Resenha: Films directors team

Pedro Marques Batista 7551832

Produção I Prof. Luiz Dantas

The Film Director's Team

O livro é um tratado sobre o sistema de produção audiovisual nos Estados Unidos, delineando a dinâmica do processo industrial, jurídico e criativo de realização de filmes e séries de TV a partir da perspectiva do time do diretor, isto é, dos profissionais que não comumente ganham a admiração do público, mas cujo trabalho está diretamente relacionado ao sucesso de uma produção - o assistente de direção e o unit production manager.

Essa perspectiva é trazida através de uma tradição histórica do Studio System. A definição de funções e responsabilidades na produção de filmes não foi definida arbitrariamente, sendo fruto de um processo histórico que começou em linhas gerais com Thomas Ince nos anos 20. Tendo o estúdio como matriz da criação audiovisual, o Studio System foi então um método de controle sobre um grande número de projetos sob um mesmo nome. Embora fosse produtor do estúdio, Ince não poderia cuidar de cada projeto com o nível de atenção necessário. Por isso, ele designou a figura do line producer, uma espécie de "chefe dos chefes" em um projeto específico.

Havendo, porém, a dicotomia entre aspectos criativos e técnicos da produção - base da divisão do trabalho no sistema de produção norte-americano -, o line producer se tornou cada vez mais associado às considerações criativas (projetando o escopo do projeto e sendo uma voz ativa em como ele devia ser desenvolvido), tornando necessário um novo profissional: o unit production manager, responsável pela eficiência do projeto em relação aos custos.

A posição do assistente de direção também foi criada ao longo do processo de desenvolvimento da indústria cinematográfica como a de um ajudante do diretor - mas evoluiu, suas responsabilidades passando a estar mais ligadas à produção do que à direção no sentido de que eles "organizam" o set, tentando torná-lo eficiente quanto ao uso do tempo e dos recursos.

Ficou estabelecida uma organização na equipe de realização em que o diretor tinha uma relação horizontal com o produtor e vertical com o assistente de direção; e o produtor tinha uma relação vertical com o UPM, sendo que o assistente de direção e o UPM mantinham uma relação horizontal. Conforme as dinâmicas do set mudaram, porém, hoje o que temos é uma estrutura em que o assistente de direção é o canal entre o diretor, a equipe de produção, o elenco e a equipe de realização, sendo uma espécie de ponto de equilíbrio do projeto.

O UPM, por definição constada em documentos da Director's Guild of America, deve "coordenar, facilitar e supervisionar a preparação da produção". Especificamente, ele deve ser o agente coordenador do estabelecimento de contratos e do orçamento, assim como assegurar o transporte e a acomodação dos membros da equipe, supervisionando a busca por locações.

Ao assistente de direção, cabe, primariamente, organizar a pré-produção e coordenar elenco e equipe no set, facilitando um ritmo organizado de produção. Especificamente, ele deve preparar os cronogramas necessários, catalogar as mudanças no script e fazer as ordens do dia.

Onde a responsabilidade de um termina e começa a de outro pode não ser muito claro, especialmente no esquema antigo do studio system americano, em que os dois mantinham uma relação horizontal. Mas é possível compreender melhor o papel de cada um ao introduzirmos dois conceitos: o de valor de produção e o de linha divisória da folha de pagamento.

Valor de produção é um fator abstrato que faz parte de todo e qualquer projeto audiovisual. Diz respeito à combinação de tempo e dinheiro para gerar aquilo que as pessoas querem ver e ouvir em um filme. Compreende o escopo do projeto e como serão alocados os recursos. O livro abstrai uma equação para estimar o valor de produção a que se propõe um projeto:

Tempo + Dinheiro = Valor de Produção

Naturalmente, não é tão simples. Mas pode-se pensar que o valor de produção estabelecido por produtor, diretor e chefes de departamento implicam em certa quantidade de tempo e eficiência no seu uso, que é assegurada pelo assistente de direção; e na aplicação inteligente do dinheiro, que depende de um bom UPM.

A linha divisória na folha de pagamento diz respeito à distribuição dos salários em relação aos profissionais que vão ser empregados em uma produção. "Acima da linha" (literalmente, porque de fato há uma linha nas planilhas de personnel) estão os profissionais ligados à area criativa: diretor, roteirista, diretor de fotografia etc; abaixo da linha, está o pessoal ligado aos aspectos técnicos da produção: gaffers, microfonistas etc. Tanto o UPM quanto o assistente de direção orbitam essa linha, promovendo a estabilidade da equipe.

O livro passa então a descrever em detalhes os