Ética Filme Amor Sem Escalas

1. INTRODUÇÃO

Descreveremos neste trabalho questões de ética na administração relacionadas ao filme Amor sem Escalas, com roteiro adaptado do livro de Walter Kim, lançado em 2009, dirigido por Jason Reitman.

A ética, segundo Pinho (2013), começa com a liberdade do sujeito em escolher entre o bem e o mal, o justo e o injusto, sendo o fruto da vontade humana em visar o bem, nos levando a compreender que não somos seres isolados, devendo nos constituir como sujeitos a partir de nossa relação com os outros indivíduos.

Segundo o Código de Ética Profissional do Administrador, o exercício da profissão de Administrador implica em compromisso moral com o indivíduo, cliente, empregador, organização e com a sociedade, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis.

No desenvolvimento do trabalho analisaremos cinco situações relacionadas com ética profissional que observamos em cenas do filme amor sem escalas.

2. A ÉTICA PROFISSIONAL NO FILME “AMOR SEM ESCALAS”

2.1. SINOPSE DO FILME

O filme Amor sem Escalas apresenta a história do personagem Ryan Binghan, interpretado pelo ator George Clooney, que tem o emprego dos tempos atuais. Seu trabalho consiste em viajar pelos EUA demitindo pessoas de seu trabalho, pois os patrões não tem coragem de fazer isso eles mesmos e pagam a firma onde Binghan trabalha.

A princípio, despedir pessoas está longe de ser o melhor emprego do mundo, mas Ryan está longe de estar insatisfeito com sua vida. Aliás, a sua vida é essa rotina de trabalho. Aeroportos e hotéis o fazem se sentir em casa muito mais do que quando ele está em sua própria casa, que serve na verdade somente como endereço para correspondência. A vida de Binghan, pessoal e profissional, está no céu, entre um voo e outro. Além disso, ele aproveita para viajar bastante para acumular milhas, pretendendo alcançar o número de 10 milhões de milhas voadas, o que o faria se tornar a sétima pessoa a conseguir atingir este objetivo.

Seu estilo de vida é ameaçado com a chegada à empresa de Natalie Keener, interpretada pela atriz Anna Kendrick, que tem um planejamento de cortar as viagens dos agentes. Ao invés de viajarem, eles fariam a demissão através de uma webcam, cortando os custos de viagem e hospedagem. A ideia de Natalie é contestada por Binghan, não apenas pela iminência de mudar sua vida, mas também pelo tratamento que os demitidos receberiam. Binghan entende que tem uma “arte” no que faz, serviço que não pode ser reproduzido pela câmera. Mas não apenas o serviço será implementado como ele terá que levar a novata para aprender mais sobre o trabalho.

A incerteza sobre o seu futuro na empresa, junto com a proximidade do casamento de sua irmã caçula, e sua relação com a bela Alex, interpretada pela atriz Vera Farmiga, faz com que Ryan passe a questionar se vale mesmo a pena não se apegar a nada.

2.2. ANALÍSE DAS CINCO SITUAÇÕES EM ÉTICA PROFISSIONAL

2.2.1. SITUAÇÃO 1

O início do filme registra os depoimentos de funcionários demitidos que demonstram toda sua indignação ao receberem esta notícia por meio de um estranho. Após ouvir os desabafos marcados pela indignação que causa o seu trabalho, Ryan se questiona: -“Quem sou eu?” Na tentativa de explicar o seu trabalho, Ryan diz que é emprestado para covardes que não tem coragem de demitir seus próprios funcionários.

Aqui encontramos o primeiro conflito ético do filme. O empregador, que ao invés de utilizar alguém da sua própria corporação para explicar os motivos da necessidade da demissão em massa dos funcionários, prefere contratar alguém de fora para fazê-lo.

Pensem no desespero das pessoas, que depois de anos de dedicação a uma determinada empresa, são sumariamente demitidos por alguém que nunca viram, que ainda tenta convencê-los que a demissão é na verdade uma oportunidade que se inicia, configurando-se nesta situação um total desrespeito do patrão com seus funcionários e a certeza de que eles nunca representaram nada de importante na corporação.

2.2.2. SITUAÇÃO 2

Após demitir um funcionário, Ryan apresenta um kit contendo as soluções para a sua atual situação, porém essas soluções não existem de fato e as promessas sobre o futuro não acontecerão. No final das explicações apresentadas por Ryan, o funcionário pergunta quando que ele entrará em contato para iniciar a sua recolocação no mercado, Ryan afirma que em breve. Após o funcionário sair da sala, ele pensa: “Eu nunca mais o verei”.

Encontramos aqui outro conflito ético do filme. Os funcionários demitidos não são tratados com honestidade e verdade. É aproveitado o momento frágil e desesperador de quem recebe a notícia para vender uma ilusão que nunca se tornará realidade, já que os planos de recolocação das pessoas no mercado de trabalho nunca serão colocados em prática, deixando todos abandonados a sua própria sorte.

2.2.3. SITUAÇÃO 3

Todos os executivos são chamados a retornar ao escritório. Devido à grande crise econômica, haverá mudanças na metodologia dos seus trabalhos. Uma nova proposta na forma de trabalhar é apresentada aos executivos, no intuito de reduzir os custos com as viagens. A partir de então, as demissões serão feitas pelo computador, dentro do escritório, sem que eles precisem se deslocar para outras cidades para realizar o serviço. Ryan, contrariado com a notícia, diz: “O que fazemos é brutal, deixa as pessoas devastadas, mas o jeito como eu faço é muito digno”.

Aqui vemos que Ryan até tem consciência do mal que causa as pessoas que demite, mas pensa que da maneira que conduz sua metodologia de trabalho, consegue minimizar os reflexos do ato em si. Observamos aqui uma total falta de consciência ética do personagem, que está pensando somente na perda de seu status alcançado com a nova metodologia a ser implantada na empresa.

Em momento algum questiona o mal brutal que ele mesmo afirma que faz às pessoas como sendo algo antiético. O que vale aqui são os resultados conseguidos por ele na corporação em que trabalha, o que lhe coloca como o melhor da empresa no que faz, e seu único medo é perder esta condição.

2.2.4. SITUAÇÃO 4

Em mais uma de suas palestras