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Noite no paraíso

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Por:   •  17/11/2014  •  Tese  •  1.041 Palavras (5 Páginas)  •  214 Visualizações

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Uma noite no paraíso

Era uma vez dois grandes amigos que, de tanto que se queriam, haviam feito um juramento: quem casasse primeiro deveria chamar o outro para padrinho, mesmo que se encontrasse no fim do mundo.

Depois de algum tempo, um dos amigos morre. O outro, devendo casar, não sabia como fazer e pediu conselhos ao confessor.

— Negócio complicado — disse o pároco —,você deve manter a sua palavra. Convide-o mesmo estando morto.Vá até o túmulo e diga o que tem a dizer. Ele decidirá se vem ou não.

O jovem foi até o túmulo e disse:

— Amigo, chegou o momento, vem para ser meu padrinho!

Abriu-se a terra e pulou fora o amigo.

— Claro que vou, tenho que manter a promessa, pois se não a mantiver não sei quanto tempo terei que ficar no purgatório.

Vão para casa e depois à igreja para o matrimônio. A seguir veio o banquete de núpcias e o jovem morto começou a contar histórias de todo tipo, mas não dizia uma palavra sobre o que vira no outro mundo. O noivo não via a hora de lhe fazer umas perguntas, mas não tomava coragem. No final do banquete, o morto se levanta e diz:

— Amigo, já que lhe fiz este favor, você tem que me acompanhar um pouquinho.

— Claro, por que não? Porém, espere, só um momentinho, pois é a primeira noite com minha esposa…

— Certamente, como quiser!

O marido deu um beijo na mulher.

— Vou sair um instante e volto logo. — E saiu com o morto.

Falando de tudo um pouco, chegaram ao túmulo.Abraçaram-se.

O vivo pensou: "Se não lhe perguntar agora, não pergunto nunca mais", tomou coragem e lhe disse:

— Escute, queria lhe perguntar uma coisa, a você que está morto: do outro lado, como funciona?

— Não posso dizer nada — respondeu o morto. — Se quiser saber, venha você também ao Paraíso.

O túmulo se abriu, e o vivo seguiu o morto. E logo se encontravam no Paraíso. O morto o levou para ver um belo palácio de cristal com portas de ouro, cheio de anjos que tocavam e faziam dançar os beatos, e São Pedro, que tocava contrabaixo. O vivo estava de boca aberta e quem sabe quanto tempo teria ficado ali se não tivesse de ver todo o resto.

— Agora, vamos a outro lugar! — disse-lhe o morto, e o levou a um jardim onde as árvores, em vez de folhas, tinham pássaros de todas as cores que cantavam. — Vamos em frente, o que faz aí encantado? — E o levou a um prado onde os anjos dançavam, alegres e suaves como namorados.

— Agora vou levá-lo para ver uma estrela!

Não se cansaria nunca de admirar as estrelas; os rios, em vez de água, eram de vinho e a terra era de queijo.

De repente, caiu em si:

— Ouça, compadre, já faz algumas horas que estou aqui em cima.Tenho que voltar para minha esposa, que deve estar preocupada.

— Já está cansado?

— Cansado? Sim, se pudesse…

— E muito mais haveria para descobrir!

— Tenho certeza, mas é melhor eu voltar.

— Como preferir. — E o morto o acompanhou até o túmulo e depois sumiu.

O vivo saiu do túmulo e não reconhecia mais o cemitério. Estava todo cheio de monumentos, estátuas, árvores altas. Sai do cemitério e, no lugar daquelas casinhas de pedra meio improvisadas, vê grandes palácios e bondes, automóveis, aviões. "Onde é que vim parar? Terei errado o caminho?

Mas como está vestida esta gente!"

Pergunta a um velhinho:

— Cavalheiro, esta aldeia é…?

Sim, é esse o nome desta cidade.

— Bem, não sei por que, não consigo me situar. Saberia me dizer onde fica a casa daquele que se casou ontem?

— Ontem? Estranho, trabalho como sacristão e posso garantir que ontem ninguém se casou!

— Como? Eu me casei! — E lhe contou que acompanhara ao Paraíso um padrinho

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