Relatorio Filme

Nenhum a Menos, do cineasta Zhang Yimou é um drama, que nos transporta a uma realidade repleta de conflitos sociais, desigualdades entre o poder x conhecimento. A situação apresentada não é prerrogativa apenas das comunidades rurais chinesas. Há passagens e fatos que nos remete, conscientemente ou não, dentro das escolas brasileiras onde o drama da evasão, repetência e falta de recursos financeiros aplicados na educação reproduz a problemática apresentada no filme. Se o objetivo do diretor era retratar a realidade de todas as escolas, ele não poderia ter optado por recurso mais convincente. Os atores apenas viviam seu cotidiano, improvisando às vezes algumas situações onde se percebe claramente a naturalidade dos gestos e falas.O filme nos leva a questionar a realidade, acerca de nossa atuação como educadores e conseqüentemente nos conduz a repensar nossa práxis pedagógica. É uma verdadeira lição de perseverança e determinação de uma jovem professora para conduzir de volta à sala de aula um aluno evadido por questões da pobreza. Embora a razão impulsora que leva Wei a tanta determinação seja até mesmo egoísta, pois o que ela teme é perder sua gratificação financeira, o fato leva-nos a pensar se o educador esta realmente comprometido com a sua função na educação, ele esta somente transmitir saberes sistematizados nossos objetivos é formar cidadãos críticos e capazes de agir e reagir em sociedade, norteados pela ética e valores essenciais ao ser humano: respeito, compaixão, solidariedade, dignidade, amizade.Em Nenhum a Menos há um confronto de contrastes, onde o professor, homem, maduro inicia suas aulas com 40 alunos e no decorrer do curso tem alguns alunos evadidos. Ao precisar afastar-se do trabalho para cuidar da mãe doente, Gao se depara com a única alternativa de substituição possível: uma jovem menina com apenas 13 anos, que terá pela frente o desafio de não permitir a evasão de mais nenhuma criança.

O professor Gao adverte-a que ao retornar a sua sala de aula, não admite “nenhum aluno a menos”, sob a advertência de que não pagara seu dinheiro se isso vir a acontecer. Então, em uma sala de aula multiseriadas tão comum nas escolas brasileiras, o filme nos mostra falta de preocupação com o fator aprendizagem pois o que vale é manter as crianças na escola, que estas aprendam ou não. Os recursos pedagógicos são inexistentes e até mesmo o giz usado para escrever as lições é regrado, só disponibilizando de um por dia de aula. A classe também serve de dormitório para alguns alunos. Um fato que nos desperta a atenção é que para cumprir com o objetivo de não perder mais nenhum aluno, Wei chega à decisão de partir para a distante e desconhecida cidade grande em busca da criança evadida. Nesse ponto o filme passa a ter ação, pois há uma mobilização conjunta da professora com os alunos. A matemática assume grande importância, pois diante da decisão de Wei em viajar e da falta de dinheiro para as passagens de ônibus, a turma se une e passa a realizar cálculos para descobrir quantos dias de trabalho no carregamento de tijolos da olaria serão necessários para totalizar a quantia precisa. A aprendizagem ganha significado quando a matemática é contextualizada na realidade, no cotidiano, no dia-a-dia, como na cena onde eles usam o senso de divisão para dividirem entre si uma Coca-Cola.Na chegada de Wei a cidade, percebemos uma mudança