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Doença/Saúde e cultura: A teoria da illness, disease e sickness e a opção pela categoria nativa

Por:   •  4/7/2018  •  Ensaio  •  419 Palavras (2 Páginas)  •  240 Visualizações

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2.1 Doença/Saúde e cultura: a teoria da illness, disease e sickness e a

opção pela categoria nativa

Doenças e seus sintomas possuem diferentes significados em diferentes contextos. Existem valores culturais que influenciam como é vista, e a maneira que é tratada, uma doença em diferentes grupos sociais. Azize (2002, p.46) coloca que “a análise do quadro de estados considerados patológicos por um sistema médico qualquer pode lançar uma luz sobre as noções de normalidade e comportamento socialmente prescrito dentro de uma cultura”, ou melhor, não apenas a cultura diz muito sobre a noção de uma doença, como os diagnósticos dizem muito sobre a cultura de um povo.

Na cultura ocidental, numa posição privilegiada, se encontra a biomedicina baseada no cientificismo racionalista; e numa posição sem a mesma credibilidade está a medicina alternativa juntamente do conhecimento popular. Tal hierarquia dos saberes existe de forma bem demarcada e tem grande influência na crença que é socialmente aceita. Junto com o desenvolvimento da ciência, surge também uma confiança inquestionável na medicina e em qualquer informação divulgada por “especialistas”. “[...] podemos falar em um processo crescente de medicalização da vida cotidiana, dentro do qual a biomedicina espraia-se por novos campos, estabelece novas patologias, cria novos tratamentos”. (AZIZE, 2002, p.47)

Azize se utiliza de uma classificação que expressa os possíveis significados de doença no âmbito da saúde e cultura: disease, illness e sickness. Disease, ou enfermidade, seria os sintomas físicos diagnosticáveis, uma alteração biofísica identificada pela biomedicina.

Já illness, traduzida como doença, trata da realidade subjetiva, focando nos sentimentos do indivíduo, ou melhor, “atentando para a experiência e para o sentido atribuído a esta experiência”. (AZIZE, 2002, p.48).

Sickness ou mal-estar tem o peso dos efeitos sociais de uma doença, unindo todo o processo sociocultural da enfermidade e do indivíduo, fortemente ligado ao macrossocial; Young (1982) coloca como “o caminho percorrido por uma pessoa, do diagnóstico até resultados socialmente significativos”.

Laboratórios farmacêuticos e médicos fazem uso de diversos meios e espaços de comunicação (que vão dos meios de comunicação de massa ao momento das consultas médicas) para afirmar com frequência que tal sintoma é uma doença e deve ser tratado como tal. (AZIZE, 2002, p.50)

Por meio da naturalização das enfermidades, o mercado farmacêutico anuncia medicamentos como qualquer outro bem de consumo e os vendem, junto com a almejada qualidade de vida. Azize (2002, p.51) tem como objetivo “analisar o discurso biomédico como culturalmente construído”, que varia de acordo com os padrões de vida da determinada sociedade observada.

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