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Ser E Ter

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Por:   •  11/6/2014  •  1.102 Palavras (5 Páginas)  •  299 Visualizações

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A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda

na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta

competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não estuda, que não se

esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as

atividades de sua classe. Isto não significa, porém, que a opção e a prática democrática

do professor ou da professora sejam determinadas por sua competência científica. Há

professoras cientificamente preparados mas autoritários a toda prova. O que quero dizer

é que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.

Outra qualidade indispensável à autoridade em suas relações com as liberdade é a

generosidade. Não há nada mais que inferiorize mais a tarefa formadora da autoridade

do a mesquinhez com que se comporte.

A arrogância farisaica, malvada, com que julga os outros e a indulgência macia com que

se julga ou com que julga os seus. A arrogância que nega a generosidade nega também a

humildade, que não é virtude dos que ofendem nem tampouco dos que se regozijam

com sua humilhação. O clima de respeito que nasce em relações justas, sérias, humildes

56 generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem

eticamente, autentica o caráter formados do espaço pedagógico.

A reação negativa ao exercício do comando é tão incompatível com o desempenho da

autoridade quanto a sofreguidão pelo mando. O mandonismo é exatamente esse gozo

irrefreável e desmedido pelo mando.

A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do

educando. Não faz parte de sua forma de ser, esperar, sequer, que o educando revele o

gosto de aventurar-se.

A autoridade coerentemente democrática, fundando-se na certeza da importância, quer

de s mesma, quer da liberdade dos educandos para a construção de um clima de real

disciplina, jamais minimiza a liberdade. Pelo contrário, aposta nela. Empenha-se em

desafiá-la sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da liberdade, um sinal de

deterioração da ordem. A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a

disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no

alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que desperta.

A autoridade coerentemente democrática, mais ainda, que reconhece a eticidade de

nossa presença, a das mulheres e dos homens, no mundo, reconhece, também e

necessariamente, que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade sem

risco. O educando que exercita sua liberdade ficará tão mais livre quanto mais

eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações. Decidir é romper e, para

isso, preciso correr o risco. Não se rompe como quem toma um suco de pitanga numa

praia tropical. Mas, por outro lado a autoridade coerentemente democrática jamais se

omite.

Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, a sua

supressão do processo de construção de boa disciplina.

Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerentemente democrática é o que

a torna quase escrava de um sonho fundamental: o de persuadir ou convencer a

liberdade de que vá construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que,

57 embora vindo de fora de si, sejam reelaborados por ela, a sua autonomia. É com ela, a

autonomia, penosamente construindo-se, que a liberdade vai preenchendo o espaço

antes habitado por sua dependência. Sua autonomia que se funda na responsabilidade

que vai sendo assumida.

O papel da autoridade democrática não é, transformando a existência humana num

calendário escolar tradicional, marcar as lições de vida para as liberdades mas, mesmo

quando tem um conteúdo programático a propor, deixar claro, com seu testemunho, que

o fundamental no aprendizado do conteúdo é a construção da responsabilidade da

liberdade que se assume.

No fundo, o essencial nas relações entre o educador e educando, entre autoridade e

liberdades,

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