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Tempestades Solares

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Por:   •  18/5/2013  •  1.919 Palavras (8 Páginas)  •  714 Visualizações

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Os especialistas estão divididos quanto às consequências na Terra de uma erupção solar cataclísmica, conhecida como evento de Carrington, em homenagem ao astrônomo amador britânico que documentou a tormenta de 1859.

Um apagão continental afetaria milhões de pessoas, "mas é administrável", disse John Moura, da North American Electric Reliability Corp, associação sem fins lucrativos fundada por empresas de energia para ajudar a gerenciar a rede elétrica. Segundo ele, a maior parte da rede poderia ser religada dentro de cerca de uma semana.

Outras pessoas são mais pessimistas, preocupando-se que uma erupção enorme e na direção certa causaria não apenas o apagamento das luzes como também danificaria transformadores e outros componentes críticos da rede.

Alguns lugares poderiam ficar sem eletricidade durante meses e uma "falta crônica de vários anos é possível", de acordo com o Conselho Nacional de Pesquisa, a divisão de pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Mesmo assim, o ciclo de manchas solares tem sido mais tranquilo do que a maioria. E mesmo que o Sol libere uma rajada enorme, como aconteceu em julho passado, há uma boa chance de esta ser despachada de forma inofensiva em alguma outra direção do sistema solar. É raro que uma explosão solar gigante voe diretamente para a Terra.

Ainda que uma onda alimentada por furacão chegando à cidade de Nova York na maré alta durante a Lua cheia seja rara, não é impossível.

"Sempre existe a chance de uma grande tempestade e as consequências potenciais de uma grande tormenta deixam todo mundo preocupado", afirmou William Murtagh, coordenador de programa do Centro de Prognósticos Climatológicos Espaciais, integrante da Agência Nacional Atmosférica e Oceânica dos EUA.

Queda gigantesca de energia

O exemplo mais estudado e inequívoco da capacidade solar de prejudicar redes elétricas aconteceu em 13 de março de 1989, na província canadense do Quebec. Nas primeiras horas da manhã, uma tempestade solar gerou correntes nos fios de transmissão, desligando disjuntores. Em questão de minutos, um apagão tomou conta da província, fechando empresas, escolas, aeroportos e metrôs até a energia ser religada, no fim daquele dia.

O Canadá foi atingido novamente poucos meses depois, quando outra tormenta solar levou a culpa pelo desligamento de computadores na Bolsa de Valores de Toronto, impedindo as transações.

A organização de Moura divulgou um estudo no ano passado dizendo que as distribuidoras teriam aviso suficiente para desligar a rede e proteger os transformadores; uma força-tarefa de acompanhamento fará um estudo minucioso para determinar o grau de vulnerabilidade dos transformadores.

"Existe a sensação neste campo de que nós não temos todas as respostas", afirmou Antti Pulkkinen, cientista do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland.

Os perigos não vão passar antes do fim da máxima solar – o período de maior atividade do Sol. Mesmo quando tranquilo, com poucas manchas solares, o Sol ainda pode produzir uma erupção gigante.

As explosões solares, que viajam à velocidade da luz, chegam à Terra em menos de oito minutos e meio e podem derrubar parte das comunicações por rádio. Porém, a maior fonte de preocupações são as ejeções de massa coronal, na qual bilhões de toneladas de elétrons e prótons são expelidos do Sol e aceleram a mais de 1,6 milhão de quilômetros por hora.

As partículas, que geralmente demoram de dois a três dias para percorrer os 149 milhões de quilômetros entre o Sol e a Terra, não atingem a superfície; elas são repelidas pelo campo magnético do planeta.

Contudo, elas ficam presas no campo. Esse vaivém contínuo gera novos campos magnéticos, a maioria no lado noturno do planeta, e estes, por sua vez, induzem correntes elétricas no chão. Tais correntes saem do chão e sobem nas linhas de transmissão elétrica.

"De certa forma, estamos jogando roleta russa com o Sol", disse John Kappenman, engenheiro elétrico proprietário da Storm Analysis Consultants que vem alertando quanto a uma catástrofe em potencial.

Até agora, o presente ciclo solar desafiou a compreensão fácil. Ele começou mais tarde – tão tarde que, para alguns, era o começo de um longo período de tranquilidade, como em meados do século XVII, quando quase nenhuma mancha foi vista no Sol durante décadas. O Sol está mais tranquilo do que os peritos esperavam e, por ora, parece ter chegado prematuramente ao ponto máximo.

Os dois hemisférios solares estão fora de sincronia. O hemisfério norte está adiante da curva, tendo produzindo um grande número de manchas no final de 2011 e depois se aquietado; o hemisfério sul permaneceu praticamente em sossego durante esse tempo todo.

Para a maioria dos cientistas solares, o hemisfério solar vai se reanimar e o número de manchas solares voltará a crescer, com a máxima solar ocorrendo no final do ano. Esse padrão de picos duplos já foi avistado em ciclos solares anteriores, como no último.

"Creio ser possível afirmar com forte confiança que haverá um segundo pico em 2013", declarou Douglas Biesecker, físico do Centro de Prognósticos Climatológicos Espaciais e presidente de um painel que fez previsões sobre o ciclo solar.

"Será o segundo pico maior ou menor do que o primeiro? Ainda estamos à espera no hemisfério sul. O hemisfério norte praticamente já terminou."

Se o segundo pico não acontecer e a máxima solar já tiver ocorrido, "então eu diria ser justo qualificá-lo de ciclo incomum", disse Biesecker.

Mesmo com uma máxima solar mais tranquila do que a média, o Sol continua disparando, em média, algumas ejeções de massa coronal por dia, incluindo uma em 15 de março que teve impacto direto na Terra dois dias depois, gerando auroras noturnas pitorescas até no Colorado, mas sem provocar danos perceptíveis.

No ano passado, cerca de 20 delas – todas pequenas ou modestas – atingiram a Terra.

A enorme erupção solar de julho de 2012 partiu na direção errada, para sorte da Terra, mas passou pelo Stereo, equipamento de observação solar da NASA. Os dados do Stereo ajudarão os computadores a prover o que pode acontecer na rede elétrica.

Pego de surpresa

Na manhã de 1º de setembro de 1859, o astrônomo amador

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