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Relacoes Etnico Raciais

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Por:   •  9/12/2014  •  8.834 Palavras (36 Páginas)  •  1.427 Visualizações

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Relações étnico raciais: algo sobre os brasileiros1

Surgimos da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos. (...) Nessa confluência, matrizes raciais se fundem para dar lugar a um povo novo, (...) novo porque surge como uma etnia nacional, diferenciada culturalmente de suas matrizes formadoras.

(RIBEIRO, 1995. p.19)

Partimos da epígrafe em que destacamos o pensamento do antropólogo Darcy Ribeiro para pensarmos sobre nosso conhecimento a respeito de nossas matrizes culturais.

O que faz o brasil, Brasil? A essa pergunta feita pelo antropólogo Roberto da Matta, em seu livro, de mesmo nome podemos responder que o Brasil é um mosaico de sons, cores e sabores. A referência ao mosaico, que é, segundo o dicionário Houaiss, uma obra feita pela justaposição de pequenas peças coloridas formando um desenho ou imagem, quer demonstrar a representação que se tem do Brasil e dos brasileiros. Uma sociedade que se formou pela liga de diferentes culturas. Fomos formados inicialmente como povo, a partir da junção de índios, europeus e africanos. A miscigenação é nossa marca.

Vamos começar falando da cultura africana. Quando se fala em cultura africana deve-se pensar em culturas africanas, tendo em vista que os africanos que para o Brasil foram trazidos à força, pertenciam a diversas sociedades de diferentes locais do continente africano, com línguas, costumes e formas de exercer a fé distintos, e que por sua vez haviam tido a influência anterior de outras culturas, inclusive a árabe. Podemos dizer desse modo que a cultura afro-brasileira advém de um processo de combinação e reelaboração de diversas culturas da África.

Da mesma maneira havia no Brasil diferentes sociedades indígenas antes da vinda dos portugueses. Eles não encontraram esta terra vazia.

1 Maria Aura Marques Aidar - Professora na Universidade de Uberaba, Mestre em História, Especialista em Docência Universitária e Especialista em Educação à Distância.

De acordo com o Instituto Sócio Ambiental em seu site sobre povos indígenas no Brasil

http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/quem-sao/povos-indigenas Acessado em 04jun2012

Em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país. Estima-se que, na época da chegada dos europeus, fossem mais de 1.000 povos, somando entre 2 e 4 milhões de pessoas. Atualmente encontramos no território brasileiro 238 povos, falantes de mais de 180 línguas diferentes.Os povos indígenas somam, segundo o Censo IBGE 2010, 817.963 pessoas. Destas, 315.180 vivem em cidades e 502.783 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,42% da população total do país. A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 673 Terras Indígenas, de norte a sul do território nacional.

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Em relação aos europeus a situação não foi muito diferente: vieram inicialmente os portugueses, depois os franceses e holandeses, mais a frente espanhóis, italianos, alemães e não só europeus, mas também, japoneses, chineses, árabes, libaneses, sírios, entre outros. Cada um com sua cultura a contribuir para o que se chama cultura brasileira, que por sua vez se desdobra em culturas regionais.

Você está percebendo que a cultura no Brasil em seus primeiros trezentos anos teve como marca a diversidade. Índios, europeus e africanos, formavam um mosaico, que apesar da hegemonia europeia sobre as instituições e Estado, em relação a aspectos culturais não havia prevalência, falavam-se várias línguas e dialetos, rezavam-se para Deus e para várias entidades.

Tal encontro de culturas foi responsável pela construção de uma cultura diferente de Portugal, diferente da África e que não se configurou como uma continuação da cultura dos primitivos habitantes desta terra. Havia muito a se fazer, tudo era novo, desde as relações sociais entre os elementos de formação da nossa matriz cultural, até o clima, a geografia. De acordo com Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil (1995, p.31) a tentativa de implantação da cultura europeia em tão extenso território como o brasileiro, cujas condições naturais diferiam em muito do velho continente, propiciou ricas consequências nas origens da sociedade brasileira. A inovação, a aventura e a criatividade abriram portas necessárias ao crescimento.

segundo Da Matta (1985, p.14) o Brasil foi feito de uma combinação especial de possibilidades universais, temos um estilo, um modo de ser, um jeito de existir que, não obstante estar fundado em coisas universais é exclusivamente brasileiro.

Essas influências recebidas no processo de desenvolvimento do povo brasileiro em algumas vezes destacam-se individualmente, outras vezes unem-se e produzem um novo modelo detentor de aspectos próprios às três culturas. No entanto, as diferentes participações e desempenhos de papeis na construção da identidade nacional, originaram representações limitantes e preconceituosas, que desconsideraram a importância das culturas indígena e africana para a sociedade brasileira.

Todos nós carregamos diferentes heranças culturais. Os brasileiros têm estrutura genética idêntica aos demais grupos humanos. A cor da pele, o formato do nariz, a textura dos cabelos, são formas de adaptação do ser humano ao ambiente, não podem ser considerados como fatores limitantes ao convívio.

Em relação à genética humana, Souza (2006, p.122) afirma:

A genética, ao mostrar que a discussão racial envolve 0,0005% do genoma humano, provou que a noção de raça não está fundada em evidências biológicas e sim em distinções culturais, (...) as insignificantes diferenças genéticas desmentem que há raças superiores ou inferiores.

O antropólogo Franz Boas (2004) afirmava que toda cultura tem história própria, que se desenvolve de maneira singular e que não pode ser julgada a partir da história de outras culturas, não existe cultura superior a outra.

Roger Chartier, historiador cultural (1991, p.183) pode nos ajudar a esclarecer mais um pouco a questão da representação da identidade brasileira, que apesar de híbrida teve durante muitos anos a predominância da cultura europeia representada pelos colonizadores brancos. Veja que à noção de representação coletiva se articulam três modalidades de relação com o mundo social:

1- o trabalho de classificação e de recorte que produz configurações

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