Cubismo: surgimento e objetivos
Por: Allan Van Den Broek • 6/7/2017 • Trabalho acadêmico • 901 Palavras (4 Páginas) • 973 Visualizações
INÍCIO DO SÉCULO XX
“O QUE DEVE UM PINTOR EXPERIMENTAR? POR QUE NÃO SE CONTENTAR EM POSTAR-SE ANTE A NATUREZA E EM PINTÁ-LA COM TODO O SEU TALENTO?
A resposta parece ser que a arte perdeu o rumo por que os artistas descobriram que a simples exigência de “pintar o que veem” é contraditório.
Isso talvez pareça um dos paradoxos com que os artistas e críticos modernos gostam de irritar um público atônito de longa data. Recordamos com o artista primitivo costumava compor, digamos, um rosto a partir de formas simples, em vez de copiar um rosto de verdade. Reportamo-nos também aos egípcios e seus métodos de representar uma pintura do que conheciam e não do que viam. As artes grega e romana insuflaram vida nessas formas esquemáticas; a arte medieval usou-as, por sua vez, para contar a história sagrada. Em nenhum desses casos o artista era solicitado a “pintar o que via”. Essa ideia só veio a surgir durante a Renascença.
As pinturas resultantes dessa teoria eram obras de arte muito fascinantes, mas isso não nos deve cegar para o fato de que a ideia em que se basearam era apenas uma meia-verdade. De então para cá, são cada vez mais amplos os conhecimentos que provam ser impossível separar com nitidez absoluta o que vemos daquilo que conhecemos.
Este impasse só poderia ser superado quando o exemplo de Cézanne se tornasse conhecido, como aconteceu após a sua morte em 1906, quando uma ampla exposição retrospectiva foi organizada em Paris.
Nenhum outro artista ficou mais impressionado por essa revelação do que um jovem pintor da Espanha, Pablo Picasso (1881 – 1973). Podemos imaginar que ele aprendeu com essas obras como é possível construir um rosto ou um objeto a partir de uns poucos elementos muito simples. Isso era um tanto diferente da simplificação da impressão visual que os artistas anteriores tinham praticado.
Não havia meios de evitar a ausência de relevo, de construir a imagem de objetos simples e de reter, no entanto, um sentido de solidez e profundidade? Foi esse problema que levou Picasso de volta Cézanne.
Picasso aprendeu com as obras de Cézanne que é possível construir um rosto ou um objeto a partir de uns poucos elementos muito simples. (p.46)
E em 1907, Picasso pintou Les demoiselles d'Avignon, vindo a se tornar uma das obras responsáveis por revolucionar a história da arte, formando a base para o cubismo.
Ele havia reduzido as formas da natureza a um padrão plano.
Em uma carta de Cézanne à um jovem pintor, aconselhara-o a observar a natureza em termos de esferas, cones e cilindros. Queria dizer com isso que deveria manter sempre em mente essas formas sólidas básicas quando organizasse as suas pinturas.
Picasso decidiu aceitar o conselho literalmente. Por que não ser coerente e aceitar o fato de que nosso objetivo real é construir algo, em vez de copiar algo?
Em seu quadro “violino e uvas” (imagem 374). Picasso representa um retorno ao que chamamos os princípios egípcios, em que um objeto era desenhado a partir do ângulo em que a sua forma característica se destacava com o máximo de clareza (p.61)
Apesar dessa aparente confusão de formas desconexas, o quadro não parece realmente desordenado.
Picasso nunca pretendeu que os métodos do cubismo pudessem substituir todos os outros modos de representação do mundo visível. Pelo contrário, estava sempre disposto a modificar seus métodos e a retomar às formas tradicionais de arte(p.26). Talvez seja difícil acreditar que estes quadros representam ambas uma cabeça humana, desenhadas pelo mesmo artista.
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