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O corpo e a dança nos ENAEF’s

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Por:   •  10/3/2014  •  Pesquisas Acadêmicas  •  6.071 Palavras (25 Páginas)  •  282 Visualizações

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O corpo e a dança nos ENAEF’s

A pesquisa analisou os artigos sobre corpo e dança na Educação Física e na Arte encontrados nos quatro Encontros Nacionais de Arte e Educação Física (ENAEF) para atender ao seguinte objetivo: Identificar concepções de corpo e sua relação com o ensino da dança. A escolha desse tema para nosso dado empírico de pesquisa deve-se ainda ao nosso reconhecimento de que a dança vem sendo marginalizada nas aulas de Arte e de Educação Física escolar na Educação Básica. Nesse processo pudemos reconhecer a ausência desse conhecimento como prática pedagógica sistematizada no espaço escolar, bem como a não-apropriação do mesmo, por parte dos alunos na sua formação na Educação Básica.

Evidenciamos a importância desses encontros para o ensino de Arte e Educação Física uma vez que estes componentes curriculares são tidos como apêndices para as outras disciplinas na Educação Básica.

Estes encontros consolidaram os esforços do PAIDÉIA1 na abertura de debates para estudiosos, professores e estudantes das áreas citadas interessadas na discussão sobre as expressões do corpo como linguagem na Arte e na Educação Física.

O referencial metodológico evidenciado parte da análise de conteúdos (BARDIN, 2004) tendo como corpus de análise os artigos apresentados como comunicação oral de dança encontrados nos quatro Encontros Nacionais de Ensino de Arte e Educação Física realizados nos anos de 2004, 2005, 2006 e 2008 na cidade do Natal, município do Rio Grande do Norte, que gozam de reconhecimento da comunidade acadêmica e/ou dispõem de circulação significativa entre professores, estudantes e pesquisadores da Educação física/Arte.

Corpo e dança: fenômeno educacional

O corpo é o mais óbvio ponto de interseção entre a dança, a Arte e a Educação Física e ao mesmo tempo o mais misterioso. A importância do corpo hoje é refletida nas mais generalizadas e cotidianas discussões que circulam nas notícias midiáticas e em outros cenários científicos e filosóficos. Temas que focalizam o corpo nas questões sobre rendimento físico, performance, clonagem, plástica, moda, implante, envelhecimento, obesidade, e inúmeras outras, circulam nas manchetes do dia-a-dia entram nos discursos da área tecnológica, estética, ética, política, cultural, e não poderiam deixar de estar presentes nas pesquisas acadêmicas e fundamentalmente nos componentes curriculares de Arte e Educação Física.

Pensar o corpo somente como um amontoado de músculos ou como objeto de estudo e manipulação científica tem realmente causado certo incômodo e insatisfação em áreas de conhecimento como a Educação Física, por exemplo. Em contato com os estudos da Fenomenologia de Merleau-Ponty, percebemos o quanto se faz urgente reverter essa forma de se pensar o corpo. Este precisa ser entendido não só a partir de sua essência, mas também a partir de sua dimensão existencial. O movimento humano não é apenas funcional, mas acima de tudo sócio-cultural e histórico. O corpo é a nossa condição de existência; é através dele que nos fazemos presentes no mundo.

O corpo não é só uma soma de órgãos justapostos, e sim um sistema sinérgico nos quais todas as funções são retomadas. O corpo é a textura comum de todos os objetos e, em relação ao mundo percebido, o mundo geral da compreensão é o lugar e a própria atualidade do fenômeno da expressão, nele, as experiências sensoriais são impregnantes umas das outras (MERLEAU-PONTY, 1999).

O pensamento de Merleau-Ponty (1999) evidencia aspectos fundamentais para o entendimento do que é o corpo. Para o autor, o corpo é uma simultaneidade de sujeito e objeto existindo num espaço-tempo e servindo de referência central ao processo perceptivo. Essa simultaneidade destaca o aspecto fenomelógico do corpo, um corpo sensível e inteligível, datado e localizado espacialmente, que traduz a sensibilidade do ser e toda a memória do vivido. “Ser corpo [...] é estar atado a um certo mundo, e nosso corpo não está primeiramente no espaço: ele é no espaço” (MERLEAU-PONTY, 1999, 205).

Os discursos sobre o corpo encontrados nos artigos analisados2 dos quatro Encontros Nacionais de Artes e Educação Física do PAIDÉIA demonstram a forte tendência da dança, que é o encontro de corpos que dançam com outros corpos.

Em nossa análise encontramos concepções de corpo relacionado à tecnologia, ao ensino da dança, a história, ao corpo sujeito/objeto e corpo e estética. Outros artigos não apresentaram concepção de corpo apesar de mencionar a dança como ensino e aprendizagem.

No contexto dos artigos pesquisados o corpo se apresenta, na maioria das vezes, como corpo dançante transfigurando-se em vários corpos dançantes que faz e se desfaz a cada instante. O corpo dançante é um corpo singular, constituído pelo encontro de vários corpos.

Percebemos que a relação do corpo com a dança-tecnologia aborda corpos que rompem fronteiras, que dança estabelecendo relações com a tecnologia, e pode tanto limitar quanto possibilitar múltiplas relações com a virtualidade e com os processos tecnológicos que contribuem para esse dançar. Esse corpo que se apresenta ora real, ora virtual, dialoga com as novas tecnologias e possibilita observar modificações não só na própria arte, como também nas fronteiras que se estabelecem entre o ser humano e a máquina.

[...] a reconfiguração do corpo humano na sua fusão tecnológica e extensões biomaquínicas está criando a natureza híbrida de um organismo protético ciber que está instaurando uma nova forma de relação ou continuidade eletromagnética entre o ser humano e o espaço através das máquinas [...] (SANTAELLA, 2003, p. 272).

As tecnologias compreendidas como extensões do corpo permeiam a construção artística em grupos de dança que trabalham com a virtualidade. Pudemos observar nos textos que tratam dessa temática que é emblemática a tecnologia na construção das partituras coreográficas. As tecnologias são extensões do corpo dançante engendrando modificações nas coreografias e na relação bailarino e dança.

O corpo que dança dialoga com muitas possibilidades tecnológicas consideradas como forma de ampliar a maneira de comunicar-se com o público.

A tecnologia, de forma geral, permeia a vida das pessoas, como também as relações inter-pessoais, não estando ausente nas Artes e na Educação Física. A presença das tecnologias no universo da dança aparece de forma concreta possibilitando diversas possibilidades de criação na dança a partir do corpo real.

Esses processos tecnológicos na dança não é um dado recente se pensarmos na utilização

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