série de ionizações, transferindo energia aos átomos e moléculas presentes no campo irradiado e promovendo, assim, alterações físico-químicas intracelulares (Biral 2002).
Os efeitos biológicos não dependem apenas da dose de radiação absorvida (Gy), mas também das características da radiação ionizante e da sua capacidade de produzir íons e dissipar energia em sua trajetória no meio ou tecido.
As radiações ionizantes têm a capacidade de alterar as características
físico-químicas das moléculas de um determinado tecido biológico. As células com alta taxa de proliferação são mais sensíveis à radiação ionizante e são encontradas em tecidos de alta atividade mitótica ou tecidos denominados de resposta rápida. A radiossensibilidade é inversamente proporcional ao grau de diferenciação celular (quanto menos diferenciada é a célula, mais radiossensível ela é) e diretamente proporcional ao número de divisões celulares necessárias para que a célula alcance a sua forma "madura". Portanto, as células humanas mais radiossensíveis são as células da epiderme, os eritroblastos, as células da medula óssea e as células imaturas dos espermatozóides. Ao contrário, células nervosas ou musculares, que não se dividem e são bem diferenciadas, são muito radiorresistentes (Biral 2002). A morte clonogênica ou falência reprodutiva da célula está associada à resposta lenta ao reparo após irradiação dos tecidos, enquanto a suscetibilidade à morte celular por apoptose é associada aos tecidos de resposta rápida (Segreto & Segreto, 2000).
Os efeitos biológicos decorrentes das radiações ionizantes podem ser divididos em determinísticos e estocásticos. Os efeitos determinísticos são aqueles conseqüentes à exposição a altas doses de radiação e dependem diretamente desta exposição, como a morte celular (de células malignas submetidas à radioterapia), as queimaduras de pele, a esterilidade ou a ocorrência de cataratas. Os efeitos estocásticos ou aleatórios são aqueles não aparentes e que se manifestam após meses ou anos da exposição à radiação, não permitindo estabelecer claramente uma 33 relação de "causa e efeito".
é oportuno lembrar que todos os seres vivos encontram-se permanentemente expostos à radiação natural ou de fundo, conhecida também como "background", que consiste na presença de radiações provenientes de radioisótopos normalmente presentes no meio ambiente e decorrentes da radiação da crosta terrestre e radiação cósmica, entre outras fontes, e que em alguns países industrializados é de cerca de 3 mSv/ano (Biral 2002).
Krieger 34 (2003), relataram que, logo após este período, o radioexposto, pode entrar em uma fase de latência onde os sintomas permanecem inalterados e há um estado aparente de melhora, geralmente dá-se entre 18 e 21 dias. A fase crítica pode surgir logo após de 4 a 6 semanas, e está relacionada a um quadro clínico associado aos sistemas afetados pela RI. A recuperação ou morte depende da dose de radiação recebida, da sensibilidade e do tratamento médico dispensado ao radioexposto (Martins et al., 1997).
O mais importante dos efeitos imediatos das radiações ionizantes após exposição do corpo inteiro a doses relativamente elevadas é a Síndrome Aguda da Radiação (SAR), que corresponde a exposição individual aguda a elementos radioativos capazes de atingir toda a superfície corporal, resultando em necrose celular, hemorragia e infecção. Os sinais e sintomas iniciais da SAR são: náusea, vômito, fadiga e perda de apetite. A SAR é uma doença séria que ocorre quando o indivíduo recebe uma alta dose de radiação por um período curto de tempo. A SAR pode ser observada quando a dose absorvida é elevada, a penetração da radiação é
significativa o suficiente para se atingir os órgãos ou quando corpo inteiro ou a maior
parte dele recebe uma dose elevada por um período curto de tempo. Normalmente
as pessoas com SAR apresentam danos na pele, que se parece com queimaduras
por exposição à radiação ultravioleta, podendo ocorrer alopecia. A chance de
sobrevivência de uma pessoa com SAR diminui proporcionalmente ao aumento da
dose absorvida. O óbito, na maioria dos casos, ocorre devido à destruição da medula
óssea, que resulta em infecções, hemorragia interna, depressão medular, anemia,
trombocitopenia e leucopenia CDC (2005). Segundo Valverde (1988), 14
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radioexpostos à RI de 137Cs em Goiânia apresentaram depressão medular e sinais
clássicos da SAR.
Doses da ordem de 100 Grays produzem falência do sistema nervoso
central observando-se desorientação espaço-temporal, perda de coordenação
motora, distúrbios respiratórios, convulsões, coma e morte em algumas horas após a
exposição ou no máximo um ou dois subsequentes. Quando a dose absorvida numa
exposição de corpo inteiro é de dezenas de Grays, observa-se a Síndrome
Gastrintestinal (SG), caracterizada por náuseas, vômito, perda de apetite, diarréia
intensa e apatia. Em seguida surge desidratação,
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