Coca Cola

Estar associado à marca mais famosa do mundo, por si só, já seria um grande atrativo para quem trabalha na subsidiária brasileira da Coca-Cola. Quantas empresas podem ostentar números, liderança e prestígio parecidos com os da multinacional baseada em Atlanta? Mas a Coca-Cola, para seus funcionários, representa bem mais que um sobrenome luminoso no cartão de visita. Ela oferece um esplêndido pacote de benefícios aos funcionários e executivos, permite amplas oportunidades de crescimento profissional e abre-lhes a possibilidade de partilhar seu sucesso global por meio da compra de ações da companhia.

A Coca-Cola não é um grande empregador: tem apenas 455 empregados no Brasil, pois, ao contrário do que se imagina, não fabrica fisicamente os refrigerantes da marca. Sim, ela tem uma unidade em Manaus, onde produz o xarope que é a matéria-prima dos refrigerantes. Mas o verdadeiro processo industrial (e a massa dos empregos) fica a cargo das engarrafadoras franqueadas, empresas independentes que cobrem todo o território brasileiro e são conhecidas, no conjunto, como Sistema Coca-Cola. No Q.G. da Coca-Cola, no Rio de Janeiro, cuida-se da estratégia e do marketing dos produtos. Ali, a qualidade substitui a quantidade. Do total de funcionários, 350 (ou 77%) têm nível superior. Todos estão ligados on-line à matriz e contam com telefones individuais com secretária eletrônica. Facilidades? A empresa oferece salão de beleza, academia de ginástica e restaurante dentro do prédio. Não que a Coca-Cola esteja localizada em algum subúrbio distante, onde tais confortos não estejam disponíveis. Pelo contrário, fica na Praia de Botafogo, na Zona Sul, com direito à vista panorâmica do Pão de Açúcar.

A Coca-Cola tem outras idéias para facilitar a vida de seus funcionários. No dia de entrega das declarações do imposto de renda, por exemplo, negocia com uma agência bancária vizinha a extensão do horário de funcionamento para atender aos retardatários. Quando a Telerj liberou um grande lote de celulares, há alguns anos, era preciso que o assinante comparecesse pessoalmente à estatal para ligar seu aparelho. Para evitar perda de tempo, a companhia trouxe um posto de habilitação para dentro de sua sede. "Temos todas as condições para trabalhar bem", diz Jaime Batista Jr., especialista de marketing.

A atenção à saúde é outro atrativo forte. Gestantes e crianças recebem tratamento diferenciado no plano de benefícios. Durante a gestação, tanto as funcionárias quanto as esposas de empregados recebem orientação e têm direito a fazer uma consulta mensal, exame pré-natal e três ultra-sonografias com todas as despesas pagas pela companhia (fora essas ocasiões, o plano de saúde da Coca-Cola reembolsa parte das despesas, de acordo com a faixa salarial). Se for necessário, a companhia banca também exames mais sofisticados. Crianças até 1 ano podem fazer uma consulta pediátrica por mês com reembolso total, além de tomar todas as vacinas gratuitamente. Até os 12 anos, têm direito de se consultar com o pediatra a cada seis meses por conta da empresa. A Coca-Cola reembolsa gastos com fraldas descartáveis e subsidia despesas com creche até os 4 anos de idade. Crianças com problemas mentais ou motores, por sua vez, recebem tratamentos gratuitos. A empresa também se responsabiliza pelo pagamento de instituições de ensino especial. O pacote inclui ainda plano odontológico, com reembolso parcial das despesas, e programa de emergência psiquiátrica, que cobre totalmente o custo de 10 sessões mensais de psicoterapia. Dois médicos trabalham no prédio e acompanham o tratamento de saúde dos funcionários. Há, por fim, subsídio para a compra de óculos ou lentes de contato e reembolso de 75% a 90% das despesas de farmácia.

A empresa também possui um plano de previdência privada para todos os níveis - sem contribuição dos empregados. Gerentes e diretores podem escolher carros, respectivamente, de até 35 000 e 55 000 reais. Esses benefícios se refletem na disposição para o trabalho. Apesar de o horário de saída oficial ser às 5 e meia da tarde, dificilmente as pessoas saem antes das 7 da noite. A empresa não incentiva a extensão da jornada, mas também não a coíbe. "Contratamos adultos e não crianças que precisam ser mandadas para casa", afirma Rick Rarick, diretor de recursos humanos. Esse é o estilo Coca-Cola, onde todos trabalham com metas preestabelecidas, cujo cumprimento garante a participação nos resultados da companhia.

Valoriza-se (e recompensa-se) uma certa dose de sacrifício pessoal. O caso de Luiz