Resenha Critica Filme Capote
Trabalho Universitário: Resenha Critica Filme Capote. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marciacamara • 23/12/2013 • 622 Palavras (3 Páginas) • 1.741 Visualizações
Faculdade Integrada do Ceará
Curso de Comunicação Social – Jornalismo
5º Semestre
Disciplina: Jornalismo Especializado
Avaliação 1 – Resenha Crítica do filme “Capote”
Um livro escrito a sangue frio
A história de um best-seller, “A sangue Frio”. A história de um dos mais famosos e intrigantes escritores norte americanos do século passado, Truman Capote. A história de um novo gênero, o Jornalismo Literário. É curioso como o filme “Capote”, de Bennett Miller, consegue contar ao mesmo tempo tantas histórias. Aqui, o assassinato da família Clutter, que abalou uma pequena cidade no Kansas em 1959, serve apenas de pano de fundo.
Philip Seymour Hoffman reencarna de maneira magistral o singular, egocêntrico e “superstar” escritor, nascido em New Orleans, a 30 de setembro de 1924, e falecido em Agosto de 1984. A voz infantil, o jeito extravagante de se vestir e os modos afetados de Capote são bem captados, e sua atuação acabou por garantir a ele o Oscar 2005 e o Globo de Ouro melhor ator, entre outros prêmios. Na pele de Capote, Hoffman vive o dia-a-dia de um escritor ávido por (mais?) reconhecimento, obcecado por fazer algo novo, algo que revolucionasse a escrita jornalística e literária.
O filme revela como Capote usa sua sensibilidade e inteligência para tirar de si e da comunidade de Holcomb, o que precisa para ser bem sucedido em sua empreitada. Debaixo dos olhares atentos e críticos da sempre amiga e também escritora Nelle Harper Lee (Catherine Keener, indicada ao oscar na categoria “atriz coadjuvante”) e de seu companheiro, Jack Dunphy (Bruce Greenwood), Truman por muitas vezes parece agir também a sangue frio, racionalizando seus atos como um assassino em busca do crime perfeito, encenando os papéis que forem necessários e mentindo aqui e ali para conseguir o que precisa. A essa altura ele se identifica com um dos algozes da família Clutter, Perry Smith (Clifton Collins Jr), a quem confessa terem muito em comum. E assim, segue escrevendo sobre a realidade com os requintes poéticos com os quais se escrevesse ficção.
Como o próprio multifacetado Capote, o diretor do longa também usa artifícios para manipular os espectadores. Se a música às vezes comove e enternece, o silêncio parece trazer dúvida, uma sensação de vazio e frieza. Elementos que ressaltam esse comportamento ambíguo de Truman; um homem extremamente egoísta e apaixonado por si próprio, mas que consegue perceber e até demonstrar solidariedade à dor alheia, seja movido por interesse ou não. Mas seria mesmo uma encenação toda essa solidariedade e cumplicidade?
O vazio dos campos solitários do Kansas se tornou um campo fértil onde Truman estuda a mente de dois assassinos, e talvez a sua própria. Pois se não, por quem ou por que ele chora e se esconde? Por causa do esgotamento físico e mental, após seis anos de trabalho? Ou seria por descobrir quem ele era, depois de se enxergar num assassino? Nunca vamos saber exatamente. Como Capitu, personagem de Machado de Assis, em Dom Casmurro, Truman Capote era impenetrável e indecifrável.
Ficha
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