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LEITURA DA IMAGEM “A NEGRA” DE TARSILA DO AMARAL

Por:   •  15/8/2019  •  Abstract  •  958 Palavras (4 Páginas)  •  2.067 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA[pic 1]

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES - CCTA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS

LEITURA DA IMAGEM “A NEGRA” DE TARSILA DO AMARAL

JOÃO PESSOA

2019

RAIARA PAIVA MONTEIRO

LEITURA DA IMAGEM “A NEGRA” DE TARSILA DO AMARAL

Trabalho  apresentado como exigência para obtenção de nota na disciplina de História da Arte I, do curso de Artes Visuais, ministrado pela professora Sabrina Fernandes, através da  Universidade Federal da Paraíba.

JOÃO PESSOA

2019

.[pic 2]

Figura 1 A Negra - Tarsila do Amaral, 1923

Fonte:  Acesso em 10/07/2019

O trabalho em questão é referente à análise imagética da obra A Negra (1923), de Tarsila do Amaral, pintora brasileira, nascida em 1886, em São Paulo. Descobriu seu gosto pela arte muito cedo, realizando estudos de pintura, desenho livre e escultura. Em seus estudos foi à Paris, onde se familiarizou com o Cubismo[1] e, no atelier de Fernand Léger, pintou A Negra, que seria o quadro que garantiria à Tarsila um lugar pioneiro na pintura brasileira, bem como o marco de ser a primeira obra a retratar um corpo negro em lugar de tal destaque e influência.

Atualmente, a obra se encontra no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Ao analisar a imagem percebo que possui título adequado por ilustrar exatamente o que é visto na imagem. A pintura a óleo ilustra uma mulher negra sentada, com as pernas cruzadas, um seio à mostra, ombros curvados e um semblante triste. É um estudo cubista que retrata a presença e o sofrimento da mulher negra. Mulher de seios fartos que esteve presente na infância de Tarsila na figura das amas-secas e escravas de seu pai, que era um grande fazendeiro.

“A Negra”, a meu ver, retrata tristeza e melancolia, fatores comuns aos negros da época. As pernas cruzadas remetem a uma autoproteção necessária devido ao abuso sexual que as escravas costumavam sofrer pelos seus senhores.

A cena moderna parisiense influenciou diretamente na criação e estruturação da obra. A escolha de cores parece evocar o encontro do Brasil com a França, tendo as cores das duas bandeiras retratadas ao fundo. São usadas as cores vermelho, azul, verde, amarelo, laranja e marrom em diferentes tons e, também, preto e branco. Os tons rebaixados se encontram em linhas horizontais, no fundo, na parte superior; essa sensação mais fria vai de encontro ao verde, da folha de bananeira, que quebra esse padrão para tons em amarelo, trazendo a sensação de um ambiente mais tropical que abarca a Negra.

A tela tem influência direta do Cubismo, com elementos geométricos retos ao fundo e formas arredondadas na figura da mulher. Este contraste entre retas e curvas garante protagonismo ao corpo retratado, reforçando, também, o estilo da artista, com o tamanho da cabeça desproporcional ao corpo, representando o corpo de maneira não-real.

A escala da obra é de 100x80cm, um tamanho razoável. As dimensões vistas na internet são, normalmente, de cerca de 10x15cm, o tamanho de uma fotografia comum, o que dificulta a visualização de detalhes, reconhecimento de formas de pinceladas, etc.

Não tive a oportunidade de ver a pintura pessoalmente, conheci há poucos dias quando buscava uma obra da artista para elaborar este estudo, o que mais chamou minha atenção foi a representação de uma mulher negra com seus formatos desproporcionais. Outro fator importante é que a obra foi pintada por uma mulher brasileira. Artista de grande importância para o Modernismo no Brasil. Ao pesquisar sobre essa pintura pude fazer algumas analogias com os textos já estudado em sala de aula, “O manto da escuridão” do livro Carne e Pedra, do autor Richard Sennett.

Nesse texto, pude avaliar como mulheres e escravos eram tradados na Grécia antiga, corpos frios, sem voz, sem direitos. Comparando o texto com a pintura feita por Tarsila, é notório perceber que as relações não eram diferentes na época em que a obra foi elaborada. Visto que os escravos no Brasil também não tinham voz e eram tratados como mercadorias, sem poder de decisão sobre a própria vida.

Ao olhar para a expressão de tristeza retratada na pintura, logo pude correlacionar a dor das mulheres na Grécia, ao serem inutilizadas, vistas apenas como adornos para o seu lar, onde não podiam expressar seus sentimentos, tão pouco seus desejos.

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