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UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO EMPRESARIAL APLICADOS NA EDUCAÇÃO ESTUDO DE CASO: GESTÃO INTEGRADA DA ESCOLA

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Por:   •  27/10/2014  •  5.155 Palavras (21 Páginas)  •  547 Visualizações

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UMA ANÁLISE SOBRE OS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO EMPRESARIAL APLICADOS NA EDUCAÇÃO

ESTUDO DE CASO: GESTÃO INTEGRADA DA ESCOLA

Márcio Silva VAZ

RESUMO: Este trabalho visa abordar a estratégia corporativa, aplicada na educação, denominada Gestão Integrada da Escola - GIDE, adotada pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro em 2011, procurando responder quais os efetivos resultados de tal política e sobre as possibilidades de se sustentar através de sucessivas alternâncias de poder ou mesmo como obter resultados homogêneos com ela, diante da diversidade econômica e social existente em nosso imenso país. O objetivo será confrontar os resultados obtidos - mediante implantação do modelo - com aqueles existentes antes de sua adoção.

PALAVRAS-CHAVE: Política Educacional; Qualidade Total; Avaliação; GIDE; SAERJ.

Introdução

Em todo o mundo, muito se tem feito para melhorar os índices de desempenho relacionados com a educação. Métodos corporativos, baseados em planos de metas, avaliações estatísticas, e outros conceitos, vêm sendo adaptados para a área educacional.

Estas estratégias corporativas, aplicadas na educação, são oriundas de políticas neoliberais amplamente disseminadas nos países do norte. Neles, notadamente os Estados Unidos da América, que têm uma situação econômica, política e social absolutamente diversa da nossa, sua adoção tem tido razoável sucesso.

No Brasil, no entanto, na busca dos melhores resultados, estas metodologias aplicadas à educação, nem sempre abrangem todos os aspectos ligados à qualidade do processo, fazendo com que nos perguntemos se os ganhos obtidos serão mantidos por longo tempo. Quais são os efetivos resultados de tais políticas? Quais as possibilidades de se sustentarem através de sucessivas alternâncias de poder? Como viabilizar uma continuada melhoria dos indicadores sem investimentos contínuos nos salários dos profissionais? Como ampliar as conquistas sem cativar os mais destacados jovens para a carreira do magistério? Como conciliar a autonomia das escolas com as rígidas metas ditadas pelo poder central? Como obter resultados homogêneos diante da diversidade econômica e social existente em nosso imenso país?

A principal razão para se proceder a esta pesquisa é entender como vem se desenvolvendo a prática das estratégias corporativas em âmbito educacional, bem como sua eficácia. Ao fazer uma abordagem crítica do tema, com a avaliação dos resultados obtidos e os questionamentos em relação ao futuro da incorporação de tais metodologias aos sistemas de ensino, esperamos contribuir para a consolidação destas práticas ou mesmo aperfeiçoá-las.

O objetivo será confrontar os resultados obtidos - mediante implantação do modelo - com aqueles existentes antes de sua adoção. Será avaliada também a relação entre os índices de desempenho regionais, estaduais e nacionais, a fim de se obter uma análise crítica das metas alcançadas e dos desafios futuros.

Diante dos progressos obtidos com a adoção das práticas corporativas no processo educacional, será importante avaliar quão duradouros serão estes resultados e que políticas adicionais seriam imprescindíveis para uma melhoria contínua.

Para atingir os objetivos traçados, optamos por realizar uma pesquisa qualitativa e documental sobre o modelo denominado Gestão Integrada da Escola (GIDE), idealizado pela professora Maria Helena Pádua Coelho de Godoy, e implantado pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro em 2011. O foco da pesquisa será o resultado alcançado, até o presente momento, pela adoção deste sistema em escolas públicas da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, gerenciadas pela Diretoria Regional de Nova Friburgo.

Para esta pesquisa serão utilizados dados consolidados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC).

As práticas corporativas na educação

A influência da globalização e do neoliberalismo sobre os processos educacionais impôs novas soluções para os problemas existentes nesta área, e entre elas, as práticas postas em execução com sucesso em grandes corporações, visando a atingir a qualidade dos processos e os resultados expressivos. Estas práticas, fomentadas pelos países ricos através do Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, pregam a qualidade total na educação, com investimentos e benefícios tratados como nas grandes empresas.

Nesta abordagem, a educação passa a ser um instrumento econômico e deve preparar uma mão de obra produtiva, flexível, ágil, técnica, multilíngues e com domínio das tecnologias emergentes. E para atingir tais objetivos foram flexibilizados os sistemas de ensino, criadas avaliações de desempenho de alunos, implementados rankings de escolas e foi dada ênfase na gestão escolar para a qualidade total.

Ao analisar estes aspectos, Marrach (1996) argumenta que,

O termo qualidade total aproxima a escola da empresa. Em outras palavras, trata-se de rimar a escola com negócio. Mas não qualquer negócio. Tem de ser um bem-administrado. O raciocínio neoliberal é tecnicista. Equaciona problemas sociais, políticos, econômicos como problemas de gerência adequada e eficiente ou inadequada e ineficiente. Por exemplo, ao comparar a escola pública de primeiro e segundo graus à escola particular, a retórica neoliberal diz que a qualidade da primeira é inferior à da segunda porque a administração da escola pública é ineficaz, desperdiça recursos, usa métodos atrasados. Não leva em conta a diferença social existente entre ambas, nem a magnitude do capital econômico de cada uma. Assim, a noção de qualidade traz no bojo o tecnicismo que reduz os problemas sociais a questões administrativas, esvaziando os campos social e político do debate educacional, transformando os problemas da educação em problemas de mercado e de técnicas de gerenciamento. Com as novas tecnologias de informação e comunicação, a educação escolar vai para o mercado, seja via financiamentos de pesquisa, marketing cultural, educacional, da mesma forma que com as técnicas de reprodutibilidade do início deste século, a arte foi e ficou no mercado. No fundo, ambos os processos são apenas desdobramentos de um processo maior, o de racionalização ou "desencantamento do mundo", analisado por Max Weber, em que qualquer coisa pode se tornar uma mercadoria.

Fruto

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