Ser E Ter
Exames: Ser E Ter. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: daniellevieira3 • 11/6/2014 • 1.102 Palavras (5 Páginas) • 303 Visualizações
A segurança com que a autoridade docente se move implica uma outra, a que se funda
na sua competência profissional. Nenhuma autoridade docente se exerce ausente desta
competência. O professor que não leve a sério sua formação, que não estuda, que não se
esforce para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as
atividades de sua classe. Isto não significa, porém, que a opção e a prática democrática
do professor ou da professora sejam determinadas por sua competência científica. Há
professoras cientificamente preparados mas autoritários a toda prova. O que quero dizer
é que a incompetência profissional desqualifica a autoridade do professor.
Outra qualidade indispensável à autoridade em suas relações com as liberdade é a
generosidade. Não há nada mais que inferiorize mais a tarefa formadora da autoridade
do a mesquinhez com que se comporte.
A arrogância farisaica, malvada, com que julga os outros e a indulgência macia com que
se julga ou com que julga os seus. A arrogância que nega a generosidade nega também a
humildade, que não é virtude dos que ofendem nem tampouco dos que se regozijam
com sua humilhação. O clima de respeito que nasce em relações justas, sérias, humildes
56 generosas, em que a autoridade docente e as liberdades dos alunos se assumem
eticamente, autentica o caráter formados do espaço pedagógico.
A reação negativa ao exercício do comando é tão incompatível com o desempenho da
autoridade quanto a sofreguidão pelo mando. O mandonismo é exatamente esse gozo
irrefreável e desmedido pelo mando.
A autoridade docente mandonista, rígida, não conta com nenhuma criatividade do
educando. Não faz parte de sua forma de ser, esperar, sequer, que o educando revele o
gosto de aventurar-se.
A autoridade coerentemente democrática, fundando-se na certeza da importância, quer
de s mesma, quer da liberdade dos educandos para a construção de um clima de real
disciplina, jamais minimiza a liberdade. Pelo contrário, aposta nela. Empenha-se em
desafiá-la sempre e sempre; jamais vê, na rebeldia da liberdade, um sinal de
deterioração da ordem. A autoridade coerentemente democrática está convicta de que a
disciplina verdadeira não existe na estagnação, no silêncio dos silenciados, mas no
alvoroço dos inquietos, na dúvida que instiga, na esperança que desperta.
A autoridade coerentemente democrática, mais ainda, que reconhece a eticidade de
nossa presença, a das mulheres e dos homens, no mundo, reconhece, também e
necessariamente, que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade sem
risco. O educando que exercita sua liberdade ficará tão mais livre quanto mais
eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações. Decidir é romper e, para
isso, preciso correr o risco. Não se rompe como quem toma um suco de pitanga numa
praia tropical. Mas, por outro lado a autoridade coerentemente democrática jamais se
omite.
Se recusa, de um lado, silenciar a liberdade dos educandos, rejeita, de outro, a sua
supressão do processo de construção de boa disciplina.
Um esforço sempre presente à prática da autoridade coerentemente democrática é o que
a torna quase escrava de um sonho fundamental: o de persuadir ou convencer a
liberdade de que vá construindo consigo mesma, em si mesma, com materiais que,
57 embora vindo de fora de si, sejam reelaborados por ela, a sua autonomia. É com ela, a
autonomia, penosamente construindo-se, que a liberdade vai preenchendo o espaço
antes habitado por sua dependência. Sua autonomia que se funda na responsabilidade
que vai sendo assumida.
O papel da autoridade democrática não é, transformando a existência humana num
calendário escolar tradicional, marcar as lições de vida para as liberdades mas, mesmo
quando tem um conteúdo programático a propor, deixar claro, com seu testemunho, que
o fundamental no aprendizado do conteúdo é a construção da responsabilidade da
liberdade que se assume.
No fundo, o essencial nas relações entre o educador e educando, entre autoridade e
liberdades,
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