Teoria Dos Pólos De Crescimento: François Perroux E Jacques R. Boudeville
Casos: Teoria Dos Pólos De Crescimento: François Perroux E Jacques R. Boudeville. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ednardo • 22/10/2013 • 939 Palavras (4 Páginas) • 937 Visualizações
François Perroux foi um dos primeiros teóricos a contestar, em uma série de trabalhos
desenvolvidos no decorrer da década de 50, a noção vulgar e inexata de espaço utilizada nas análises
econômicas realizadas até então que resultavam na coincidência entre espaços econômicos e humanos
e, conseqüentemente, em recomendações imprecisas de políticas econômicas. A noção de espaço
introduzida por este teórico descarta o conceito de espaço euclidiano e utiliza o conceito matemático
de espaço abstrato, mais adequado para analisar as inter-relações econômicas. Desta forma existiriam
tantos espaços econômicos quantos fossem os fenômenos econômicos estudados.
Neste sentido, a empresa, como unidade de produção, ocupa um espaço vulgar (ou
geonômico), onde se situam seus meios materiais e pessoais, ou seja, é o seu local de funcionamento, e
três espaços econômicos: i) a empresa ocupa em primeiro lugar um espaço definido como conteúdo de
um plano, sendo este entendido como o conjunto das relações estabelecidas entre a empresa, seus
fornecedores de input (matérias-primas, mão-de-obra, capital) e seus compradores de output
(intermediários e finais). Este plano é mutável no tempo, independe de seu espaço vulgar e é instável,
o que dificulta sua representação cartográfica; ii) em segundo lugar a empresa ocupa um espaço
definido como campo de forças, constituído por centros (pólos ou sedes) de emanação de forças
centrífugas e recepção de forças centrípetas. Cada centro tem seu próprio campo, que é invalidado
pelos campos de outros centros. A empresa atrai ao seu espaço vulgar homens e coisas (elementos
econômicos) ou afasta-os dele, determinando sua zona de influência econômica, relacionada ou não à
sua zona de influência topográfica; e iii) num terceiro aspecto, a empresa ocupa um espaço definido
como conjunto homogêneo. As relações de homogeneidade dizem respeito às unidades e sua estrutura
ou às relações entre estas unidades. Quaisquer que sejam suas coordenadas no espaço vulgar, estas
empresas localizam-se no mesmo espaço econômico. A determinação dos espaços econômicos é
bastante complexa, pois “o espaço da economia nacional não é o território da nação, mas o domínio
abrangido pelos planos econômicos do governo e dos indivíduos” (PERROUX, 1967, p.158).
Estabelecido o conceito de espaço econômico, Perroux passa a análise do processo de
crescimento, que seria irregular: “o crescimento não surge em toda parte ao mesmo tempo; manifesta-
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se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de crescimento; propaga-se, segundo vias
diferentes e com efeitos finais variáveis, no conjunto da economia” (PERROUX, 1967, p. 164). Seus
principais aspectos estão relacionados às variações da estrutura econômica nacional, que consiste no
aparecimento e desaparecimento de indústrias e em taxas de crescimento diferenciadas para as
diversas indústrias no decorrer do tempo. O aparecimento de uma indústria nova (ou grupos de
indústrias) ou o crescimento de uma indústria existente possui efeitos de propagação na economia
através de preços, fluxos e antecipações. Assim, para analisar essa modalidade de crescimento é
preciso considerar o papel desempenhado pela indústria motriz, pelo complexo de indústrias e pelo
crescimento dos pólos de desenvolvimento.
No decorrer do processo de crescimento a atenção é atraída para determinadas indústrias que
“mais cedo do que as outras, desenvolvem-se segundo formas que são as da grande indústria
moderna” (PERROUX, 1967, p. 166), cujas taxas de crescimento do seu próprio produto são mais
elevadas do que a taxa média de crescimento do produto industrial e do produto da economia nacional
durante determinados períodos. Estas indústrias, denominadas motrizes,
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