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Por:   •  17/5/2014  •  7.848 Palavras (32 Páginas)  •  334 Visualizações

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Considerações sobre a organização do Projeto Educacional

na Creche Central da USP

Cristina Mara da Silva Corrêa e Delba Rejania Santos

Creche USP/SP

A partir da segunda metade do século XX, foi

preciso repensar o atendimento institucional às

crianças de 0 a 6 anos, em razão de alguns fatos,

tais como: a incorporação das mulheres de clas-

se média no mercado de trabalho, o crescimen-

to rápido e desordenado das grandes cidades e

a falta de espaço para brincadeiras de crianças

nesses grandes centros. No Brasil, após o regi-

me militar, o atendimento às crianças pequenas

é pensado como uma necessidade para crian-

ças carentes, numa atitude especialmente com-

pensatória. A partir dessa concepção, ganharam

incentivo do governo as entidades filantrópicas

que atendiam as crianças em regime basicamen-

te assistencialista.

Na década de 1970, as teorias de privação

cultural contribuíram para explicações sim-

plistas da marginalidade das camadas sociais

mais pobres, reforçando, assim, o caráter

assistencialista e compensatório das propos-

tas de atendimento às crianças pequenas,

oriundas de camadas sociais desfavorecidas.

Por causa desse contexto, as propostas de

trabalho, tanto para as crianças em creche,

como para as em pré-escolas públicas, cen-

travam-se basicamente nos cuidados higiêni-

cos e alimentares. Paralelamente a isso, hou-

ve alguma ampliação do atendimento pré-es-

colar privado não baseado nas mesmas con-

cepções daquelas orientadoras das institui-

ções públicas. Assim, as propostas de uma

educação voltada para a criatividade, a socia-

lização e o desenvolvimento infantil orienta-

vam quase que exclusivamente as condutas

para o atendimento das crianças de classes

sociais favorecidas. E eram propostas que se

pautavam por estudos e pesquisas da psicolo-

gia do desenvolvimento, bem como por novas

estratégias pedagógicas.

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Também, durante esse período, os movimen-

tos populares ganharam expressão como meca-

nismos de pressão política. Uma das reivindica-

ções presentes nesses movimentos referia-se à

creche como um direito do trabalhador. Foi nes-

se cenário que o movimento de luta por creches

ganhou força dentro da Universidade de São Pau-

lo, iniciado por um grupo de mães funcionárias.

Em 1982, foi inaugurada a primeira das quatro

creches existentes hoje na universidade. Desde

a sua criação, a creche teve como pressuposto o

trabalho centrado na criança e nas relações fa-

mília/creche, criança/criança, adultos/crianças.

Com o objetivo de promover o desenvolvi-

mento afetivo, físico e intelectual das crianças,

a creche da USP foi planejada como espaço de

interação e respeito à criança e à família, con-

siderando os direitos destas à atenção de qua-

lidade, que conjugava o cuidado e a Educação.

O espaço físico foi construído e organizado

para atender às necessidades das crianças, num

ambiente agradável e aconchegante. Outra ca-

racterística dessa creche sempre foi a hetero-

geneidade da população, com vagas destinadas

a funcionários, docentes e alunos da universi-

dade. Além disso, sempre foi função da creche

acolher investigações de pesquisa de alunos

matriculados nos cursos de graduação e pós-

graduação das diversas faculdades.

Um aspecto igualmente importante, desde

a implantação da primeira creche, foi a defesa

do livre acesso dos pais ao ambiente da insti-

tuição, o que se evidencia na proposta de aco-

lhimento/inserção

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